Translate

domingo, 11 de agosto de 2013

"Enlatado de ideias" e cultura Fastfood

Uma noticia:
Um casal com 4 filhos compra o seu primeiro automóvel, um carro desportivo.

1 - "Carro desportivo" abre a porta a uma rede de ideias, tais como, dois lugares, duas portas, descapotável, grande potência e velocidade, corridas, baixa segurança, etc;
2 - "Primeiro" indica que não têm alternativa;
3 - "4 filhos" levanta questões: -"onde levam as crianças?, pais "desnaturados"..!, só pensam neles..!, A justiça devia tomar conta destes casos…" e assim sucessivamente.

Três "ideias enlatadas" que dão avaliações rápidas e decisões instantâneas. 
"Ideias enlatadas" são pacotes comprimidos em poucas palavras que trazem escondida uma lógica que se implanta e desenvolve assim que são usadas.
É esta metodologia que defende o antílope de ser comido pelo leopardo:



...um reflexo amarelo na folhagem
e ele foge sem querer saber de mais nada!
É A VANTAGEM!

Porém, tem o seu reverso, a DESVANTAGEM.



Este método pode apenas deixar ver o problema pelo buraco da fechadura, não o resolvendo, aumentando-o ou acrescentando outros.
No exemplo anterior, outras possibilidades existem, tais como, os filhos serem adultos, ser prenda de casamento para um deles, ser para vender e ganhar dinheiro, ser investimento numa antiguidade, ser para reparar como hobby,…

As ideias enlatadas, sendo pré cozinhadas, dão conclusões rápidas. Mas têm o mesmo problema de quem só sabe cozinhar com o supermercado à porta e diz que o peixe pescado directamente da água: - "É fresco demais, convém congelar primeiro…"

Quem só vive de "ideias enlatadas", quando não as tem precisa de um GUIA que lhe dê o "carril" para poder agir. Traduzido em linguagem "gentil ", quer dizer que precisa de obedecer a um líder forte.

O problema é que as "ideias enlatadas" 
perdem validade…… 
ATerra é plana
e, tal como os dinossáurios, lideres fortes também perdem validade…



Isto não significa que as ideias já estruturadas ("enlatadas") sejam negativas e não devam ser ensinadas na Escola.
A teoria pedagógica do "Bom Selvagem" é uma variante dos "fanatismos enlatados".  A sua essência é simples, as crianças são ensinadas apenas com métodos artesanais, por ex., toda a tecnologia actual é bloqueada, usando apenas tecnologia antiga para não os condicionar. Ou seja, estão a condicioná-los a serem atrasados, a fechá-los em séculos passados,  a regredir no desenvolvimento possível.

A hipótese se não fosse triste era divertida: "ensinar a fazer machados de pedra para evoluir naturalmente até aos 80 anos e então descobrir como se faz um avião".

O reverso também não é verdadeiro. Nem tudo que é moderno é bom, nem tudo que é antigo é mau. Em conclusão, tudo isto significa apenas: - "É preciso não perder a LUCIDEZ!!"

A escola deve ensinar "ideias enlatadas" (são fundamentais) assim como as novidades existentes, mas não se deve esquecer de mencionar o prazo de validade, de dar lucidez e flexibilidade para ciclicamente as reconfirmar e, fundamentalmente, ensinar a usar de modo lúcido-flexivel na sua relação com a realidade, fugindo da cultura FastFood (avaliar e decidir sem pensar) ou dos modelos de fanatismo (sem lucidez e sem flexibilidade):

Receber ideias enlatadas não significa ficar enlatado:
significa progredir a partir daí:

O problema não são as ideias, enlatadas ou não, o problema é o modo como foram aprendidas.



Sem comentários:

Enviar um comentário