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quarta-feira, 29 de julho de 2015

A vida e o jogo do Drama

Ver no fim um exemplo
de quem não se faz de Vítima à espera do Salvador
mas age e faz

O jogo Vítima-Perseguidor-Salvador

Desde pequeninos que o drama nos persegue, começando com as histórias infantis, até à velhice, com as campanhas políticas. Os dramas amorosos formatam as nossas paixões na dança do ciúme e as nossas aventuras arrumam-se em torno dos Robins dos Bosques, mais tarde infantilizados nos q'ridos lideres, salvadores dos infelizes. 

Por detrás de tudo isto, o drama é a energia "undercover" (disfarçada, mascarada) que estimula o dia-a-dia aborrecido da rotina. A razão é óbvia, o drama é um processo simples, rico de adrenalina, viciante e com "lucros" apreciáveis.

Segundo o Triângulo de Karpman, há três papéis, a vítima, o perseguidor e o salvador que, ao longo da história, se mantêm nesses papéis (caso Cinderela) ou, variando o suspense, trocam de papéis entre si (caso Robin dos Bosques).
Esta última alternativa possibilita uma história com ciclos sem fim (caso de séries, telenovelas e rotinas de ciúme doméstico) que garantem, ad infinitum, a continuidade da estimulação.
O esquema-base é:



Exemplos

√ - Se aplicado à Cinderela,
ela é a vítima perseguida pela madrasta e salva pela fada que, como acompanhamento (assortie), lhe oferece o marido. 

Na prática, ela não decide a sua vida, é salva por quem lha decide (Salvador) e lhe dá a felicidade feminina da época, isto é, [...casam e são muito felizes]. 

Deste modo, a história torna-se interessante porque contém dois triângulos de Karpman, um à superfície, dinâmico e atractivo, em que a Cinderela passa de infeliz a feliz pela acção do Salvador que inutiliza a perseguição. 

Todavia, noutro triângulo de Karpman, este escondido, estático e sem alteração, a Cinderela continua uma Vítima sem decidir a sua vida. Na verdade, o que se altera é a entidade a quem obedece pois passa do Perseguidor ("doméstica-a-dias") para o Salvador ("princesa-a-dias"). 
Se se reparar em nenhum momento da história ela é pessoa de livre vontade com opção de alternativas, apenas vive o dilema [...ou lavas o chão ou casas com o príncipe]. Como é inteligente casa com o príncipe... e o problema passa a ser dele.


√ - Se aplicado ao Robin dos Bosques,
apresenta rotação de papéis. A primeira etapa é a "luta em defesa dos oprimidos", isto é, o Robin dos Bosques (Salvador) defende a população (Vítima) extorquida pelo Xerife de Nottingham (Perseguidor):

Nas etapas seguintes, o drama evolui com uma troca de papéis. O Robin dos Bosques passa a Vítima,  encarcerado na prisão do Xerife de Nottingham, sendo liberto pela população (Salvador):


Por fim, em nova reviravolta de papéis, o Robin dos Bosques passa a Perseguidor tentando castigar o Xerife de Notthingham que, como Vítima que se preza, procurará salvar-se.



Sem Salvador a história terminará com ou sem castigo do Xerife de Nothtingham mas, nas séries e telenovelas, será essencial nova reviravolta nos papéis para que a saga possa continuar.
Um eventual Salvador poderá ser a sorte, novos protagonistas, etc, como, por exemplo, um inesperado aliado que, como Salvador, vai permitir que o Xerife continue a perseguir as novas Vítimas, agora a população com o Robin nela integrado.



√ - Se aplicado às campanhas políticas,
o drama surge quando o candidato (Salvador) mostra como os votantes (Vítimas) são prejudicados pelo partido adversário (Perseguidor) e como ele os salvará com as promessas que faz. A dinâmica das campanhas é centrada em provar, engrandecer e tornar credível o Salvador.

√ - Se aplicado ao ciúme,
aparece uma girândola de papéis a saltar por todos os lados, arrastando explosões afectivas. Os participantes oscilam entre vítima, perseguidor e salvador, mudando quase instantaneamente pressionados pelas mudanças dos outros.

Por exemplo, vamos imaginar (podendo ser o inverso) um marido que supõe que a mulher tem um amante.
Se percepcionar o amante como perseguidor da mulher, então, ela será a vítima e ele, marido, o seu salvador. Porém, se a mulher insinuar que o amante é o seu salvador, instantaneamente, ela passará a perseguidor e o marido será a vítima da história.
Com pena do marido, a mulher dirá que tudo é mentira passando a salvador do marido (agora vítima), e afirmando que o dito amante (perseguidor) na verdade o quer destruir.

Como se vê um jogo deste tipo tem imensas possibilidades de "enriquecer" a rotina da vida matrimonial com um dramazito de ciúmes.

√ - Se aplicado na sociedade
Por experiência pessoal, esta dinâmica de Karpman usada como "brincadeira social", tipo "jogo da verdade", é um jogo perigoso quer dentro do casamento, quer nas organizações, quer ainda em passatempos sociais. O problema é que com facilidade se transforma num verdadeiro Triângulo de Karpman que, depois de detonado, é impossível fazer desaparecer (undo).

Na verdade, "undo", não é desfazer, é "fazer-não-ter-existido", por exemplo, depois de acender um fósforo é impossível fazer "undo". Pode-se desfazer (apagá-lo), mas não se pode torná-lo ser fósforo outra vez. Se o refizer é outro e não o mesmo fósforo. Nas relações humanas nunca há "undo", pode-se perdoar, desculpar, compensar, etc, mas na memória existirá sempre o que aconteceu e aparecerá quando se precisar e/ou quando menos se espera.

Os jogos da verdade são simples. Num grupo (amigos, casais, conhecidos), sucessivamente, cada pessoa diz uma verdade acerca de outra pessoa, presente no grupo. Seja verdade ou mentira, se sentida como agressão (teaser), as "respostas" seguintes começam "devagarinho" num crescendo incontrolável de intensidade dos "teasers", impossíveis de fazer "undo" e/ou confirmar se é verdade ou mentira. Nesta fase já não há solução excepto fragmentar o grupo o mais rápido possível.


Três papéis

A vítima, o perseguidor e o salvador são um "casamento" feliz, pois para existirem precisam todos uns dos outros.


A Vítima quer ser "mandada" e obrigada a fazer o que faz porque o seu lema é "por causa deles". Precisa do Perseguidor para sofrer e do Salvador para recuperar, mas se eles não existissem a vida seria "aborrecida", pois teria que tomar decisões e ela foge dessa responsabilidade a "sete pés". 
Eles são necessários para poder ser Vítima sofredora e alimentar-se disso. O seu objectivo na vida é procurá-los, agarrá-los e mantê-los. Se um desaparece, não descansa até se "pendurar" noutro. Ser "emmerdeur" [...pobre de mim, ajudem-me...] é uma das características da Vítima.

O Perseguidor sente-se importante ao dominar um "inferior" e, como esse controlo é necessário, sente-se também um "herói". O seu mote é "se não fosse EU". Assim, precisa de uma Vítima impotente e incapaz, a precisar de obedecer. 
Porém, jogar sozinho não tem graça pelo que precisa de um adversário, de um Salvador da Vítima que lha tente tirar. Mas não quer um confronto directo, quer jogadas de influência e manipulação sobre a Vítima, quer derrotá-lo por lhe "roubar" a presa. Se o "triângulo" desaparecer tentará reconstruí-lo, com outra Vítima e/ou com outro Salvador. Sem esse jogo a vida não tem sentido.

O Salvador precisa de sentir que "só vive quando salva", é um tipo "porreiro" porque se cansa a auxiliar os outros. Porém, não quer ajudar (helper) pois assim o outro tomaria decisões e poderia ficar autónomo, quer salvar (rescuer) para que o outro não tome decisões, obedeça e dependa dele.
O Salvador toma todas as decisões, controla a vítima (o que ela agradece), opõe-se  ao Perseguidor, salva-a, e fica com a glória do sucesso. A Vítima é só uma "bola" a ser jogada entre os dois, ambos querendo controlar a vida dela. 

Em resumo, aparentemente, os três lutam entre si mas, realmente, querem tudo inalterado pois precisam uns dos outros para existir. O jogo não pode ser alterado, a única estratégia possível é acabar com ele.

Vítima 
Importante: Não confundir um aditismo de vítima com uma vítima-real, que pode coexistir na mesma pessoa.


Basicamente, recusa a responsabilidade de fazer parte da causa da situação, pois tudo é consequência do que lhe acontece, [...nunca fez nada para merecer nada...], por destino é "um coitado".
Tem direito à simpatia e ajuda e não tem o dever de decidir ou agir. Como metáfora, é um afogado que não agarra a bóia que lhe atiram porque têm o dever de o tirar da água.

Atrai e é atraída pelos seus complementos, Perseguidor e Salvador. Faz relatos contínuos, análises exaustivas e dissecações profundas da situação, adiando sempre qualquer decisão/acção "...vou pensar, ...talvez, ...se puder, ...quando der geito, ...depois decido,...". SIM e NÃO são palavras difíceis de pronunciar, prefere jogar com "Sim, sim, mas..." seguido de mais outra análise da situação, justificativa de nada fazer. É um jogo sem fim.

Quando a "pesca" de um Salvador ou Perseguidor sai errada, abandona e volta a "pescar" noutro lado.

Por momentos, pode com facilidade mudar de papel, por exemplo:

√ - Passagem da Vítima para Perseguidor do Salvador
Quando afirma depois da ajudar: "Isso não deu resultado, ...estou pior, ...não sei o que me anda a fazer..."

√ - Passagem da Vítima para Salvador do Perseguidor:
Quando consola depois da agredir: "...não faz mal, ...na próxima eu consigo, ...até estou muito melhor..."


Perseguidor 
Importante: Não confundir um aditismo de perseguidor com um perseguidor-real, que pode coexistir na mesma pessoa.

Basicamente, tem toda a legitimidade para o que faz, "...é tudo para o bem dele, ...eu sei o que faço, ..sou bom nisto, ...ele precisa ser ensinado". A sua segurança baseia-se em ser rígido e dogmático, fora disso fica perdido.
Numa metáfora, é aquele que, na estação do Metro, dá ordens às portas dos combóios para abrir, olha autoritário e afirma "...se não sou eu!!".

Autoritário, crítica e impõe, é perito em assédio moral "...então não sabe?, ...isso é modo de agir?, ...não tem vergonha?". Considera-se a única referência possível e um exemplo para todos, é superior e todos deviam imitá-lo. Não tem simpatias nem empatias, está acima das "crianças perdidas" que o rodeiam. Julga, decide, aplica, é feliz pois sem ele [...não há ordem...].
Procura Vítimas, cansa-se a "endireitá-las" mas [...nasceu para isso].

Por momentos, pode com facilidade mudar de papel, por exemplo:

Passagem do Perseguidor para Vítima: 
Quando diz depois de perseguir alguém: "...já não sei o que hei-de fazer, ...estou tão cansado, ...ninguém me ajuda..."

Passagem do Perseguidor para Salvador:
Quando consola no meio da perseguição: "...não resista, deixe-me ajudar, ...confie em mim, ...eu sou bom, só estou a ajudar..."


Salvador 
Importante: Não confundir um aditismo de Salvador com um Salvador-real, que pode coexistir na mesma pessoa.


Basicamente, é "um anjo na Terra", está cá para auxiliar os outros e fazer o Bem. É "porreiro" e superior, o seu lema é "fazer o bem sem olhar a quem". 
Numa metáfora, é aquele que ajuda a velhinha a atravessar a rua pelo meio do trânsito e a deixa do outro lado. Porém, ela só estava à porta de casa à espera que lha abrissem. 

Prestativo, sempre pronto para ajudar, em particular e de preferência, os estranhos. A família e amigos ficam para o fim. Precisa de chegar à noite com a sua dose de "boas acções"realizadas para poder dormir descansado. 

Por momentos, pode com facilidade mudar de papel, por exemplo:

Passagem do Salvador para Vítima:
Quando se lamenta depois de ajudar: "...a intenção era boa, ...estou tão triste, ... esforço-me e ninguém me compreende..."

Passagem do Salvador para Perseguidor:
Quando critica depois de ajudar: "...também não fez nada, ...não posso fazer tudo, ...eu bem avisei, ...não prestou atenção...é sempre assim..."


Para terminar

Um exemplo de quem não faz Drama a ser Vítima para procurar um Salvador que "lute" com o Perseguidor.
Simplesmente neste caso, ele, de forma autónoma, sonha, decide e faz.


O sonho de ser livre


sexta-feira, 3 de julho de 2015

Aventura de pensar e os sentidos


Jacob Barnett, com apenas dois anos de idade, foi diagnosticado com autismo e com um futuro sem possibilidade de ter uma vida normal na sociedade. Foi verdade mas a verdade foi outra.
A mãe, Kristine, recusou aceitar o veredicto e retirou-o do sistema especial padronizado, estimulou a criatividade e deixou a criança livre para escolher seus próprios assuntos de interesse.
Com 11 anos de idade entrou para a faculdade e estudou astrofísica e física teórica e realmente não tem uma vida normal pois faz conferências e será um possível candidato ao prémio Nobel.
Ver conferência em Ted.com


A sua história encantou-me e resolvi ler sobre ele e ver outra vez o vídeo. O "caroço" da sua posição é "pensar e criar" e não aprender. Dado o seu interesse em ler sobre astrofísica e aprofundar o seu conhecimento, pareceu-me que haveria aqui uma discrepância de conceitos entre palavras e significados. Na verdade, ele não queria aprender (learning) apesar disso gostava de saber mais (learning).

De qualquer modo, resolvi aceitar o seu conselho de deixar de aprender e apenas pensar. Como experiência, isolei-me só com um bloco de desenho para mapear (road map) as ideias que iriam salpicar (plop, splash) a minha cabeça enquanto "matutava" aleatoriamente sem destino e sem plano, com a técnica "preguiçosa" da divagação lógica.

Road Map obtido (cópia no fim)


À partida, duas ideias teimosamente ficaram em standby. Uma delas era a posição de Jacob de "não aprender e substituir por pensar" porém agora, para mim "colada" à sensação de que ele tinha razão. A outra foi a minha preocupação com o próximo post do blog "Varrer os bugs da Democracia" com o tema "os indecisos e o futuro". 

A primeira ideia que saltou, e que escrevi, foi a relação indecisos e poder que acabei por relacionar com  a alegria do Jacob com a sua aventura de saber e a tristeza dos indecisos sem saber o que fazer. Não vi qualquer relação entre as duas, mas a palavra experiencial foi escrita, titulando e unindo os dois aspectos.

Por arrastamento, surgiu-me a ideia de que experiência é a união de estimulações externas e estimulações internas e apareceu-me uma analogia. Nadar concentrado na estimulação interna de sentir a frescura da água acabará por bater com a cabeça numa rocha (estimulação externa) e nadar, preocupado com as rochas (externo) e não sentindo o cansaço (interno) pode não conseguir regressar por estar longe.

Nos dois casos não há integração das duas estimulações (interna e externa). Durante algum tempo fiquei aqui parado, em "transe", em standby. Será esta a questão de Jacob e dos indecisos?

Este road map estava a ficar confuso. Para piorar, ideias da cultura tântrica e ying-yang saltaram para o papel misturadas com Einstein.

Einstein diz que tudo é energia, com frequências e sincronismos. Na cosmologia tântrica o universo é visto como um processo contínuo de união entre energia (vista como princípio feminino) e consciência (vista como princípio masculino), união simbolizada na imagem ying yang equilibrados na sua mútua penetração-recepção, símbolo esse que desenhei:


A questão das frequências e do sincronismo arrastou-me para o sentido da visão e para o indivíduo daltónico que não vê certas frequências. Os cinco sentidos ficaram a dançar na minha cabeça e lembrou-me um vídeo onde se vê um bebé no útero já a mamar:


Entre os cinco sentidos, o bebé e as frequências sincrónicas surgiu a ideia de que a boca é um órgão importante nos primeiros tempos de vida até para conhecer o mundo, tacteando e saboreando o que agarra. Segundo alguns estudos, a boca é dos locais mais enervados e sensíveis do corpo humano e onde estão localizados dois sentidos (sabor e tacto) e integráveis com um terceiro (olfacto) pela sua proximidade.

Agora o caos era total, o meu road map nem para labirinto servia e não tinha lógica nenhuma.

Sem notar comecei a "sublinhar" as ideias 5 sentidos e boca e recordei um estudo que li há pouco tempo em que as primeiras experiências amorosas dos adolescentes às vezes duram horas e se limitam a beijar, acto que, quando adultos, muitas vezes desaparece dessas situações.

De repente, confirmando o conselho de Jacob Barnett, a criatividade nasceu e descobri que, na prática, um beijo amoroso é integração de estimulações externas e de estimulações internas, estas das sensações de 3 ou 4 sentidos (mais visão, se estiverem de olhos abertos) dos 5 sentidos existentes.
Ao mesmo tempo olhando para o símbolo Ying-Yang percebi que, na verdade, o beijo é igual à dinâmica Ying-Yang, pois há uma penetração-recepção permanente entre os participantes com suas estimulações externas e internas (sabor, tacto, olfacto).

Huau!!! Huau!!!
Parece que a chave que "liga" todo este conjunto está no experiencial, isto é, uma intensificação de estimulações externas e internas, estas quer com origem nos sentidos quer ainda de expectativas criadas por meditação, visualização, etc.

Acalmei e recordei que a estimulação externa do beijo é conhecida, mas pensei quão distraídos se anda por aí ao distribuir "beijinhos" como se fossem pipocas sem qualquer estimulação interna.
Se se pensar que no beijo ainda interferem trocas e perturbações eléctrico-magnéticas no córtex e químicas no organismo resultantes do contacto, as relações amorosas adolescentes centradas no beijo fazem todo o sentido, com sua activação de quatro sentidos.

Por outro lado, vulgarmente, na idade adulta por habituação, rotina, padrões, ...,  o beijo é tornado um fait divers social, um ritual sem importância nem significado e transformado em rotinas rápidas e dispensáveis. O amor adolescente com sua hiper-sensibilidade a estimulações externas e internas, bem diferente de excitações (na perspectiva tântrica), às vezes só reaparece na velhice... o que é pena e merece a pena questionar o que acontece na idade adulta.

Recordo-me ainda como é vulgar alguém (normalmente feminino) ao beijar carinhosamente um bebé, ouvir-se muitas vezes o seu comentário de "como cheira bem". Perfume ou não, isto só significa que o olfacto é usado e faz dele parte instintiva do beijar carinhoso.

O meu road map estava um caos mas ainda escrevi boring (aborrecidoe, nesse momento, percebi o que talvez Jacob Barnett tenha dito.

Conclusão

O aborrecido (boring) do aprender e da indecisão politica, pontos de arranque do presente post, aparecem pelo isolamento e separação entre a estimulação externa e a estimulação interna.

No caso de Jacob Barnett, a minha conclusão foi que o aprender na escola é uma situação de estimulações externas com a motivação (ou obrigação??) de mostrar aos outros que sabe e por isso sem estimulação interna é uma "chatice". Quando recebe aplausos por saber e passar nas provas (exame), se der motivação, mesmo assim não altera o facto de ter sido "chatice". 

Porém, aprender para ter o prazer de conhecer e descobrir mais do que gosta é  juntar estimulações externas e internas e criar alegria. Jacob demonstra-o bem no vídeo da sua conferência até porque, no seu final, ao propor que se esteja 24 horas a pensar num interesse pessoal pede para "don't learning about the field, be the field", ou seja, propõe que se una estimulações internas e externas.



Sobre os indecisos também parece que a sua indecisão na Democracia resultará de estimulações externas confusas, sem significado e/ou angustiantes que ficam sem estimulações internas a que se agreguem.
Como numa Democracia, os chamados "indecisos" sabem decidir pois sabem comprar automóveis, casas, alimentos, etc, o problema não é deles mas da informação fornecida e do método utilizado.

Quando as informações são confusas é saudável a indecisão surgir e, neste caso, ou se abstêm ou se entregam nas mãos de "Q'ridos lideres" ao estilo "Maria vai com as outras...".
Esta situação de informações confusas, a confusão do explicar talvez não seja defeito mas sim um acto intencional da estratégia para criação de dependência, usando o formato da publicidade negativa. Parafraseando Stephen Leacock, dir-se-á que é a publicidade "que bloqueia a inteligência humana o tempo suficiente para com isso ganhar dinheiro" mas, neste caso, ganhar votos e poder.

Jacob Barnett, com seus 12 anos, tem razão, pois entre o aprender formal feito só de estímulos externos e o pensar feito com estímulos internos e externos, parece não haver dúvida que a aventura de pensar é melhor e mais divertida do que a "chatice" de aprender... e aprende-se muito mais.


Road map utilizado