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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Escafandro, relações humanas e quântica



"The field is our only reality" (Einstein)

O Field é "energia in-formada"(formatada de dentro), aquilo a que
David Bohm (Prémio Nobel da Física) chama:
[...
in-formation, a message that actually "forms" the recipient...].


O ser humano é um ser de contexto, o escafandro é a prova disso, pois quando não temos contexto temos que o levar connosco, pois sem contexto… morremos.
Talvez seja de salientar que podemos morrer não só fisicamente mas também apenas psiquicamente se nos privarem de estimulação sensorial, como é "hábito" nos processos de tortura e/ou nos castigos.

Isto significa que a nossa relação "mais primeira" nas nossas hierarquias instrumentais é com "aquilo" que nos rodeia, ou seja, os nossos primeiros instrumentos de vida e desenvolvimento são os sentidos.
É através deles que o Field, a "Energia In-formada da Quântica" entra em nós, originando quer energia bio-eléctrica (emoções) quer energia in-formada (ideias).

Assim, afinal talvez os fenomenologistas  (Husserl, Heidegger, Merleau-Ponty, Sartre,????)  assim como os pedagogos experienciais (Kolb, Prieste ???) tenham razão, nós funcionamos em dois níveis em interacção e em doublebind (duplo vínculo): emoções-ideias.
Deste modo nos relacionamos com os outros, assim vivemos o amor, a amizade e o sexo.

Todavia por razões culturais, muitas vezes adoptamos os extremos como paradigmas, ficando polarizados apenas nas ideias ou apenas nas emoções.
Por exemplo no amor-sexo:

1. encontra-se o "amor-trovadoresco" que vive feliz no campo mítico das ideias platónicas, muito semelhante  a êxtases de adorações religiosas:


2. pelo contrário no outro extremo, encontra-se o "amor-excitação" que vive de transes sensoriais, muito semelhante a estimulações de espectáculos, tipo danças zoológicas no varão das discotecas:


Em ambos se esquece que, na verdade, a realidade do ser humano é um misto integrado e equilibrado do duplo vínculo de "emoções-ideias".

Por exemplo, estar fora de água vendo peixes num aquário gigante, 

Situação 1
 não é o mesmo que estar dentro de água:

Situação 2
PS - por exemplo o acto "instintivo" de empurrar, concretizado na situação 1, não acontece na situação 2.


Dentro de água, a primeira sensação que se perde é a sensação da gravidade pois o nosso corpo deixa de estar [...preso e puxado para baixo…]. As emoções ficam diferentes logo a nossa relação com os peixes muda de matriz, pois […mudando as emoções mudam as ideias…] e os comportamentos.




De modo semelhante,
quando um peixe voador salta fora de água a primeira sensação que tem é a gravidade a puxá-lo para baixo.

Seria interessante conversar com um e saber o que sente de diferente de quando está dentro de água.





Em síntese, a relação humana são dois vínculos em simultâneo, um das emoções para as ideias e outro das ideias para as emoções:

Todavia, existem duas anomalias "normais", em que numa se "vive dentro das emoções, isoladas e fechadas em relação às ideias" e na outra "vive-se dentro das ideias, isoladas e fechadas em relação às emoções",  em qualquer dos casos criando encontros e desencontros inesperados e desconcertantes:




Esta situação é vulgar em paradigmas com o pensamento abstracto em grande valorização e predomínio.

Parece que a potenciação humana passa por um pensar detonado nas emoções e a elas retornando e, talvez por isso, a Vison Quest das culturas tribais seja, na prática, uma workshop de desenvolvimento da excitabilidade da percepção sensorial, intensificando a relação "emoção-ideias" para descoberta de novas visões de si e do mundo.

Desde a antiguidade até aos dias de hoje, a exploração deste doublebind (duplo vínculo) "emoção-ideias", explorando a relação "bioenergia versus energia [in]formada", tem sido realizada por processos orgânicos (drogas) como a papoila (ópio), cacto peiote (mescalina), coca (cocaína), LSD, cogumelos mais de 200 espécies entre eles o teonanacatl, etc, que mediante alterações orgânicas fazem psicoestimulação e alterações sensoriais com "viagens" no mundo das ideias, abrindo mais as "portas da percepção" e criando um grande mercado, negócio e profissionais que vivem do mundo dos aditismos (drogados).

PS - É bom não esquecer que este mundo das drogas (e sua importância económica) é bastante vasto desde o ilegal comércio das "ilícitas" com a correspondente legalidade do seu combate e terapias até à legalidade do fabrico, venda e uso de fármacos, passando pelo fabrico, venda e uso de álcool e tabaco, engloba muitas organizações, técnicos, influências e dinheiro.

Porém, este processo de drogas para positiva/negativa estimulação da relação humana consigo próprio, com os outros e com o mundo, tem duas grandes vias, uma interna ou orgânica e outra externa ou física, qualquer delas com duas alternativas, por um lado alterar a bioenergia para criar novas ideias e por outro alterar ideias para criar nova bioenergia com maior (= excitação) ou menor (= apatia) intensidade.

O método é sempre intensificar as sensibilidades às percepções emocionais quer por estimulações orgânicas (ex., afrodisíacos) quer por estimulações físicas dos sensores (ex., óleo de coco ou azeite) ou ainda por estimulações mentais (ex., imagens, cantos, mantras).

Para terminar, e regressando ao início, ter-se-á:

1. escafandro como símbolo da nossa condição que é estarmos sempre mergulhados em contexto e necessariamente a ele ligado pelos sentidos;

2. quântica como expressão da nossa essência que é sermos um duplo vínculo de "emoção-ideias (bioenergia-energia [in]formada);

3. relação humana como sinal de existência que é (to plait, to interweave) entrançarmos com o outro e dar-lhe significado;

pelo que surge uma questão operacional significativa que é nas relações humanas:
[...não se deve funcionar com emoções e ideias separadas, isoladas e assépticas entre si, mas sim intimamente conectadas…], ou seja, o que se sente e pensa tem que estar em ressonância entre ambos.
Esta condição nem sempre é fácil de obter pois a relação humana é uma dança constante entre o undercover (a máscara) que o outro sempre tem, a aventura da curiosidade de o conhecer e o medo-prazer da consequência.

Segundo o shamane, não há solução… e segundo ele, a solução é [… abrir os olhos e saltar…] e para isso há duas alternativas no entrelaçar da emoção <==> ideia:

A -  […começar a sentir e depois pensar…], isto é, começar pelos sentidos, usá-los no máximo e depois tirar conclusões pensando sobre as emoções; ou

B - […começar a pensar e depois sentir…], isto é, começar pela informação, tirar conclusões e depois analisar quais as emoções que daí advêm;

Por outras palavras, é a velha questão de saber qual é primeiro: o ovo ou a galinha ?


Não quero dar resposta, pelo que prefiro colocar uma pergunta:

- "Na vivência amorosa, normalmente, a situação é dominada por:

A- estimulação - por ex. afrodisíacos;
B- ideias - por ex. poesia e/ou admirar passarinhos no jardim;
C- uma dinâmica constante entre os dois;

qual escolhe ?????


Ou preferindo uma questão mais prosaica:

- Se aparecesse um extraterrestre que alternativa  faria: "A", "B" ou "C"?

ASSIM, para ajudar a decisão, um pequeno video...

… sobre o primeiro contacto de uma tribo pré-histórica com um "extra-terrestre", mais conhecido no resto do mundo como um "homem-branco", pois...

... para aquela cultura, um homem com aquela cor esbranquiçada devia estar morto, mas estranhamente estava vivo, assim vivem uma relação humana de "desconhecido + curiosidade + medo-prazer" com um "morto-vivo" e o interessante é como farão o equilíbrio "emoções-ideias"???, isto é, como actuarão???


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