Ando encantado a viajar nas culturas tribais e quando regresso à civilização tecnológica ela nunca é igual ao que era quando parti, tornou-se diferente.
Dança tribal na discoteca |
Discoteca na tribo |
Das muitas diferenças existentes há uma que sobressai que é, na civilização tecnológica, sermos viciados em controlo o que não acontece na cultura tribal. Um consequência é perder-se o respeito pelo equilíbrio com tudo o que nos rodeia, quer seja com outros, quer com recursos e natureza.
Um tabu comum nas tribos é nunca caçar mais do que precisa, cuja infracção pode obrigar a rituais de purificação. Na civilização tecnológica não há limite para o que se precisa, o nome técnico para isso é enriquecer, objectivo que é intensamente ensinado e aprendido.
Porém, os próprios animais cumprem o ritual de contenção, pois todos sabem que "animais sem fome não atacam":
A antropóloga F. Goodman nos seus estudos sobre culturas tribais em vários locais do planeta reparou que o transe era uma situação vulgar na vida tribal. A criação de "EAC-Estados Alterados de Consciência" (ou transe), mesmo em regiões isoladas umas das outras, era uma prática semelhante quer por motivos religiosos, quer por razões de vivência pessoal, festas, participação, comunicação, etc.
Um tabu comum nas tribos é nunca caçar mais do que precisa, cuja infracção pode obrigar a rituais de purificação. Na civilização tecnológica não há limite para o que se precisa, o nome técnico para isso é enriquecer, objectivo que é intensamente ensinado e aprendido.
Porém, os próprios animais cumprem o ritual de contenção, pois todos sabem que "animais sem fome não atacam":
Segundo F. Waal a gasela foi-se embora sem problemas |
A antropóloga F. Goodman nos seus estudos sobre culturas tribais em vários locais do planeta reparou que o transe era uma situação vulgar na vida tribal. A criação de "EAC-Estados Alterados de Consciência" (ou transe), mesmo em regiões isoladas umas das outras, era uma prática semelhante quer por motivos religiosos, quer por razões de vivência pessoal, festas, participação, comunicação, etc.
As técnicas utilizadas são posturas (posições estáticas), danças (posições em movimento) com ou sem vibrações sonoras de sintonização (ritmos musicais), em que o tambor era o mais vulgar.
A auto-sintonia pelo canto (produção de vibrações sonoras) também é usada quer em actos religiosos, quer em participações festivas.
Em alguns locais os efeitos são potenciados com drogas químicas (cogumelos, fumos, etc).
Em alguns locais os efeitos são potenciados com drogas químicas (cogumelos, fumos, etc).
A PNL- Programação Neuro Linguística é hoje uma técnica muito usada desde a terapia às vendas e à persuasão.
A sua base é a conexão das emoções com o comportamento neuro muscular (postura e/ou movimento) em que um expressa e/ou influencia o outro. Noutras palavras, o corpo na sua posição e/ou movimento afecta o sistema nervoso, emocionando, excitando, acalmando, em resumo, alterando.
Se a influência PSICOsomática existe, também a influência SOMApsiquica é real.
Apesar deste Princípio ser hoje uma novidade chamada PNL, todavia, ele já existe desde a pré-História, com os chamados rituais de transe ou, mais recentemente, com a antiga YOGA e suas Posturas, ou até com o próprio Kamma Sutra e suas sugestões para sexo.
[ver Jean Clottes,The Shamans of Prehistory: Trance and Magic in the Painted Caves]
Apesar deste Princípio ser hoje uma novidade chamada PNL, todavia, ele já existe desde a pré-História, com os chamados rituais de transe ou, mais recentemente, com a antiga YOGA e suas Posturas, ou até com o próprio Kamma Sutra e suas sugestões para sexo.
[ver Jean Clottes,The Shamans of Prehistory: Trance and Magic in the Painted Caves]
A nível do sistema nervoso parece que há posições corporais inatas (posturas) embebidas no organismo, uma espécie de "ossatura neural que escora um estado de espírito" detonável quando se entra na postura, pois activam-se neuro-circuitos impressos pré-instalados e em standby, detonando estados não habituais de consciência.
São a base da Yoga, das técnicas de meditação e de religião, dos rituais de EAC (Estados Alterados de Consciência) e do próprio sexo, pois o orgasmo é um EAC obtido por estimulação de um circuito nervoso instalado e em standby.
A base destas técnicas é considerar o corpo humano como uma antena:
Na verdade o corpo humano é um instrumento capaz de ter vários designs (posturas) alterando disposições esqueléticas, relações espaciais orgânicas, pressões e relaxações internas, estiramentos e bloqueios, etc. Numa palavra, alterando "ossaturas neurais" e, por efeito somapsíquico, originar consequências psicosomáticas distintas.
O corpo é uma antena Automórfica [Autos (próprio)+morphe(forma)]:
Antenas: "ossaturas metálicas" que condicionam as recepções e sintonias de ondas electromagnéticas |
Na verdade o corpo humano é um instrumento capaz de ter vários designs (posturas) alterando disposições esqueléticas, relações espaciais orgânicas, pressões e relaxações internas, estiramentos e bloqueios, etc. Numa palavra, alterando "ossaturas neurais" e, por efeito somapsíquico, originar consequências psicosomáticas distintas.
O corpo é uma antena Automórfica [Autos (próprio)+morphe(forma)]:
Corpo: "ossatura neural" que condiciona recepções e
sintonias de "estados de espírito" (ondas electromagnéticas?)
|
Uma experiência a fazer com base em posturas estáticas:
Falar com um cônjuge ou um amigo(a) íntimo(a) ou um filho adolescente, sobre um tema de implicação emotiva pessoal, utilizando cada uma das seguintes posições, mas ficando ele de pé:
Em cada uma delas, analisar o estado de espírito resultante na conversa e identificar as diferenças. Como variáveis psicológicas afectáveis (pró ou contra) para diferenciar, verificar as dominâncias de comunhão, acolhimento, subserviência, adoração e diálogo.
A base da leitura corporal e da indução emocional é que a postura e o estado de espírito estão interdependentes influenciando-se mutuamente e que todos o sabem fazer, todos o usam e todos o entendem:
Qual é a emoção das duas posições e qual é o homem? e a mulher? |
Qual é o mais deprimido ??? Encontrar 3/4 razões |
Na prática todos existimos num determinado EC (Estado de Consciência), um específico equilíbrio corpo-emoção que nos relaciona com as vivências que vivemos e que pela comunicação recebemos e provocamos nos outros.
Às vezes alteramos esse EC habitual e passamos a um EAC- Estado Alterado de Consciência, que em função de intensidades e formatos diferentes se pode aproximar mais ou menos de transe de características existenciais e/ou religiosas [...no sentido de religare: religar a…, segundo Lactâncio e St. Agostinho, sec III e IV].
Todavia, há um EAC habitual que é a garantia da manutenção da espécie, refiro-me ao EAC orgasmo com a alteração energética do sistema neuro muscular mediante estimulações nervosas, muitas vezes associado a outros tipos de EAC's provocados por álcool, tabaco, drogas, adrenalina, etc.
As suas variantes são muitas, desde influências Psicosomáticas a Somapsíquicas, oscilando entre uma focagem corporal com a "ginástica sexual ocidental" até à focagem espiritual com a "imobilidade tântrica oriental" e podendo oscilar entre poucos segundos até horas.
A chamada "relação sexual amorosa" ocidental vive algures entre esses dois extremos.
Na linha de Marian Woodman (da perspectiva Jung) quando diz que [...espírito sem matéria é intocável e matéria sem espírito é inerte, pois cada um vive através do outro…] pode-se encontrar a filosofia de posturas sexuais antigas, kama Sutra e outras, quando dizem que
[…o orgasmo é um transe feito de corpo-espírito-outro,
em que se pensa o Ego sentindo o Corpo,
se pensa o Corpo sentindo o Ego e
tudo isso através do Outro…],
a ser assim, a violação é uma aberração de um EAC instalado geneticamente no nosso sistema nervoso e os dois modelos extremos atrás citados (ginástica ou imobilidade sexual) se extremados, também, perdem a dinâmica desta trilogia.
Se se considerar que o corpo humano é o mesmo, a conclusão de que as emoções criam posturas e as posturas criam emoções através de circuitos neurais pré-instalados e pré-impressos no corpo humano, arrasta a hipótese de existir nas culturas tribais algumas técnicas de como fazer, quer para uso pessoal quer para rezar aos deuses.
Parece que a evolução civilizacional caminhou de um raciocínio focalizado no estilo Hemisfério Direito (intuitivo, inovativo, emocional) focalizado na forma, cor, música, simbolismo para o estilo Hemisfério Esquerdo (lógico, racional, analítico) centrado no tempo fragmentado, texto, causa-consequência, especialização, detalhe.
Deste modo, os detonadores naturais de raciocínio passaram da emoção (sentidos) para a lógica (raciocínio). A pergunta deixou de ser -"O que sinto ?" para ser -"O que penso?".
Possivelmente, hoje, detonar EAC's através de "circuitos neurais impressos" pré-existentes, precisa de um trabalho conjunto do estilo Hemisfério Esquerdo e Direito.
Deste modo, os detonadores naturais de raciocínio passaram da emoção (sentidos) para a lógica (raciocínio). A pergunta deixou de ser -"O que sinto ?" para ser -"O que penso?".
Possivelmente, hoje, detonar EAC's através de "circuitos neurais impressos" pré-existentes, precisa de um trabalho conjunto do estilo Hemisfério Esquerdo e Direito.
Segundo a psicóloga V.F. Emerson o transe religioso a ser detonado por posturas (ex. a posição de rezar) precisa da instalação prévia de um sistema de crenças (missionação) a completar o estado de espírito favorecido pela postura. Como é óbvio uma contra-crença instalada bloqueia o estado de espirito a ser favorecido.
A antropóloga F. Goodman recolheu algumas posturas de culturas tribais e depois, em Santa Fé, Novo México, facilitou diversos grupos a fazerem com elas algumas experiências de criação, ou não, de estados de espirito correspondentes.
Considerando a não existência de conotações religiosas, o sistema de crenças não era necessário pelo que foi apenas uma espécie de exercício de "ginástica" yoga, em que cada participante tomava a posição correspondente procurando ficar cómodo, não tenso e vivê-la com "sorriso interior".
De qualquer modo, na cultura local cada figura tinha uma determinada significância e o interessante é que os resultados emocionais e de estados-de-espirito obtidos pelos grupos foram sintónicos com os da cultura tribal, confirmando as hipóteses de partida em que a experiência se baseou.
Como exemplo (e talvez(??) experimentar) eis algumas posturas de "Yoga" tribal, e algumas instruções a partir de recolhas orais na cultura de origem:
Estatueta de tribos da America do Sul e Central, de 200 AC a 200 DC, apesar de semelhante a posições dinâmicas de estiramento de posturas embebidas no sistema neuro muscular (ver imagens a seguir), a intenção é uma posição de repouso para "limpeza" e recuperação de "dores psicológicas".
Detalhes da priemira:
pés paralelos e à largura da bacia, mãos apoiadas no pescoço sem criar tensão, cotovelos virados para a frente, olhar em frente com olhos fechados,
detalhe fundamental: boca aberta para emitir um som [...Ahhhh…] durante a postura em que a tonalidade varia por escolha pessoal de sintonia com o estado de espírito.
Esta técnica de "catarsis por grito" é usada em terapias modernas.
Estiramentos (bebés, adultos e animais) por imprints pré-instalados no sistema neural-muscular |
Esta postura é uma postura base de […ser paciente…] ou […faz pergunta e espera, espera, espera…]
Fez-me lembrar uma certa cultura tradicional africana quando, perante uma pergunta complexa, se obtém uma resposta amigável de -"Ainda…!", significando -"Vou pensar, depois respondo".
Afasta-se da cultura tecnológica do Hemisfério esquerdo, pressionada pelo relógio e perseguindo controlos de causa-consequência, e aproxima-se da cultura do Hemisfério direito centrada na intuição e no tempo necessário para maturar e pensar respostas, ao estilo do agricultor que semeia e espera o crescimento.
Detalhes da primeira:
Apoiar ligeiramente o calcanhar direito para a pressão ser na planta do pé, pôr a planta do pé esquerdo junto ao tornozelo do pé direito, boca aberta com os lábios apoiados na mão, mão esquerda com dedos ligeiramente abertos apoiada levemente no joelho esquerdo, cotovelo esquerdo fixo e afastado do corpo,
detalhe importante: olhos fixos em frente com a pergunta bailando no espírito e esperar, esperar, esperar... que a intuição funcione.
Na cultura tribal é a postura ideal para quem quer mergulhar no que quer entender ... e confiar na espera (isto é, no trabalho da intuição).
Estatueta da zona de Santa Cruz, Mexico, 1000 AC a 900 AC.
Lendo a descrição, a imagem que construí foi uma Fenix renascendo das cinzas.
Na prática é uma postura de mudança, de metamorfose, de transformação pessoal, eventualmente simbolizada na possível gravidez que é sempre uma transformação em curso.
Toda a dinâmica da postura se encaminha para um agitação quase descontrolada, como que "surfando" em múltiplas possibilidades, com energia de mudança, sem medo de avançar e não querendo voltar atrás.
Parece ser semelhante a uma limpeza psicológica e existencial de saída da droga ou da violência doméstica, não por catarsis mas por metamorfose.
Detalhes da primeira:
joelhos afastados, sentar nos pés ou no chão entre eles, braços junto ao corpo, mãos no lado de fora dos joelhos neles apoiados de dedos abertos, cabeça levemente para a frente e para trás tão longe quanto possível apoiada no pescoço, olhos fechados,
detalhe importante: boca aberta com o lábio inferior estendido para a frente tão longe quanto possível.
Para a terminar:
À semelhança dos imprints da discoteca também os imprints das posturas tribais precisam de contexto a nível corporal e a nível sistema nervoso.
Como é óbvio, os EAC desejados para a discoteca são diferentes dos referenciados aqui para as posturas tribais, portanto os contextos não são os mesmos.
A nível corporal um espaço tempo resguardado e calmo é fundamental e um período de respiração controlada e completa é aconselhável. A nível sistema nervoso a música apropriada é um bom apoio, se bem que existem algumas aconselhadas, se for uma música calma, melódica e do vosso agrado pode ser um bom ponto de partida.
Um conselho muito aconselhado: assim que se acaba faça-se um registo de tudo que se lembra, seja ou não significativo. Mais tarde a conclusão pode ser outra.
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