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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Sexologia, neurociência e política

Todos nós nascemos de um EAC
 (Estado Alterado de Consciência
dos nossos pais, chamado orgasmo.

Toda a espécie humana começa e depende de um simples EAC que por vezes só dura alguns segundos, mas que existe há milhões de anos e perdura.
É um tema interessante e tem sido pivot em todos os desenvolvimentos, regressões e mutações da História.

Resolvi fazer turismo na sexologia, quer na Geografia quer na História. Muitas questões se levantaram e poucas respostas se afirmaram.

Passeei desde tribos até civilizações antigas do Mediterrâneo Oriental (Sumérios, Micénicos, Minóicos, Egípcios, Gregos,…), incluindo Extremo Oriente (India, China, Japão,…), e algumas semelhanças e diferenças surgiram. Entrei por culturas, legislações, negócios, tabus, bruxarias, hábitos, mitos e religiões,… o sexo tudo invadiu e em todos o lado surge, se impõe e controla.

Existe longe e está à nossa porta...

e nos animais também… com uma diferença fundamental.

Nos animais o sexo existe para reprodução e continuação da espécie. A situação é clara, são controlados pelo CIO que "legisla" quando há e quando não há sexo.

A prostituição é um negócio dos mais antigos, mas ele só é possível porque os humanos não estão condicionados pelo cio, porque para os humanos o sexo não tem época. 
Os humanos têm sexo com ou sem cio, doutro modo o negócio da prostituição não poderia funcionar.

A questão que se coloca é se a falta desse controlo feito pelo cio é um defeito genético ou uma vantagem a ser potenciada…, isto é, se é um erro dos deuses ou se é uma melhoria por eles introduzida.

Na História, quando os humanos estipulam que o sexo é apenas para reprodução surgem duas alternativas lógicas.
Uma é estarem a emendar as "asneiras no plano dos deuses", o que me parece ser uma arrogância abusiva quando um simples mortal pretende corrigir planos divinos. 
A outra alternativa é estarem a "animalizar o sexo humano" pois estão a impor o modelo dos animais "sexo só com cio, só na época fértil", portanto fazendo uma regressão ilegítima da intenção inserida no plano original.

Se se recusar estas duas alternativas, aparece a questão fundamental, que é…:

- "Sexo para quê, além da reprodução??"

Na maior parte das civilizações antigas, sexo e religião estavam intimamente conectados, "…era um modo de comunicarem com os deuses…" e quando esse contacto alcançava o "falar com os deuses" (rezar??) aparecia o poder de "…criar vida…", nasciam crianças como oferta divina [vide sacerdotes e sacerdotisas da linha sexual em várias religiões].

Em algumas culturas ditas primitivas, sexo sem "hetaera" (do grego hetaira, literalmente "companhia") era impensável, a violação era um crime contra os deuses, o sexo era sagrado.

Em culturas antigas não existia prostituição do modelo "ginástica sexual", mas em contrapartida existia o que, nos conceitos actuais, se poderia chamar prostituição de "companhia sexual", pois a relação pessoal era dominante e não se resumia a uma mera massagem física. Neste sentido na antiga Grécia existia uma classe de cortesãs intensamente cultas, as chamadas hetaeras.


No campo político e na sua relação com o sexo, vários exemplos desse integração se podem encontrar,

…por exemplo, na Monarquia.

O direito de alguém ser Rei é originado na prévia legalidade do sexo que deu nascimento a esse alguém. Se o sexo dos pais não tem legalidade passa de alguém a ninguém (nobody).

Quer dizer que o sexo do Rei com a cozinheira não origina filho com direito ao trono e o sexo da Rainha com o moço da estrebaria também não origina futuros reis. Realmente a bastardia é uma doença endémica da Monarquia e não existem vacinas.

Isto quer dizer que na Monarquia a mulher do Rei faz parte do sistema político, ela é o garante da continuidade desse poder político. Neste sistema, o sexo real é um desempenho político importante, pois sem ele não é possível manter a linha monárquica.

Esta é uma diferença fundamental para a República, pois neste sistema o sexo não tem função política. O cônjuge republicano só tem uma função marital em relação ao ocupante do cargo político, a República é assexuada, quando não o é... são só complexos monárquicos não resolvidos, infiltrados no sistema.

Na verdade na República, o Presidente da República não tem esposa, ela não faz parte do sistema político, ela não é necessária para o operacionalidade do sistema, pois a continuidade política não depende do "dever conjugal", ao contrário do que sucede na monarquia. Na Republica quem tem esposa é o cidadão que ocupa a função e não o funcionário político.

O Duque de Lisboa tinha esposa (a Duquesa de Lisboa), todavia o Presidente da Camara Municipal de Lisboa não tem esposa, pois ela não é a Presidenta da CML. O mesmo sucede com qualquer cargo político, desde o 1º Ministro aos Presidentes de Junta.

Nas Repúblicas o sexo não faz parte do sistema político, mas nas Monarquias o sexo é um factor fundamental a considerar e muitas guerras foram nele originadas com questões de sucessão.

Regressando à pergunta inicial, qual será a outra função do sexo além da procriação, e porque motivo, nos humanos, ele está liberto das condicionantes limitativas do cio?

Esquecendo o factor religioso comum em algumas religiões, a pesquisa pode ser dirigida apenas ao...


... factor individual.

Das pesquisas feitas, este aspecto surge-me como fulcral.
O interessante é que ele está intimamente conectado com diversas actividades do nosso quotidiano desde simples passeios até picos de alta performance no desporto, passando por situações de relação interpessoal em que "…o tempo pára…".

Nas diversas análises, descrições e métodos ele aparece com vários nomes, mas "zona" é um dos mais significativos no mundo desportivo:

"...when happen it's like to be in a zone or to be the zone…"

ou seja, parafraseando M. Murphy e Rhea White seria um EAC desportivo a que chamam Estado de Percepção Alterada, um "flow state" no qual picos existenciais de energia e consciência fazem o tempo ficar vagaroso, o contexto  desaparecer e o indivíduo metamorfosear-se na situação:

[…eu deixo de correr, eu sou a corrida…], diz o atleta olímpico;
[…deixo de escalar, eu sou a montanha…], diz o alpinista;
[…eu deixo de lutar, eu sou a luta…], diz o boxeur;
[…o sexo desaparece e cada um É OS DOIS…], dizem religiões antigas e saberes tribais.


Alguns filmes tentam mostrar o que é a "zone" no desporto (atletismo, alpinismo, basebal, golf, box…) normalmente através de 3 das suas 12 características. 
Como exemplo,

--> tudo se move devagar;
--> a energia flui de forma implosiva;
--> o mundo desaparece com a intenção concentrada;

clickar aqui, "The legend of Bagger Vance" (1 minuto)


Segundo o alpinista e skiador Patrick Vallençant:

[… quando me concentro o mundo desaparece… eu faço parte de tudo… 
tudo fica intenso, fico com uma compreensão para além do normal, 
… toda a beleza da montanha está dentro de mim e do meu sangue…]


Colette Richard
uma alpinista cega que, só com uma pequena percepção de luz, pesquisa montanhas e faz espeologia aperfeiçoando seus EAC's. Na prática usa a "zone", como nos relatos de artes marcais onde archeiros cegos acertam em alvos.

Sem visão, ela vê a imensidão das alturas e dos abismos físicos e espirituais, pois como diz […coragem é ter medo e ser o único a sabê-lo…]. 
Desce à gruta de Carvas, passa lá a noite, dorme sozinha… [ouvindo o silêncio vivo, sentindo a montanha, pois silêncio não é vazio, silêncio é vida e complemento da palavra...]

Será que a falta de CIO nos humanos é apenas para possibilitar EAC's e abrir novos mundos no mundo ??? ...que convêm aprofundar e desenvolver ???

Será que o EAC sexual é apenas uma porta para manter o ser humano no caminho de consciências alteradas em direcção a outras realidades, como era o axioma de religiões antigas que conectavam sexo e religião ??? Será que ele é tão fundamental que é ele que origina vida ?? Como pode ser relegado para a função de apenas garantir a espécie ou ser apenas uma  diversão QB (Quanto Basta) para alegrar o quotidiano??

Encontrei centenas de exemplos de EAC's (zone's) em performances físicas, quer nas culturas ocidentais, quer orientais ou tribais, no presente e no passado.

Como exemplo, o lumg-gom-pa.

Alexandra David-Neel no seu livro "Magic and Mystery in Tibet" fala neste EAC a nível de endurance e velocidade conseguida por mensageiros que corriam em transe centenas de milhas:

[É preciso compreender que o lumg-gom-pa não se baseia em treinar e fortalecer os músculos, mas sim em desenvolver estados psíquicos que tornam possível estas extraordinárias marchas.

…de face impassível e calma, olhos bem abertos de olhar fixo num ponto distante algures no céu, parecem não correr mas elevar-se do solo por pequenos pulos com a elasticidade de uma bola, repercutindo cada vez que o pé toca no chão. Os passos têm a regularidade de um pêndulo.]

Se compararmos esta descrição de um lumg-gom-pa com uma corrida normal, é estarmos a comparar energia gerida por uma consciência normal com energia gerida por um estado alterado de consciência (EAC).

Se usarmos esta comparação como analogia para actividades sexuais, as conclusões podem tornar-se muito interessantes.

EAC's são sempre manipulações de energia com alterações de consciência, algumas vezes apenas com scripts embutidos geneticamente como o andar, respirar, pensar, procriar, outras vezes com aperfeiçoamentos introduzidos por destrezas socio-culturais adquiridas.

Simplesmente, estas destrezas socio-culturais podem ser de progressão ou regressão,  e no caso dos EAC's sexuais talvez a diferença se torne óbvia.

Quando na sociedade o sexo é reduzido a procriação ou diversão QB, o factor consciência relacional vai desaparecendo e fica apenas o factor energético a vigorar. Assim, não é de admirar que existam duas variantes regressivas activas e muito conhecidas, a violação com o seu aspecto legal de Dever Conjugal e a pornografia com o seu aspecto primário de Ginástica Sexual.

Se se pensar que os EAC's sexuais se activam na puberdade e, na actual cultura, o seu método de desenvolvimento é o mesmo do que é usado para andar e correr…isto é, "desenrasquem-se" por entre os mitos, tabus e regras à solta por aí, não é difícil compreender as variantes negativas e com bugs existente neste EAC.

Quando oiço dizer que antigamente não havia educação sexual nas escolas… isso é mentira. Todos éramos educados pelos colegas nos corredores. 
Dizer que hoje existe educação sexual nas escolas, talvez sim, talvez não. É preciso não se confundir informar/instruir (fazer cognição) com educar/formar (fazer emoção), como exemplo, [… num lado instrói-se que a droga é mau, noutro lado educa-se que a droga é bom…].

De acordo com o modelo "sexo como um EAC activado", isto é, como um conjunto de manipulação energética e consciência, o polo consciência é o factor imprescindível para entrada num nível diferente de vivência da qual o orgasmo é o nível imediato de energia explosiva.
Simplesmente, de acordo com algumas teorias orientais (ying-yang, prana, ki,..) e ocidentais (por ex, Viktor Shauberger) existe também o seu complemento, a energia implosiva, com causas e consequências diferentes. 

No plano humano podem encontrar-se manifestações das duas, na unidade corpo-espirito do estado Mu do zen (e artes marciais) com o sua energia ki (Japão), ou ch'i (China) ou Prana (India), que alguns autores ocidentais chamam intrínsecas para a diferenciar da energia muscular. Porém, o seu objectivo base é alcançar o estado "zone" ou "one mind"com o todo que nos envolve.

No respeitante ao sexo, e

como conclusão,...

o centro do EAC sexual não é uma gestão energética ou imaginativa de modelos sexuais, mas sim de "consciência activa de companhia (hetaera)", isto é, a "consciência de criar um Nós, no qual os Eu's se dissolvem", potenciando a energia explosiva e implosiva existente que não são musculares mas intrínsecas produzidas por EAC's.

Se se fizerem introspecções de orgasmos (vide William Reich) em cada um de nós o EAC acontece sempre, mesmo que durante milésimos ou décimos de segundo ou minutos/horas, localizados ou generalizados, intra ou intra-extra corporal.

Em casos de violência por violação ou ginástica muscular ele é apenas um instante de décimos de segundo, micro localizado e do tipo "switch off" (liga-desliga, começa-acaba), isto é, não perdura numa "zone" alargada e contaminante durante algum tempo.


Para terminar, considerando os vários campos que este tema "invadiu", este turismo pela sexologia abriu-me uma autêntica "Caixa de Pandora" que não consigo esgotar nem fechar, pois neste momento a bibliografia já encontrada tem 2.335 livros e cuja quantidade cresce de dia para dia.
Para conseguir caminhar, o meu projecto terá que ser...

… ler e estudar por dia pelo menos 2 livros e conseguir que as 24 horas do dia não incluam a noite...

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