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sábado, 13 de agosto de 2016

Negócio bancário, fazer omeletes e devolver os ovos


[Publicado também em"Varrer os bugs da Democracia" 
com o nome "Diferença entre a Democracia e a Banca"]

O massmedia tem imensas notícias sobre Portugal e a UE, mas a palavra empréstimos salta por todos os lados. Resolvi tentar perceber o que é um empréstimo no negócio bancário e qual é a igualdade e diferença deste negócio com o negócio mercearia.

A igualdade parece estar na essência do negócio. "O produto compra-se barato e vende-se caro", quer sejam bens, quer sejam serviços no Banco e na Mercearia.
No caso dos serviços o preço da compra é o salário pago a quem faz a actividade e a venda é o preço-hora dessa actividade pago pelo cliente, quer seja entregar batatas em casa do cliente ou comprar acções.

Porém a diferença do Banco com a Mercearia torna-se nítida no produto empréstimos.
Na verdade, na mercearia cada saco de batatas só é VENDIDO UMA VEZ e não é retornado. No Banco cada depósito pode ser vendido MUITAS VEZES porque depois de utilizado tem que ser devolvido em bom estado e pode ser vendido outra vez [aqui não se chama vender, chama-se fazer empréstimos e o pagamento da venda chama-se pagar juros de empréstimo].

Sempre que um Banco vende um empréstimo feito com dinheiro depositado que ele compra de 0% a 1,5% [aqui não se chama comprar depósitos, chama-se juros de depósito] e vende de 10% a 35% [aqui chama-se receber juros de empréstimo] realiza o negócio bancário de forma semelhante à mercearia.
A fase seguinte é que é diferente. O dinheiro de empréstimo tem que ser devolvido em bom estado para ser vendido (emprestado) outra vez, o que não acontece na mercearia pois o cliente depois de utilizar não devolve o produto.

Numa analogia, o banco faz e consome as "omeletes" (os juros dos empréstimos) que faz com os "ovos" ( os depósitos) que depois torna a devolver ao depositante.

Uhau… fiquei contente e esclarecido… é uma espécie de rent-a-car, isto é, aluga-se um carro, o carro é devolvido e aluga-se outra vez. Mas pensando melhor, não é bem o mesmo,… há diferenças significativas.

Num Banco, e principalmente na Rede Bancária, é possivel emprestar outra vez o mesmo dinheiro sem ele precisar ser devolvido desde que seja depositado por outro cliente (ou pelo mesmo noutra conta ou com intenção diferente). 
Esta hipótese não pode acontecer no rent-a-car pois o carro não pode tornar a ser alugado antes de ser devolvido.
Pode parecer confuso mas o processo é simples [vide video]. Este processo é o truque base do negócio bancário tornando possível que com 10.000€ se façam 90.000€ de empréstimos a render juros de 20% (18.000€) a 30% (27.000€) [vide video].

Uhau... isto está cada vez mais interessante, gostava de saber quem foi o inventor.

A grande vantagem da Rede Bancária" (séc. XX e XXI) é que possibilita uma grande compressão do tempo de vender dividas (passa de meses/anos a horas/dias) e multiplica as "rodovias de circulação" do dinheiro.
Realmente, o Banco foi inventado há séculos mas, agora, com a "Rede Bancária" o tempo foi comprimido e as "omeletes" são feitas rapidamente com os mesmos "ovos".

Definindo "Rede Bancária", ela é um conjunto de entidades autónomas (Bancos) que, em autogestão, funcionam por liderança integrada na circulação do dinheiro. 
Quando o dinheiro lhes chega (depósitos) o truque é vender dívidas, (empréstimos) recebendo juros e devolvendo o dinheiro à circulação, esperando (e acreditando) que outro Banco da Rede (parceiro no negócio e não competidor) o receberá e o devolverá à Rede.

Na prática, quanto mais empréstimos mais probalidades de receber depósitos, pois os empréstimos são para comprar e quem vende porá o dinheiro nalgum Banco da Rede para o irá emprestar outra vez. Até parece um enredo simplista de um filme do Walt Disney.

Os raciocínios são interessantes, simples e fáceis... é só "seguir o dinheiro" e fazer algumas contas com um Excel [vide video].

Fiquei a pensar … o exemplo é feito com 10.000€, mas na UE circulam milhões, ou seja, comparando com os mesmos números, com 10 milhões em dinheiro vendem-se dívidas de 90 milhões a pagar juros de 18 milhões??? O que se faz aos 18 milhões??? Torna-se a emprestar ??? Segundo o Excel os valores vão para o dobro, mais ou menos.

Fiquei com enxaquecas e fui-me deitar.

Junto apresento um video com duas partes. 
A primeira, fala de "Um banco" (5m), a segunda da "Rede Bancária"(6m).




Revisitando o video, o conceito de compressão do tempo de empréstimos é interessante. 
Tradicionalmente, um Banco para emprestar segunda vez o mesmo dinheiro é preciso esperar que seja pago o que pode levar meses ou anos. Todavia, talvez, não seja preciso, há um truque.
Um exemplo:

- às 10:00 horas o Banco A faz o empréstimo do dinheiro  xyz.000€;
- às 10:15 horas com o empréstimo xyz.000€ compra-se um carro;
- às 10:30 horas o vendedor deposita xyz.000€ no Banco B;
- às 11:00 horas o Banco B faz o empréstimo do mesmo dinheiro xyz.000€;

numa hora duplicaram-se as dívidas e os juros com o mesmo dinheiro, retirando os 10% de retenção obrigatórios

Apesar de isto poder acontecer só com o Banco A em que comprador e vendedor são ambos seus cliente, porém, na Rede Bancária as probabilidades desta circulação aumentam.

Como conclusão,
para isto acontecer é fundamental que os Bancos funcionem entre si num "governo integrado" baseado em "liderança integrada" e não numa "competição desintegrada" traduzida em des-governo. 
Esta condição exige:

- a nível dos inputs: saber que PARTILHA se fazer de que recursos?
- a nível do througtputs: saber que COLABORAÇÃO fazer em que actividades?
- a nível dos outputs: saber que COOPERAÇÃO integrar de que resultados?

Uma pergunta final:

Na Democracia, as organizações democráticas funcionam autonomamente em liderança integrada?

Se não funcionam… ∑@%!!!®¥GRRR!!!… que "raizopartiça" de competição desenfreada e des-governo Democrático é este????


PS- Nesta pesquisa tive grande ajuda do "Anjo da Biblioteca"…!!!
["Anjo da Biblioteca" é uma imagem de Arthur Koestler quando, sem qualquer lógica e ao acaso, informações lógicas nos "caem no colo"]


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