Para encher um saco só é preciso despejar lá para dentro, se for à força entra ou rompe.Para encher de conhecimentos não é despejar e se for à força não entra nem rompe, mata o aprender.
Aprender é um processo automático em auto-controlo como a digestão e também pode ser influenciado. Como qualquer influência tem que ser consentida pelo próprio.
Há influências bem intencionadas mas que só produzem asneiras. Ter boa intenção, e fazer o melhor que sabe, não significa perícia. A incompetência não desaparece com a boa vontade.
Pensar com SIM's ou com NÃO's
A resposta é óbvia…está em Madrid.
- "O meu primo não está em Madrid. Onde é que está?"
A resposta agora não é óbvia, há milhões de locais onde pode estar.
Pensar com NÃO's é excluir e abrir possibilidades (bom para criatividade), pensar com SIM's é incluir e fechar possibilidades (bom para operacionalidade).
Quem é educado com uma sucessão de SIM's e sempre proibido de "passear" pelos excluídos, ficará um "robot" bem formatado, com grande assertividade e grande capacidade decisória dentro da programação absorvida e digerida.
Não esperem grandes "voos", nem mesmo pequeninos, é uma espécie nova nos seres viventes, semelhante a uma águia depenada nas asas sem poder voar (a "doença" da pedagogia Directiva) .
Quem é educado com uma sucessão de NÃO's, sem nunca ter SIM's, ficará um robot de espécie diferente. É perito em andar por todo o lado sem nunca conseguir decidir. Formatado na decisão ser sempre outra, "algures fora do não"…torna-se um não-capaz por excelência.
Tem grande assertividade "em recusar", em colocar objecções, em dizer NÂO. Dizer SIM é que é o problema.
Também não esperem nem grandes, nem pequenos "voos". É outra espécie, águia de asas caídas e, igualmente, sem poder voar ("doença" da Pedagogia não-Directiva).
Neste último caso, é educado "democraticamente" sem formatações, apenas com uma sucessão de negativas, pelo que aprende a viver de anti-objectivos, do tipo "não acidentes". O problema é sair com objectivos PRÓ da confusão em que vive. Ou seja, sabe do que tem que fugir, mas não sabe do que tem que se aproximar.
Como exemplo, são as propostas políticas de "anti-fascismo, anti desemprego, anti-crise…" que, por muito válidas que sejam, trazem a incógnita de para onde se vai… "foge-se do crocodilo e cai-se nos braços do jacaré".
A ditadura dos "falsos NÃO's" (aqueles que dizem NÃO para ser SIM)
- "António, não te sentes no chão".
O António já aprendeu e senta-se em cima da mesa.
- "António, não te sentes em cima da mesa".
O António já aprendeu e senta-se em cima do piano.
- "António, não te sentes em cima do piano".
O António já aprendeu e senta-se em cima da avó.
……….. etc
Se assim continuar, o que recebe são licenças para fazer tudo excepto o proibido e o que se pretende nunca é claro, deste modo as escolhas só têm como limite a imaginação. .
Se o habitual é ouvir "NÃO's", quando não dizem nada é porque não repararam ou se confirmam é porque autorizam. Autonomia e independência são realidades existentes no horizonte longínquo e que quando se aproxima afastam-se.
A formação adquirida é de que "sou incapaz, preciso de confirmação, sou inseguro a decidir".
A palmada é um "NÃO" com companhia
O João tem 3 anos, foi á praia com a mãe e claro entrou dentro de água.
A mãe ficou em pânico, correu, tirou-o de lá e no meio de - "... é perigoso...não quero...podes morrer...sai daí...." levou uma palmada.O "ser perigoso e poder morrer" foi confuso de entender, mas a mãe não querer e dar-lhe uma palmada foi claro: NÃO PODE IR PARA DENTRO DE ÁGUA.
A situação agora, além da dinâmica inerente ao pensar com "NÃO's", trás um reforço pela negativa, "se não fazes sofres".
A fuga ao sofrimento é um instinto básico e automático, sempre de alta prioridade, pelo que esta "companhia" faz mudar as prioridades dos problemas. Agora ir para dentro de água deixou de ser O PROBLEMA, pois o principal passou a ser "não levar a palmada".
Como se referiu atrás, para objectivos pela negativa só a imaginação é limite para a sua solução. Neste caso, o mais imediato é:
- "Se ela não estiver a olhar, posso ir para dentro de água".
A mãe distrai-se, o João entra na água, a mãe corre e conclui: - " O meu filho é estúpido !" e bate-lhe outra vez.
O João que não é estúpido conclui: -"Esta não resultou, tenho que esperar que ela se vá embora!"
Realmente há estupidez no ar,...mas não é do João.
Mais tarde, esta sequência vai ser usada em diversos situações do tipo "não fumar, não drogas, não aqueles amigos, não cabular, não aquele namoro…", e sempre o problema detonador muda de campo passando a secundário e o principal passa a ser "se não fazes sofres", pelo que muitas soluções são inventadas, cada vez mais requintadas e eficazes, até "ganhar a guerra".
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