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sábado, 13 de julho de 2013

Cangurus, Bebés e "palmada de leite"


O novo ser quando nasce precisa sempre de algum tempo para se adaptar ao exterior e ter condições de autonomia na sobrevivência. Pode ir de alguns minutos/horas até dias/meses/anos. Todas as espécies criam condições e recursos para isso ser possível.

No caso dos cangurus, depois do nascimento, a cria entra "autonomamente" na bolsa abdominal na mãe, onde existem glândulas mamárias, e onde fica durante alguns meses até se "governar" sobrevivendo sozinho cá fora.

Nos humanos, o recém nascido é mais depende e incapaz de autonomia durante mais tempo. No dizer de alguns sócio-pedagogos "nascem imaturos", precisam de um útero social para acabar a gestação.

O canguru precisa de um útero bio-exterior, ligado à mãe.
O ser humano precisa de um útero sócio-exterior, ligado ao grupo.


Mesmo nos animais não-humanos, há espécies onde a programação social faz parte da sua operacionalidade pois caçam em grupo: lobos, leões, hienas, ou comem juntos: cavalos, vacas, macacos, enquanto outros apesar de actuar solitários (tigres, águias, tubarões) mantêm uma certa "paz" social com os da mesma espécie quando se encontram.

O ser humano é a única espécie que mata (outra espécie ou a mesma) à distância e escondido do opositor, pois mesmo a cobra cuspideira  quando o faz (2 metros??) é na próximidade e à vista do outro.

Segundo os teóricos, sobre a pré-História (3,5 milhões de anos) podem-se tirar conclusões a partir dos primeiros objectos encontrados, por exemplo,

instrumentos de sílex com função de facas, lanças, machados foram permitir libertar a motricidade da mão e desenvolver o córtex. A luta pela sobrevivência entre a colecta de frutos e a caça é o motor da sociedade humana.

No período Clatonense, os instrumentos são cada vez mais afiados, a luta e a caça são dominantes na espécie humana. Nasce o poder como um primeiro sintoma "natural" do progresso civilizacional.





MAS, pensando no canguru e nos bebés, pode haver uma outra pré-História. 



Talvez, outros objectos tenham também existido, feitos de materiais deterioráveis que não duraram até hoje, e que podem basear outra teoria.
O primeiro sintoma civilizacional pode não ter sido a luta e o poder, mas sim o apoio e a partilha

Na verdade, o bebé antes de lutar e caçar precisa de comer e beber e não o pode fazer sozinho. Os "outros" precisam de o ajudar e para isso necessitam de instrumentos de partilha: recipientes/tigelas.



Temos assim, duas rotas culturais e civilizacionais: luta/poder versus apoio/partilha, e consoante a sua opção pode surgir uma educação cultural de moral e ética de autoridade sobre os outros ou de cooperação com eles. Em resumo:


Destas duas "rotas" civilizacionais em que ponto do caminho é que as dominâncias se definiram ??? Possivelmente, nunca teremos a resposta, mas o que se sabe é que elas ainda hoje se entrechocam:

- Países: política de Guerra ou política de Paz ?
- Partidos: Ganhar o Poder ou Cooperar nos Problemas ?
- Empresas: Autoridade-Obediência ou Participação-Colaboração ?
- Escolas: Pedagogia Directiva ou Eco-Pedagogia ?

- Famílias: Educando com, ou sem "palmada de leite" ?

Algumas perguntas interessantes aos que já foram pais:

-  Quando é que passaram a fronteira do "Apoio-partilha" para  "Luta-poder ? 

-  Que idade tinham os filhos quando levaram a primeira "palmada de leite" ?  Logo ao nascer para chorar ?
                (PS- nunca vi uma cadela morder a cria quando nasce para ela ganir !!!)

- Quando surgiu a primeira "palmada de leite" (física/psicológica)? 3 Meses?  6 meses? 1 ano?

"Palmada de leite" é o nome diplomata nos primeiros meses/anos de idade para a "palmada pedagógica" .
"Palmada pedagógica" é o nome diplomata na infância e pré-adolescência para o "estalo educativo".
"Estalo educativo" é o nome diplomata na adolescência para o "castigo corrector" .
"Castigo corrector" é o nome diplomata na violência doméstica para lutar-dominar.







Nesta linha cultural há um livro que me "deliciou", essencial para as mulheres e necessário para os homens, que aconselho a não perder, escrito por um chefe de cirurgia laparoscópica (ou minimalista) do Centro Médico de S.Francisco e que entrou pelo campo da antropologia sociológica.

The Alphabet versus the Goddess
(The conflit between Word and Image)

Leonard Shlain

Ed. Viking, Penguin Group, 460 pag.

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