[Publicado também em"Varrer os bugs da Democracia"
com o nome "Diferença entre a Democracia e a Banca"]
O massmedia tem imensas notícias sobre Portugal e a UE, mas a palavra empréstimos salta por todos os lados. Resolvi tentar perceber o que é um empréstimo no negócio bancário e qual é a igualdade e diferença deste negócio com o negócio mercearia.
A igualdade parece estar na essência do negócio. "O produto compra-se barato e vende-se caro", quer sejam bens, quer sejam serviços no Banco e na Mercearia.
No caso dos serviços o preço da compra é o salário pago a quem faz a actividade e a venda é o preço-hora dessa actividade pago pelo cliente, quer seja entregar batatas em casa do cliente ou comprar acções.
Porém a diferença do Banco com a Mercearia torna-se nítida no produto empréstimos.
Na verdade, na mercearia cada saco de batatas só é VENDIDO UMA VEZ e não é retornado. No Banco cada depósito pode ser vendido MUITAS VEZES porque depois de utilizado tem que ser devolvido em bom estado e pode ser vendido outra vez [aqui não se chama vender, chama-se fazer empréstimos e o pagamento da venda chama-se pagar juros de empréstimo].
Na verdade, na mercearia cada saco de batatas só é VENDIDO UMA VEZ e não é retornado. No Banco cada depósito pode ser vendido MUITAS VEZES porque depois de utilizado tem que ser devolvido em bom estado e pode ser vendido outra vez [aqui não se chama vender, chama-se fazer empréstimos e o pagamento da venda chama-se pagar juros de empréstimo].
Sempre que um Banco vende um empréstimo feito com dinheiro depositado que ele compra de 0% a 1,5% [aqui não se chama comprar depósitos, chama-se juros de depósito] e vende de 10% a 35% [aqui chama-se receber juros de empréstimo] realiza o negócio bancário de forma semelhante à mercearia.
A fase seguinte é que é diferente. O dinheiro de empréstimo tem que ser devolvido em bom estado para ser vendido (emprestado) outra vez, o que não acontece na mercearia pois o cliente depois de utilizar não devolve o produto.
Numa analogia, o banco faz e consome as "omeletes" (os juros dos empréstimos) que faz com os "ovos" ( os depósitos) que depois torna a devolver ao depositante.
Uhau… fiquei contente e esclarecido… é uma espécie de rent-a-car, isto é, aluga-se um carro, o carro é devolvido e aluga-se outra vez. Mas pensando melhor, não é bem o mesmo,… há diferenças significativas.
Num Banco, e principalmente na Rede Bancária, é possivel emprestar outra vez o mesmo dinheiro sem ele precisar ser devolvido desde que seja depositado por outro cliente (ou pelo mesmo noutra conta ou com intenção diferente).
Esta hipótese não pode acontecer no rent-a-car pois o carro não pode tornar a ser alugado antes de ser devolvido.
Pode parecer confuso mas o processo é simples [vide video]. Este processo é o truque base do negócio bancário tornando possível que com 10.000€ se façam 90.000€ de empréstimos a render juros de 20% (18.000€) a 30% (27.000€) [vide video].
Uhau... isto está cada vez mais interessante, gostava de saber quem foi o inventor.
A grande vantagem da Rede Bancária" (séc. XX e XXI) é que possibilita uma grande compressão do tempo de vender dividas (passa de meses/anos a horas/dias) e multiplica as "rodovias de circulação" do dinheiro.
Realmente, o Banco foi inventado há séculos mas, agora, com a "Rede Bancária" o tempo foi comprimido e as "omeletes" são feitas rapidamente com os mesmos "ovos".
Definindo "Rede Bancária", ela é um conjunto de entidades autónomas (Bancos) que, em autogestão, funcionam por liderança integrada na circulação do dinheiro.
Quando o dinheiro lhes chega (depósitos) o truque é vender dívidas, (empréstimos) recebendo juros e devolvendo o dinheiro à circulação, esperando (e acreditando) que outro Banco da Rede (parceiro no negócio e não competidor) o receberá e o devolverá à Rede.
Na prática, quanto mais empréstimos mais probalidades de receber depósitos, pois os empréstimos são para comprar e quem vende porá o dinheiro nalgum Banco da Rede para o irá emprestar outra vez. Até parece um enredo simplista de um filme do Walt Disney.
Na prática, quanto mais empréstimos mais probalidades de receber depósitos, pois os empréstimos são para comprar e quem vende porá o dinheiro nalgum Banco da Rede para o irá emprestar outra vez. Até parece um enredo simplista de um filme do Walt Disney.
Os raciocínios são interessantes, simples e fáceis... é só "seguir o dinheiro" e fazer algumas contas com um Excel [vide video].
Fiquei a pensar … o exemplo é feito com 10.000€, mas na UE circulam milhões, ou seja, comparando com os mesmos números, com 10 milhões em dinheiro vendem-se dívidas de 90 milhões a pagar juros de 18 milhões??? O que se faz aos 18 milhões??? Torna-se a emprestar ??? Segundo o Excel os valores vão para o dobro, mais ou menos.
Fiquei com enxaquecas e fui-me deitar.
Junto apresento um video com duas partes.
A primeira, fala de "Um banco" (5m), a segunda da "Rede Bancária"(6m).
Revisitando o video, o conceito de compressão do tempo de empréstimos é interessante.
Tradicionalmente, um Banco para emprestar segunda vez o mesmo dinheiro é preciso esperar que seja pago o que pode levar meses ou anos. Todavia, talvez, não seja preciso, há um truque.
Um exemplo:
- às 10:00 horas o Banco A faz o empréstimo do dinheiro xyz.000€;
- às 10:15 horas com o empréstimo xyz.000€ compra-se um carro;
- às 10:30 horas o vendedor deposita xyz.000€ no Banco B;
- às 11:00 horas o Banco B faz o empréstimo do mesmo dinheiro xyz.000€;
numa hora duplicaram-se as dívidas e os juros com o mesmo dinheiro, retirando os 10% de retenção obrigatórios
Apesar de isto poder acontecer só com o Banco A em que comprador e vendedor são ambos seus cliente, porém, na Rede Bancária as probabilidades desta circulação aumentam.
Como conclusão,
para isto acontecer é fundamental que os Bancos funcionem entre si num "governo integrado" baseado em "liderança integrada" e não numa "competição desintegrada" traduzida em des-governo.
Esta condição exige:
- a nível dos inputs: saber que PARTILHA se fazer de que recursos?
- a nível do througtputs: saber que COLABORAÇÃO fazer em que actividades?
- a nível dos outputs: saber que COOPERAÇÃO integrar de que resultados?
Uma pergunta final:
Na Democracia, as organizações democráticas funcionam autonomamente em liderança integrada?
Se não funcionam… ∑@%!!!®¥GRRR!!!… que "raizopartiça" de competição desenfreada e des-governo Democrático é este????
PS- Nesta pesquisa tive grande ajuda do "Anjo da Biblioteca"…!!!
["Anjo da Biblioteca" é uma imagem de Arthur Koestler quando, sem qualquer lógica e ao acaso, informações lógicas nos "caem no colo"]
Sem comentários:
Enviar um comentário