As zonas cinzentas são aquelas zonas cuja indefinição entre o "SIM" e o NÃO" criam zonas de conforto pessoal que nos permitem dormir descansados à noite na paz dos anjos porque nada se decide. São as zonas do "NIM", com as conversas de:
- "NÃO, Não, não,…MAS reparem que TALVEZ… sim, Sim, SIM,..."
e também,
- "SIM, Sim, sim,…MAS reparem que TALVEZ… não, Não, NÃO,…"
Na História encontramos muitos casos desta promiscuidade de NIM's em posições pessoais sobre diversas questões desde o esclavagismo ao racismo, passando pelo machismo e servilismo. Todas estas "indecisões" se baseiam em preciosismos que mutuamente se anulam em contradições sem fim, como por exemplo com legalidades ilegitimas, como aconteceu no caso dos judeus no nazismo, dos negros na escravatura, da violência na educação e do miserabilismo das sociedades na solução de crises.
Esta "dúvida metódica", intelectualmente bonita mas inócua na acção, bloqueia a decisão de "BASTA É BASTA" e/ou "NÃO É NÃO"…quando não deve ser um tempo de espera, mas sim um tempo de mudança.
Nas muitas séries televisivas de advogados e tribunal todo o jogo se passa nestas zonas cinzentas em que a defesa e a acusação lutam entre si para transformar os NIM's em SIM's ou em NÃO's consoante o que mais lhes convém.
É um jogo de "esconde-esconde" e "toca e foge" que serve para crianças e para brincar, mas não serve para quando morrem pessoas ou ficam estropiados por falta de se terem tomado posições para o impedir.
Passeando pela internet encontrei esta imagem:
e fiquei na duvida se se referia a escravatura, autoritarismo ou praxe... ou talvez apenas exercício para a coluna vertebral.
Realmente a "dúvida metódica" é uma boa actividade intelectual e permite esquecer as três primeiras alternativas e ir dormir descansado com a boa fisioterapia a que se assistiu. A parábola de "meter a cabeça na areia"dá sempre muito jeito no quotidiano, pois evita ir para a psiquiatria.
Nestes passeios pela internet também encontrei um artigo de Daniel Oliveira que gostei e que clarifica o problema,
http://expresso.sapo.pt/ha-abusos-nas-praxes-as-praxes-sao-o-abuso=f852734
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Se se analisar o racismo ele vai desde formas suaves a formas duras, umas inaceitáveis outras aceitáveis como brincadeiras inócuas (??), racismo centrado desde a cor da pele à idade, passando por saudáveis versus doentes, preferencias sexuais, etc, até formas corporais (gordo-magro) ou modos de vestir (VIP ou parolo).
Na verdade, a questão central é a fronteira que separa o abuso do não-abuso, o negativo do positivo, a legalidade da ilegalidade, a legitimidade da ilegitimidade, é uma "área cinzenta" em que se discute o "sexo dos anjos", sendo portanto a área preferencial de trabalho dos advogados acusação-defesa para ganharem causas e dos políticos para ganharem votos.
Porém o problema é simples, nesta questão não há fronteira. Racismo é racismo…só há que dizer BASTA. Racismo é a diferença desvalorizante. Racismo não é a diferença, é a diferença que faz um indivíduo ser inferior.
Ser mulher não é racismo é diferença, mas quando ser mulher a transforma em inferior ao homem essa diferença é racismo, porque a desvaloriza como pessoa.
O racismo não é um problema de fronteira positivo-negativo, o seu problema é ele próprio, é ele existir. Não há racismo positivo … nem por brincadeira.
Daniel Oliveira põe exactamente o mesmo problema acerca da praxe.
Na praxe não há zona de fronteira boa-má a ser gerida (a tal "zona cinzenta") o problema é a própria praxe.
Praxe é um acto humilhante, porque é-se obrigado a existir/agir fora da sua zona de conforto, em áreas que estropiam psicologicamente, chegando a limites de suicídio.
Não há humilhações aceitáveis por serem dentro de regras, divertidas, legalizadas, com objectivos positivos, educativas, com cobertura legitima. Humilhação é humilhação, nela nunca pode haver construção de respeito pelo outro, nem construção de dignidade própria.
Daniel Oliveira tem razão "ninguém consegue traçar a linha onde acaba o tolerável e começa o abuso, quando a base fundamental desta tradição é a própria banalização do abuso", ou seja, parafraseando poderei concluir que "a humilhação não tem excepções", isto é, não há zonas de promiscuidade moral, ética e intelectual, não há talvez's, BASTA É BASTA…
… devemos isso aos nosso filhos e netos que dão agora os primeiros passos na vida adulta, em que a porta de entrada no novo caminho não pode ser a humilhação.
Treinadores de humilhação |
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