Viver no mundo é senti-lo e percebê-lo com o córtex através dos sentidos. Os sentidos trazem os sinais, o córtex dá-lhes significados e com eles entrega-nos emoções. Com emoções vivemos, sem emoções estamos mortos,
[… pensamentos sem emoções é como um monte de pedras, lá não nascem flores…].
(Zen)
O factor crucial é que o córtex para além de nos entregar significados dos estímulos recebidos, também filtra estímulos, permitindo uns e bloqueando outros, e ainda abre e fecha canais de recepção passíveis de existir.
Como exemplo, está o conhecido processo daltónico que "fecha" canais de algumas frequências visuais, excluindo essas gamas de detonarem emoções significativas para as cores correspondentes.
Como exemplo, está o conhecido processo daltónico que "fecha" canais de algumas frequências visuais, excluindo essas gamas de detonarem emoções significativas para as cores correspondentes.
Considerando apenas dois tipos de funcionamento no córtex, estilo hemisfério direito e estilo hemisfério esquerdo, é possível dividir as culturas em dois tipos: Cultura Alfabeta centrada no hemisfério esquerdo e Cultura Analfabeta centrada no hemisfério direito.
0 1º mundo centrado na Cultura Alfabeta, é um mundo baseado no raciocínio por detalhes […en miettes…] construído por sequências temporais e por lógicas causa-efeito, adito em aquisições guardadas em posses e ansioso por domínio para segurança e afectividade. É o mundo de donos de córtex's do estilo Hemisfério esquerdo.
No extremo oposto, o 5º mundo centra-se na Cultura Analfabeta, baseado no raciocínio intuitivo de totalidades e com lógicas de conexão/rede, adito em partilhas (e não em posses) e ansioso por integração e cumplicidade para segurança e afectividade. É o mundo de donos de córtex's do estilo Hemisfério direito.
(ver: The chalice and the Blade, de Riane Eisler; The Alphabet versus the Goddess, de Leonard Shlain)
Entre eles, surge um 3º mundo, mistura desintegrada dos dois anteriores, na qual um é destruído e o outro não é construído, restando apenas mutilações dos dois, sobrevivendo em gettos chamados "de pobreza" numa saúde destruída, com fome endémica e tristezas como normalidade. É o mundo dos donos esquizofrénicos de córtex's mutilados e disfuncionais de estilos Hemisfério esquerdo e direito.
Em pleno século XX e neste início do século XXI ainda se encontram alguns 5º mundos, procurando sobreviver sem serem destruídos e resolverem os seus aspectos negativos com soluções positivas obtidas no 1º mundo.
Talvez por ironia dos deuses, parece que a civilização global do 1º mundo está a aproximar-se cada vez mais das estruturas culturais deste 5º mundo.
(ver: Digital Aboriginal, de Mikela Tarlow e Philipe Tarlow; A whole New Mind, de Daniel Pink)
Se fosse ficção científica, diria que é um "déjà vue" do confronto "bárbaros-império romano", em que os bárbaros (5º mundo) absorvem, dominam e permanecem e o império romano (1º mundo) é absorvido e desaparece.
Cultura aborígene, um 5º mundo
Uma cultura analfabeta, com predomínio do estilo hemisfério direito, numa sobrevivência de equilíbrio e sensibilidade ao contexto, com memória colectiva baseada em memórias individuais e registos por imagens, tem necessariamente uma estrutura cultural diferente de uma cultura alfabeta.
Na verdade, a cultura alfabeta desenvolve o estilo hemisfério esquerdo pela necessidade de juntar migalhas (as letras) de forma sequencial para obter estruturas (as palavras), repetir o método para obter frases, repetir para obter texto, etc.
Numa palavra, aprende a fragmentar tudo para perceber e dominar.
Em complemento, a cultura alfabeta cria arquivos colectivos independentes dos indivíduos e na posse de alguns, cujo poder é tanto maior quanto mais a memória individual é destruída.
Assim, anexam-se quatro pequenos vídeos (New Atlantis Documents, Lost worlds) com quatro aspectos importantes na vida deste 5º mundo.
Hoje o interesse é juntar a positividade das duas culturas no desenvolvimento das capacitações do ser humano e não fomentar ou manter um delas à custa da destruição dos efeitos da outra.
Como curiosidade o sub-titulo do livro "Digital Aboriginal" publicado em 2002 em UK e USA, é "Radical business strategies for a world without rules" e o seu tema é:
[…a necessidade de, num contexto empresarial de mudança rápida, aprender-se a partir do estilo nómada de civilizações primitivas e aplicar essas aprendizagens para obter sucesso no mundo digital.]
Como síntese, tal como os aborígenes, no mundo digital é preciso: movimentos rápidos, mudanças de direcção, atenção a conexões, pensar a lógica das intuições potenciando o que se chama análise heurística.
Imagens (4m 20s)
Nesta cultura, a imagem é expressão de sonhos, mitos e crenças individuais e colectivas.
Ver as imagens é receber uma mensagem cujo significado se conhece, quer de si próprio, quer da tribo, e/ou da vida que vivem e dos animais que a povoam.
Muitas imagens têm conteúdos e formas antigas com milhares de anos e visíveis em pinturas rupestres.
Muitas imagens têm conteúdos e formas antigas com milhares de anos e visíveis em pinturas rupestres.
Dança (2m 00s + 3m 15s)
As danças na prática são formas de roleplaying representando histórias de mitos e caçadas, e onde a maquilhagem incorpora e activa o espírito dos personagens (humanos e animais) mantendo viva a memória colectiva e na posse de todos.
Simultaneamente são uma espécie de escola da vida tribal. O poder do conhecimento é partilhado.
Simultaneamente são uma espécie de escola da vida tribal. O poder do conhecimento é partilhado.
Noutras formas, a dança é uma espécie de roleplaying colectivo em que todos tomam parte e têm um papel activo na representação que, emotivamente, todos sentem e partilham.
Não há diferença entre eles, todos são actores e espectadores, a dança é como a vida […é de todos e pertence a todos…].
A máscara, tal como nos teatros actuais e desde há milhares de anos atrás, faz parte da imagética teatral, instrumento fundamental para criação do sonho acordado teatral.
Não há diferença entre eles, todos são actores e espectadores, a dança é como a vida […é de todos e pertence a todos…].
A máscara, tal como nos teatros actuais e desde há milhares de anos atrás, faz parte da imagética teatral, instrumento fundamental para criação do sonho acordado teatral.
Ensino (2m 50s)
Os conhecimentos tribais são ensinados em conversas de "partilha" sobre música, músicos e outros temas de acordo com as crenças existentes, desde o que se pretende, dificuldades e capacidades necessárias.
No caso da conversa mostrada no video, repare-se como, quando perante uma eventual observação divergente(?) do "aluno", a reacção do ensinante foi de alegria e afectuosa, independente da explicação correspondente. Forma bastante diferente da pedagogia clássica da cultura alfabeta, mostrada na 2ª parte do video.
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