A Matrix e o Neo, com a sua possível escolha entre a pílula vermelha e a azul, representam as duas hipóteses de vida, uma (azul) viver dentro do mundo fechado do córtex e a outra (vermelha) viver com a "cabeça" espreitando para além desse limite, olhando as possibilidades potenciais que nos envolvem e aonde pertencemos.
cena do filme Matrix |
Quando Neo escolhe a pílula vermelha, escolhe aceitar a realidade da teoria-M, a teoria M(other) de todas as teorias ou M(atrix), uma variante da Teoria das Cordas da Física, com suas 10 dimensões e mais 1 (o tempo), ele escolhe entrar no mundo complexo das possibilidades em potencial.
O alquimista |
Na prática, estas teorias ou hipótese científicas, sem entrar nas complexidades teóricas e matemáticas da Física (vide Einstein, Hawking, etc) e usando uma linguagem medieval, significam apenas um esforço de "esticar o pescoço para fora da normalidade" para encontrar a "normalidade escondida".
São uma variante moderna (dita cientifica) dos trilhos da alquimia medieval (dita não científica), mas com o mesmo objectivo: espreitar para além do óbvio, para o desconhecido.
Na verdade, de uma forma mais ou menos clandestina e perseguida, o ser humano sempre andou a pisar os limites do possível, entrando no aparentemente impossível.
Realmente o percurso de vida é apenas uma sequência de experiências, ou seja, uma sequência de vivências interpretadas pelo córtex. Interpretadas quer dizer conectadas a registos existentes em stock, e criadoras doutro registo. Portanto, repetir uma vivência é sempre criar uma experiência nova pois o stock a conectar já não é o mesmo, por isso a 2ª leitura de um livro nunca é igual à 1ª leitura.
Regressando ao Neo e à sua pílula azul, o que ela significa ?
O Olho e a TV
O olho não tem nada lá dentro excepto mecanismos para levar sinais eléctricos (estímulos) ao córtex. É uma espécie de antena a captar sinais para o aparelho de TV. Tudo acontece no cérebro e no aparelho receptor.
Depois dos sinais recebidos, quer o aparelho TV quer o córtex transformam esses sinais e criam um objecto virtual.
Na TV esse objecto virtual (imagem, som) é transmitido para o exterior, mas no córtex é transmitido só para o interior, para si próprio. É um sistema em auto consumo, só o córtex vê o que produz.
Segundo algumas teorias, ele projecta um holograma desse resultado e a nossa visão da realidade é a visão desse NOSSO holograma…cada um vê o que o córtex consente (como ex., a "cegueira à mudança").
Segundo algumas teorias, ele projecta um holograma desse resultado e a nossa visão da realidade é a visão desse NOSSO holograma…cada um vê o que o córtex consente (como ex., a "cegueira à mudança").
Vendo o holograma como real: -"Hoje estás muito contente" |
Por outro lado, a TV não tem consciência do resultado, mas o córtex tem, pois assiste ao que produziu e agrega-lhe conexões já existentes, tais como, nomes, emoções, significados, etc. É produtor e consumidor único em constante interacção…quando produz vê e altera se necessário.
Se o aparelho TV também visse a sua própria transmissão, acreditaria que o mundo exterior era o filme que passava no écran. Se todos os aparelhos de TV estivessem a receber os mesmos estímulos (sinais) do mesmo canal, todos concordariam que o mundo onde viviam era esse mesmo filme que estavam a ver. Seriam uma espécie de seres mergulhados no seu próprio umbigo, ou seja, seria o Neo do filme Matrix se tomasse a pílula azul.
Isto significa que, para a pessoa que dorme, o sonho construído no cérebro é tão real como a realidade construída no cérebro quando está acordado, ou como a realidade construída quando está drogado.
Se, desde que nasce até que morre, sempre estiver a dormir, estimulado directamente no córtex a viver através dos sonhos criados, … se acordar … e for estimulado indirectamente pelos sentidos, pensará que está a dormir e quererá voltar à situação anterior de "acordado".
Filme Matrix, Neo, com pílula encarnada, acorda e vê os outros a viver de sonhos |
A conclusão que surge é fácil, pois é uma pergunta velha como a filosofia: -" Andamos acordados ou a dormir???"
Como resumo e mantendo a analogia, nós somos uma espécie de projector fílmico que faz tudo:
- recebe sinais,
- a partir deles constrói filmes,
- projecta-os para si próprio,
- e conclui que os filmes feitos são imagem da realidade exterior.
Noutras palavras, o "acreditar" normal é acreditar que o cérebro vê "O" real. Conclusão interessante mas sem bases lógicas:
- "Se for daltónico com o verde, é o mundo que não tem verde ou é o córtex que tem bugs?"
Se a resposta for que são problemas do córtex, então a pergunta lógica imediata é:
- "Então, porque é que são os outros casos que estão correctos?"
Se a resposta for porque a maior parte vê verde, então numa região em que os daltónicos forem maioritários (modificações genéticas) é a região que não tem verde? Se aparecerem mais minoritários que vêem verde, a região já tem verde?
Se o critério cientifico de validar a verdade é a quantidade de opiniões concordantes, então a religião verdadeira é a que tem mais crentes? No tempo de Cristo, Ele era minoritário, então não era verdadeira?
Ou seja, a creditação do(s) Deus(es) é por maioria humana? Nunca ouvi falar deste critério religioso.
Convém não se perder a lucidez lógica. É bom não esquecer que a maioria democrática não identifica o correcto, identifica o acordo. Pode haver uma maioria de 100% e isso significar apenas 100% de acordo na asneira.
Tecnicamente,…estão democraticamente certos no processo e democraticamente errados no resultado.
Regressando ao Neo e à sua pílula vermelha, o que ela significa ?
O córtex e o queimar
A pílula vermelha significa criar condições para sair do fechamento do mundo virtual do córtex e "saltar" para o exterior, passeando pela Matrix, colapsando possibilidades. Numa analogia alquimista é "esticar o pescoço para fora da normalidade".
De um modo simplista significa "decidir a escolha de uma possibilidade". Simplesmente, por detrás desta simplicidade, o "decidir" é complexo. Ele é o fulcro da questão.
Alguns autores falam (em tradução livre minha ) de "decisão embebida", significando uma decisão que "agarra o corpo e a mente" e não funciona apenas "da boca para fora". É uma decisão com consciência cognitiva impregnada de emoções.
Com maior ou menor intensidade, pelo menos uma vez na vida, todos temos uma decisão destas. Ela é uma espécie de fronteira entre o ANTES e o DEPOIS e é "decidida a ferros". Os bons realizadores de cinema fazem-nos viver estas decisões na vida de protagonistas e são normalmente cenas significativas do filme.
Uma "decisão embebida" é aquela que tem "double bind", isto é, um duplo vínculo conteúdo-atitude.
Como analogia, a comunicação verbal tem sempre "colagem" à comunicação não-verbal, a palavra está sempre "colada" à atitude e esta é dominante no resultado. Palavras apaixonadas não funcionam com atitudes de aborrecimento.
A "decisão embebida" tem a mesma dinâmica.
Segundo pesquisas e hipóteses explicativas, e de um modo simplificado, a "decisão embebida" exige uma intensa integração cognitiva e emotiva, intensificadora da bioelectricidade nos neurónios. Este aumento provoca um alargamento e potenciação do electromagnetismo corporal, alargando o seu campo e modo de interferência no exterior (vide Física do electromagnetismo e indução).
Em resumo:
Na pílula azul o que existe é "decisão zombie" onde o campo electromagnético não é intensificado, com a pílula vermelha vai existir a "decisão embebida" que cria um campo electromagnético intensificado:
com "decisões zombie" com "decisões embebidas" |
possibilitando condições de colapsagem da possibilidade optada.
Em situações de crise as "decisões embebidas" surgem naturalmente, mas na rotina diária andamos vivendo de "decisões zombie" características da pílula azul.
Porquê ?
Porque uma baseia-se em "opções" (a zombie) e a outra em "intenções" (a embebida). A intenção é uma opção integrada em atitude.
Não é um problema de vontade, pois não é a vontade que provoca intenção é a intenção que origina a vontade, do mesmo modo que não é falar-bem que cria expressão não-verbal, é a expressão não-verbal que origina o falar-bem.
É importante não trocar causa com consequência porque senão as formações são inócuas.
Um exemplo da colapsagem da possibilidade "correr saudável" pode ser obtido observando "atletas de domingo" a correr nas ruas das localidades.
Porquê ?
Porque uma baseia-se em "opções" (a zombie) e a outra em "intenções" (a embebida). A intenção é uma opção integrada em atitude.
Não é um problema de vontade, pois não é a vontade que provoca intenção é a intenção que origina a vontade, do mesmo modo que não é falar-bem que cria expressão não-verbal, é a expressão não-verbal que origina o falar-bem.
É importante não trocar causa com consequência porque senão as formações são inócuas.
Um exemplo da colapsagem da possibilidade "correr saudável" pode ser obtido observando "atletas de domingo" a correr nas ruas das localidades.
Se se reparar na sua leitura corporal, uns correm com "decisões zombie" arrastando o corpo atrás dos pés, exibindo Kalimeros em penitência. Outros, com "decisões embebidas" nos músculos, orgãos e mente, mostrando claramente como os pés "obedecem" ao corpo-mente unido na intenção de correr, numa imagem de BipBip's em desafio.
Andar 50 metros no estilo BipBip é melhor que correr 1 Km no estilo Kalimero. Uns vivem o prazer e a alegria do movimento a caminho da juventude, os outros vivem o esforço de sacrifício e obrigação a caminho da velhice.
Na prática
Decidir de um modo ou outro não tem o mesmo resultado. As opções não são harmónicas a 100% nos factores envolvidos, isto é, elas contêm factores pró e factores contra não resolvidos a nível pessoal.
É a diferença entre a opção: -"Vou tentar…" com dúvidas endémicas a nível da atitude e a opção - "Vou fazer:.." com uma atitude bem definida, mesmo que em qualquer delas existam ainda dúvidas a nível do conteúdo optado.
Como exemplo:É a diferença entre a opção: -"Vou tentar…" com dúvidas endémicas a nível da atitude e a opção - "Vou fazer:.." com uma atitude bem definida, mesmo que em qualquer delas existam ainda dúvidas a nível do conteúdo optado.
Um jovem tem medo de saltar de uma rocha (ou prancha) para a água, apesar disso quer fazê-lo. Tem assim uma opção cognitiva clara mergulhada em contradição confusa na atitude, quer mas não quer (tem medo).
Enquanto assim estiver o bloqueio na atitude manter-se-á no momento de saltar. O normal é passar imenso tempo hesitando saltar, acabando por fazê-lo tipo "zombie" ou "saco de batatas" (principalmente se pressionado, diplomaticamente dito motivado), solução muito adoptada por monitores, família, etc. É um processo de regressão.
Pelo contrário, na "decisão embebida", momentos antes (2s,3s) ainda afastado do local de execução, ele tem que ter a atitude de "Vou fazer" e, no caminho para o local, mentalmente já está fazendo…saltar é apenas a continuação.
Agora, com medo ou sem medo, fá-lo-á consciente, pensando. Não é zombie", nem "saco de batatas", é pessoa. Coragem não é … não ter medo, fechar os olhos e fazer. Coragem é pensar, abrir os olhos e fazer, com medo ou sem medo. É um processo de progressão.
Uma aplicação: "O fogo queima"
Por experiência e normalidade social pôr a mão no fogo queima.
Assim, andar sobre o fogo é uma escolha possível ou é uma parvoíce evitável?
Com o preparo necessário é uma possibilidade de escolha humana ou milagre/prenda divina?
Porém…
…desde a idde Média até aos dias de hoje que se fala em "andar no fogo", quer em milagres divinos, quer em curiosidades a estudar.
A hipótese é simples:
Se pés descalços andarem no carvão de coque em brasa a 550ºC, queimam-se ou não ?
Se não, porquê???
Para experiência pessoal fiz o "caminho do fogo" e foi realmente possível, mas ainda hoje pergunto/pesquiso: Porquê? Como?
foto pessoal
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Não estava drogado, não houve rezas aos deuses, não houve slogans nem marchas motivantes, nem obediências a "q'ridos líderes".
Houve uma preparação de 2 horas, constituída por alternância de activações, estiramentos, relaxações, concentração, visualização de movimentos e posições, tudo em ambiente de música suave.
Depois fomos para o campo, com a indicação de que a decisão de fazer (ou não) seria tomada lá.
Depois fomos para o campo, com a indicação de que a decisão de fazer (ou não) seria tomada lá.
Os que decidiram fazer e foram aceites…andaram os 10 metros no carvão (500/600ºC) e ninguém se queimou.
No meu caso pessoal, depois de fazer, fiquei entusiasmado e voltei para o início, querendo repetir. Não me deixaram dizendo que o "mood" (estado mental ??) tinha desaparecido.
Ainda hoje tento reconstituir como me sentia para decidir fazer (e que foi reconhecido) e que depois não existia. Realmente, recordando, sinto que, antes e depois, estava em "mood" diferente…mas ainda hoje tento definir o quê, qual a diferença e como posso repetir.
Vendo hoje os estudos sobre a "intenção" e a "zone", ambas pressionando a atitude inserida em emoção como criadora e intensificadora de campos electromagnéticos, é uma possibilidade possível. Eu lembro-me que momentos antes, descalço na relva e preparado para entrar, "eu via-me/sentia-me a andar no carvão" e começar "o caminho do fogo" foi apenas continuar a andar…daí eu querer depois repetir a passagem para sentir a mudança.
Vendo hoje os estudos sobre a "intenção" e a "zone", ambas pressionando a atitude inserida em emoção como criadora e intensificadora de campos electromagnéticos, é uma possibilidade possível. Eu lembro-me que momentos antes, descalço na relva e preparado para entrar, "eu via-me/sentia-me a andar no carvão" e começar "o caminho do fogo" foi apenas continuar a andar…daí eu querer depois repetir a passagem para sentir a mudança.
Aceitando esta hipótese, a experiência foi apenas andar dentro de um campo electromagnético intensificado:
Para terminar
As possibilidades estão aí, o século XXI abriu a porta com a quântica, a neurociência, universo como holograma, a Física das cordas, mas o desafio é que o ser humano e sua consciência estão no centro e não é só em filosofias, porque as possibilidades estão em cada minuto do nosso quotidiano.
Podemos não tomar a pílula vermelha do Neo da Matrix, mas pelo menos não tomemos a azul.
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