Muitas palavras ditas não mostram as ideias…
...escondem-nas…!!!
Uma questão a pensar:
A - As ideias nascem interessantes ? ou
B - tornam-se interessantes ?
Qual escolhem ??? ...Sem pensar muito…escolham "A" ou "B"...!!
PS - Convém sempre sabermos qual é o nosso ponto de partida, isto é, qual é o nosso neurónio "activo".
PS - Convém sempre sabermos qual é o nosso ponto de partida, isto é, qual é o nosso neurónio "activo".
Todos sabemos que ensinar ideias interessantes dá boas aprendizagens, por isso os "pobres coitados" que têm que ensinar ideias não-interessantes têm uma vida profissional cheia de agruras. Esta é uma verdade "cientificamente" vivida e provada (?!?!?!).
Todavia, esta ideia bem "instalada" e aceite pertence aos mitos urbanos da cultura, pois difunde-se como alicerce base do ensinar/comunicar, orientando pais, professores, chefes, vendedores, casais, colegas,...
Na verdade esta "verdade", nascida deste mito, é uma armadilha que esconde o problema.
Não há ideias interessantes nem não-interessantes, pois o interesse não está nas ideias, mas "está ou não está em quem as recebe". Ou seja, elas provocarão significado atractivo e são interessantes, ou não provocarão e são não-interessantes.
Exemplo:
Exemplo:
Beijing, China,1942 |
a acompanhar a prenda de um amigo???
Se não lêem chinês, duvido que a achem interessante,
e não se preocuparão mais com ela e desejam que
o amigo "ganhe juízo"…isto é, o vosso córtex ficou-lhe imune.
e não se preocuparão mais com ela e desejam que
o amigo "ganhe juízo"…isto é, o vosso córtex ficou-lhe imune.
Que milhares de bons presságios se juntem como uma nuvem
e se combinem em cem tipos de felicidade e vos façam
viver facilmente uma nova primavera com todos os desejos do vosso coração.
viver facilmente uma nova primavera com todos os desejos do vosso coração.
Na verdade o interesse nasce no córtex do receptor pelo impacto "interessável" da mensagem recebida. Ensinar uma ideia com interesse para um aluno significa que, antes do ensino, o interesse já está instalado, ou seja, o trabalho principal do professor já foi feito por outrem ou, na sua falta, deve ser a sua primeira tarefa.
PS - O interesse não nasce no cognitivo, no lógico, no moral,
nos prémios-castigos, etc, nasce no afectivo.
Uma ideia só se torna interessante se tem "repercussões atractivas" na mente de quem a recebe. Criar este efeito é o principal problema de quem ensina/fala/escreve.
O interesse nasce da colagem do que é emitido à mente de quem recebe. Como a mente existe à priori, a ideia tem que ser veiculada de forma a se sintonizar com "aquilo que já lá está".
Exemplo:
Exemplo:
A - A igualdade entre um vendedor e um professor.
Dizia o vendedor:
- Com este carro, em 24 horas está em Paris !!!
Dizia o cliente com ar infeliz:
- Mas, eu não quero ir a Paris !!!
Dizia o professor de Física:
- Esta fórmula serve para calcular o tempo que leva a encher uma banheira a que se tirou a tampa.
Dizia o aluno com ar espantado:
- Porque é que não põem a tampa ???
Dizia o cliente com ar infeliz:
- Mas, eu não quero ir a Paris !!!
Dizia o professor de Física:
- Esta fórmula serve para calcular o tempo que leva a encher uma banheira a que se tirou a tampa.
Dizia o aluno com ar espantado:
- Porque é que não põem a tampa ???
A ideia central do vendedor, que é ser um bom carro, não "entrou" na mente do comprador, logo não foi criada a relação significativa "distância-tempo-potência" com o seu valor, deste modo ele não aprendeu como o carro é bom, tornou-se um "mau comprador" e o carro não foi vendido.
A ideia central do professor que era mostrar a utilidade da fórmula apenas significou para o aluno a parvoíce da "conversa", assim ficou sem interesse no ensino e procurou outras aprendizagens.
A igualdade professor-vendedor é que ambos ensinam e ambos falham se não provocam interesse nos alunos e/ou compradores.
B - A diferença entre um vendedor e um professor.
Quando nas vendas o comprador não aprende, a conclusão "oficial" é que o comprador é inteligente e o vendedor vende mal, isto é, ensina mal o interesse do produto, portanto a CULPA é do vendedor e talvez seja despedido.
Quando na escola o aluno não aprende, a conclusão "oficial" é que o professor ensina bem e o aluno aprende mal, logo a CULPA é do aluno e talvez seja castigado e se torne repetente até "aprender bem".
[...tenho alunos sem geito para inglês...], teologicamente, isto significa que Deus trabalha bem porque esses alunos não nasceram em Inglaterra onde todos que lá nascem têm feito para inglês e os que nascem na China têm geito para chinês, etc. Esta "parvoíce" só significa o baralhar ensino e aprendizagem.
Quando nas vendas se o comprador não está interessado, a solução "oficial" é simples [...interesse-o, para isso é que lhe pago...!!"
Quando na escola se o aluno não está interessado, a solução "oficial" é simples: "...ele é desinteressado, tratem-no, o professor é pago para ensinar...!!"
Todavia, nas vendas, quando são os clientes que procuram o produto, tecnicamente chama-se "fornecer compras" e não se chama "vender". Um fornecedor de compras é menos qualificado que um vendedor e ganha menos. As máquinas que "vendem" cigarros não vendem cigarros, fornecem cigarros. Qualquer "fornecedor de compras" é substituível por uma máquina.
PS - O SMAS não vende água fornece água, na verdade, os SMAS's não têm vendedores de água, a água engarrafada já tem.
A diferença entre um professor e a Wikipédia é que nesta o interesse é prévio à consulta, assim a Wikipédia, Google, etc, são apenas "fornecedores de informação" mas a função central do professor não é fornecer informação é provocar o acolhimento e a integração dela.
A sua área não é ser "papagaio de informação" (com mais ou menos datashows), é ser facilitador dos alunos para a sua integração, o que tecnicamente se chama Pedagogia.
Nos tempos actuais, para fornecer informação ele tem um ajudante "barato", a internet, o livro, o computador, os colegas, etc.
Tem também ajudantes pré-instalados nos alunos que são o interesse e a curiosidade vitalícios mas podem estar em coma, adormecidos, distraídos, destruídos. Uma ferramenta útil para os usar são as perguntas, essa espécie de ginástica para os neurónios.
Mas cuidado há várias espécies de perguntas, entre elas "as que activam" e "as que desactivam":
A - as perguntas muito "inteligentes" (perguntas indutivas) que provocam as respostas "estúpidas" SIM, NÃO, POIS, usadas em Tribunais para enquadrar testemunhas ou na TV para exibição do entrevistador.
B - as perguntas fast food "explicativas" (perguntas google) com significado standart para consumo imediato, tipo concurso cultural TV, ex "Hermengarda"... quem foi Hermengarda? e o Google responde, personagem do romance Eurico o Presbítero, de Alexandre Herculano.
C - as perguntas "incomodativas" (perguntas thunks) questões sedutoras, intrigantes, que nos afastam do nosso trilho (vide Ian Gilbert), espécie de ginástica para os neurónios abalando a rigidez do pensar.
Quando vou ao Café ninguém me vende um café apenas me fornecem um. Todavia se me chamam a atenção para um bolo novo e me convencem a experimentar, então sim, vendem-me um bolo. Nos Cafés, os empregados não vendem cafés…fornecem cafés e vendem serviço de entrega.
"Terapia" num bar ??? |
Nos bons bares um barman não vende bebidas, fornece o solicitado e vende acolhimento, tipo terapia ao balcão. Num bar em Londres conheci um estudante português, com um part time nocturno como barman.
Em conversa, confessou-me que não percebia nada de bebidas nem de cocktails, mas tinha na retaguarda um ajudante para lhe dar isso.
Dizia que álcool e gelo eram iguais em todo o lado, o seu êxito estava no número de clientes que ficavam assíduos... eu, por exemplo, fiquei assíduo pois sempre que estava em Londres era um deles... e até me ensinou a "ler clientes" e a prever como agir.
RESUMO
A diferença entre fornecer uma compra (ou informação) e fazer uma venda (ou ensinar) é que nesta última tem que existir criação de interesse, enquanto que na primeira o interesse já está criado.
Quer o professor, quer o vendedor são técnicos de criação de interesse.
As ideias não possuem interesse em si próprias, ele aparece como consequência do modo como a sua transferência (comunicação) se faz, criando ou não uma "ponte" com o ouvinte.
Este processo de transferência pode provocar três situações:
1 - estabelecer uma expectativa atractiva (curiosidade), originando o INTERESSE;
2 - criar uma expectativa negativa (repulsa) provocando ANTI-INTERESSE;
3 - ser neutra, não afectar (indiferença) surgindo DES-INTERESSE.
Um professor incapaz de criar interesse é como um vendedor que só sabe fornecer compras, ou um médico que só receita o que se pediu, ou pais que ensinam matando alegria de estar aprendendo.
Qualquer um deles é incompetente e prejudicial se não alterar o modus faciendi.
Qualquer um deles é incompetente e prejudicial se não alterar o modus faciendi.
Na pedagogia há algumas regras simples:
1º - Fazer "ancrage afectiva" (prender com anzol), fazer "pstt...pstt...", isto é, activar a curiosidade por sintonias com o já existente, ex: [dinossáurios, já pensaste numa galinha tamanho de um elefante? O que pensas dos ovos? (perg. thunk)] - tempo 30 segundos -
2º - Fazer "ancrage" cognitiva, fazer "flip...flip", isto é, colagens sucessivas à informação já existente, criando conexões de segurança e compreensão, ex: [dinossáurios: já viste uma lagartixa e um crocodilo? O que pensas dum crocodilo com tamanho e velocidade de um camião? (perg. thunk)] - tempo 30 segundos -
3º - Construir uma teia de compreensões sucessivas desde o existente "já aceite" até ao "ainda desconhecido" e deve ter três condições:
3.1 - ser curto-rápido (short);3.2 - ser concreto, "palpável";3.3 - ser uma narrativa.
A narrativa é uma espécie de "simulador de voo" que contém entretenimento e instrução.
É a linha condutora que dá estrutura ás partes, que transforma uma manta de retalhos numa pintura.
Desde a antiguidade que as histórias, parábolas, mitos são os veículos que divertindo dão instrução. Todos os guias, dos religiosos aos turísticos, o fazem. Na sua base existe uma espécie de conhecimento intuitivo dos neurónios espelho de [...o corpo imitar o que está vendo...*].
* - Às vezes ver futebol na TV... faz dar pontapés no ar.
Quando as crianças pedem uma história, na prática estão a dizer "diverte-me e ensina-me o que sabes!". A história da "Gata Borralheira" não é para divertir é para ensinar o papel social da mulher a ser doméstica, mas não por escravatura mas por amor... se pobre é doméstica na cabana, se rica é doméstica no palácio.
Tecnicamente, as histórias activam neurónios espelho. O ouvinte é passivo a nível dos neurónios, mas activo nos neurónios espelho pois ao visualizar a história está a incorporar sequências instrutoras.
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