Perguntas estúpidas obrigam a respostas inteligentes,
Perguntas inteligentes originam respostas estúpidas!
Ando entretidíssimo a ler teorias sobre o tempo e a consciência, variando entre a Quântica, o Gato de Schrödinger, Big Bang, Biocentrismo, Teorias das Cordas, etc.
Não sendo um cientista, limito-me a passear no mundo das ideias como um turista que apenas pensa sobre o que vê, não se preocupando se o quadro é de Chagall com reminiscências russas ou de Picasso espanhol com pinceladas francesas, e se a Igreja e suas estátuas são românicas, renascentistas ou modernas. O turista apenas saboreia, pensa, tira conclusões e vive o que encontra utilizando a capacidade de aprender que recebemos à nascença.
Assim, o turismo de ideias é o meu hobby favorito e neste momento ando a turisticar "o tempo e a consciência".
Encontrei a teoria do "Big Bang" mas penso que ela é muito tradicional e de uma grande simplicidade, pois baseia-se na velha escala temporal do "Passado-Presente-Futuro". Ou seja,
Assim, insistindo que não sou cientista, e como uma criança à procura de compreender a realidade, tenho o direito de fazer perguntas parvas pelo que sete questões me ficaram a incomodar. Até à quarta, resolvi pesquisar mas, na quinta, decidi parar e mudar a perspectiva das perguntas.
1ª - Donde é que aparece o Big Bang?
A teoria diz que primeiro existe NADA, depois existe TUDO.
Admitindo que o "tempo não anda para trás", portanto o Futuro (Universo) não pode ter criado a explosão que o originou, pois neste caso o TUDO seria criado a partir do NADA.
...e aparece a segunda questão:
2ª - Como é que o NADA cria uma explosão ?
Considerando que:
1. por um lado, com uma explosão feita com NADA, nada deve explodir.
2. por outro lado, quem fez a explosão? Se ela se fez a si própria como é que NADA pode fazer alguma coisa, ou seja, no caso desta teoria como NADA pode explodir?
Logicamente NADA só pode fazer nada ...ou então o NADA é qualquer coisa, logo não pode ser NADA.
3ª - Então o que é o NADA ?
Segundo a Teoria dos sistemas, o sistema de controlo tem sempre que ser mais complexo que o sistema controlado.
Quando o Big Bang origina o desenrolar das etapas sucessivas para a criação do Universo, o sistema criador do Big Bang tem que ser mais complexo que o resultado produzido.
Então, sob o ponto de vista lógico, no inicio existiria o TUDO e, com o Big Bang, passariam a existir partes (slices) do TUDO inicial e, assim, o Universo seria uma parte do TUDO que o originou.
O esquema da escala temporal altera-se:
Assim, surge-me a 4ª questão:
4ª - O Universo e/ou Multiversos fazem parte do TUDO inicial?
Analisando diferentes religiões, todas elas dão a este TUDO inicial vários nomes diferentes mas, basicamente a regra é sempre a mesma "DELE tudo se origina, para ELE tudo regressa" e surge o conceito de DEUS.
Em muitas religiões, o conceito de Deus integra a Onipresença (por ex, a Bíblia tem várias referências) mas, em algumas, encontrei a metáfora de que (parafraseando) [...tudo que existe faz parte e está em Deus, pois ELE é uma espécie de oceano que tudo contém e os humanos são apenas gotas de água nesse oceano e feitas à sua imagem].
Na perspectiva do BigBang, suportado pela sua escala temporal, esta metáfora é lógica se aceitarmos o conceito de Deus como Onipresente, todavia origina uma conclusão intrigante.
Se existe algo no universo que não faz parte de Deus, então Deus não é tudo o que existe e, portanto, a sua existência é condicionada* pelo que não é Ele, logo não é Onipresente e Onipotente (vide referências na Bíblia).
*Ex.: Quer Eu seja superior ou inferior a uma pedra eu sou condicionado por ela, [por ex., ...onde ela está eu não posso estar...].
Se Deus é Onipresente, Deus não pode estar em mim porque, neste caso, existe Deus em mim e existo EU, logo Ele não é Onipresente. Para Deus ser Onipresente eu não posso existir sem ser Ele, logo EU tenho que ser Deus (ver Biocientrismo).
PS- Aceitar o diabo é aceitar o bicefalismo no poder divino, ou seja, existir uma entidade que não é deus e se lhe opõe, logo Ele não é Onipotente. Nesta perspectiva, as mitologias grega, romana, nórdica, etc, com a existência de vários deuses cada um com seu pelouro são bastante lógicas.
Assim, surge-me a quinta pergunta:
5ª - Eu sou DEUS e não morro?
Neste momento cheguei à conclusão de que a Teoria do BigBang nos conduz a posições mentais e perguntas estranhas, pelo que deve haver um Bug em qualquer lado.
Assim, abandonei as respostas a esta pergunta e fiz outra um pouco diferente:
6ª - Numa sala só com móveis, e com total isolamento acústico, se um sistema sonoro tocar uma sinfonia existe música nessa sala?
A resposta é fácil, basta saber um pouco da Ciência Física estudada na Escola Secundária.
Se a sua resposta é SIM, está errada porque a resposta correcta é NÃO porque nessa sala não existe qualquer córtex para transformar vibrações em som, logo não há música.
A música só existe no córtex, por isso só existirá música se existir observador a receber as vibrações e como a sala tem isolamento acústico isso não acontece.
[ver Pinçamentos "Árvores a cair e o pensar" clickar aqui]
Se analisarmos o modelo do Big Bang e se retirarmos a variável tempo toda a Teoria cai pela base, pois sem uma escala de tempo a teoria não tem sentido.
Sem o conceito de tempo, os paradoxos da passagem do "Nada ao Tudo" ou do "Tudo ao semi-Tudo" e ainda de "Deus não ser Tudo" ou de "Tudo ser Deus" não existem.
Então à semelhança do som e da música, SERÁ QUE... o tempo é apenas uma construção mental que só existe com observadores e, na verdade, tudo é estático?
Ou seja, a sétima questão:
7ª - O tempo existe?
Que o tempo não é constante é uma verdade aceite desde Einstein mas, então, se não é constante pode "alargar-se" e "encolher-se" em função de certas variáveis? Parece que sim.
E poderá chegar a zero? Se pode, então, será possível não haver tempo e tudo estará estático. Tudo ficará parado e o tempo não existe.
Será possível acontecer que tudo esteja em "tempo parado" e o "tempo mexido" seja apenas uma função de córtex de observadores? Será possível que o tempo seja apenas a resultante de uma função neural para possibilitar compreender sucessivas situações estáticas? ...tudo semelhante ao que acontece com o som???
Duas perguntas sob forma de experiência:
Experiência A
Põe-se um DVD no gravador e vê-se um filme na TV.
A história desenrola-se do princípio ao fim, vê-se o presente tornar-se passado e o futuro nascer e cair para o passado. Fica-se preso ao passar do tempo. Afinal o tempo existe e foi vivido.
Tira-se o DVD, guarda-se e o tempo fica lá PARADO à espera de alguém o tornar outra vez tempo MEXIDO.
O que se passou???
Será que um DVD é apenas um pacote de tempo parado e o tempo mexido só existe no córtex do espectador com a "ajuda" da TV?
Será que a vida funciona do mesmo modo? Vemos tempo mexido de coisas que estão com tempo parado? Será o tempo apenas um "truque" resultante de um mecanismo neural que só funciona em observadores? Será semelhante à música que é resultante do processamento neural de vibrações e só existe como sensações no e do córtex do observador-ouvinte?
Será possível que, sem esse mecanismo neural, tudo esteja realmente parado, susceptível de se passar do passado para o futuro e vice versa? Será este o mecanismo das viagens no tempo, ou seja, viajar no tempo será apenas alterar o modo como o cortex funciona?
Será este o "truque" de videntes, shamanes, profetas, místicos... tais como o conde Saint Germain, Nostradamus, Sor Faustina, S.Malaquias, Rasputin, Edgar Cayce, H. Blavatsky, Agripa (El Nigromante), etc, que contam "coisas" do futuro?
Na verdade, e como analogia, manipulando o DVD e as suas situações estáticas (tempo parado) conhece-se o passado, presente e futuro (tempo mexido) de qualquer momento do percurso temporal da história*.
*Ex.: Quando o filme me aborrece costumo fazer isto,... chama-se a estratégia do "get to the point!".
*Ex.: Quando o filme me aborrece costumo fazer isto,... chama-se a estratégia do "get to the point!".
Experiência B
Nestas fotos o que é que esta criança está dizendo?
Se não conseguem compreender o que diz é porque o vosso córtex está incapaz de estruturar o conjunto dos sucessivos bits que está recebendo, isto é, há nele uma função neural que não está a utilizar.
Todavia, com uma pequena ajuda para ver as fotos, o córtex consegue resolver o problema:
As fotos são exactamente as mesmas, apenas se sucedem rapidamente e, como o cortex só percepciona uma de cada vez, tem que resolver a situação da sua sobreposição de outro modo, isto é na gíria, com "visão temporal".
Quando a sucessiva entrada de imagens com pequenas variações chegam vagarosamente no córtex, ele não consegue estruturar essas diferenças de modo a obter compreensão e, assim, o significado do conjunto não é obtido. Foi o que aconteceu com o olhar normal sobre as fotos estáticas.
Quando a visão das mesmas imagens e sua substituição sucessiva se tornou mais rápida, a mão do jovem não era percepcionada mas as diferenças transformaram-se em movimento, pois o cortex criou a sensação de tempo e resolveu o problema: o sinal gestual de NÃO apareceu e a compreensão do seu significado foi possível.
Para este mecanismo neural acontecer duas soluções são possíveis:
1º - passar rapidamente os olhos pelas fotos sem procurar fixar detalhes e, de repente, o dedo parece mover-se de um lado para o outro. No córtex a sensação de tempo foi criada e este "truque" sensitivo permitirá obter compreensão, apesar das imagens continuarem estáticas.
Esta técnica permite também descobrir pequenas diferenças entre duas imagens aparentemente iguais, isto é, se não olhar para os detalhes de nenhuma mas alternar rapidamente o olhar entre uma e outra, as diferenças "mexem-se" e percebem-se, o mecanismo do tempo permite a percepção.
2º - Os olhos ficarem quietos e as imagens estáticas sucederem-se rapidamene, criando no cortex a sua sobreposição, impedindo a sua percepção cognitiva e originando o truque do tempo-movimento como solução. É o caso do cinema em que, por exemplo, esse efeito pode ser obtido com a passagem de 24 imagens por segundo. Se se aumentar ou reduzir o número de imagens por segundo, também a sensação de tempo no cortex se altera ficando o tempo fílmico acelerado ou retardado.
Como conclusão, últimas perguntas:
A - O tempo é um fenómeno da realidade ou um subproduto do córtex como a música?
B - Sem tempo, a velhice e a juventude existirão em simultâneo pelo que o envelhecer é só uma percepção temporal neural que pode ser alterada? *.
* - Por ex. pode surgir nos EAC (Estados Alterados de Consciência) por drogas, alucinógenos, induções psy, etc, ou simplesmente na velhice em sonhos de "reviver" o passado com sensações dos 20 anos?
* - Por ex. pode surgir nos EAC (Estados Alterados de Consciência) por drogas, alucinógenos, induções psy, etc, ou simplesmente na velhice em sonhos de "reviver" o passado com sensações dos 20 anos?
Este fenómeno chama-se "recordar" na voz popular e "catarse" na voz psicanalítica (ver Freud, Breuer, kierkegaard, Lacan, etc, no "Recordar, Repetir, Elaborar")
Portanto, três alternativas:
1 - A juventude, o adulto e a velhice são todos estáticos e coexistem simultaneamente,
2 - ou, inserindo o tempo, vê-se um de cada vez e nunca será possível "andar para trás", isto é voltar a ser jovem;
3 - o tempo é subjectivo, um truque do córtex para detectar micro-diferenças estáticas e é possível andar "para trás e para a frente"(??)
Depois disto tudo que conclusão se poderá tirar?
Vou continuar a procurar e a fazer perguntas!
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