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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Cultura aborígene, o 5º mundo para além do 3º mundo

Viver no mundo é senti-lo e percebê-lo com o córtex através dos sentidos. Os sentidos trazem os sinais, o córtex dá-lhes significados e com eles entrega-nos emoções. Com emoções vivemos, sem emoções estamos mortos,

[… pensamentos sem emoções é como um monte de pedras, lá não nascem flores…].
(Zen)

O factor crucial é que o córtex para além de nos entregar significados dos estímulos recebidos, também filtra estímulos, permitindo uns e bloqueando outros, e ainda abre e fecha canais de recepção passíveis de existir.
Como exemplo, está o conhecido processo daltónico que "fecha" canais de algumas frequências visuais, excluindo essas gamas de detonarem emoções significativas para as cores correspondentes.

Considerando apenas dois tipos de funcionamento no córtex, estilo hemisfério direito e estilo hemisfério esquerdo, é possível dividir as culturas em dois tipos: Cultura Alfabeta centrada no hemisfério esquerdo e Cultura Analfabeta centrada no hemisfério direito.

0 1º mundo centrado na Cultura Alfabeta, é um mundo baseado no raciocínio por detalhes […en miettes…] construído por sequências temporais e por lógicas causa-efeito, adito em aquisições guardadas em posses e ansioso por domínio para segurança e afectividade. É o mundo de donos de córtex's do estilo Hemisfério esquerdo.

No extremo oposto, o 5º mundo centra-se na Cultura Analfabeta, baseado no raciocínio intuitivo de totalidades e com lógicas de conexão/rede, adito em partilhas (e não em posses) e ansioso por integração e cumplicidade para segurança e afectividade. É o mundo de donos de córtex's do estilo Hemisfério direito.

(ver: The chalice and the Blade, de Riane Eisler; The Alphabet versus the Goddess, de Leonard Shlain)

Entre eles, surge um 3º mundo, mistura desintegrada dos dois anteriores, na qual um é destruído e o outro não é construído, restando apenas mutilações dos dois, sobrevivendo em gettos chamados "de pobreza" numa saúde destruída, com fome endémica e tristezas como normalidade. É o mundo dos donos esquizofrénicos de córtex's mutilados e disfuncionais de estilos Hemisfério esquerdo e direito.

Em pleno século XX e neste início do século XXI ainda se encontram alguns 5º mundos, procurando sobreviver sem serem destruídos e resolverem os seus aspectos negativos com soluções positivas obtidas no 1º mundo.

Talvez por ironia dos deuses, parece que a civilização global do 1º mundo está a aproximar-se cada vez mais das estruturas culturais deste 5º mundo.

(ver: Digital Aboriginal, de Mikela Tarlow e Philipe Tarlow; A whole New Mind, de Daniel Pink)

Se fosse ficção científica, diria que é um "déjà vue" do confronto "bárbaros-império romano", em que os bárbaros (5º mundo) absorvem, dominam e permanecem e o império romano (1º mundo) é absorvido e desaparece.



Cultura aborígene, um 5º mundo

Uma cultura analfabeta, com predomínio do estilo hemisfério direito, numa sobrevivência de equilíbrio e sensibilidade ao contexto, com memória colectiva baseada em memórias individuais e registos por imagens, tem necessariamente uma estrutura cultural diferente de uma cultura alfabeta.

Na verdade, a cultura alfabeta desenvolve o estilo hemisfério esquerdo pela necessidade de juntar migalhas (as letras) de forma sequencial para obter estruturas (as palavras), repetir o método para obter frases, repetir para obter texto, etc. 
Numa palavra, aprende a fragmentar tudo para perceber e dominar.

Em complemento, a cultura alfabeta cria arquivos colectivos independentes dos indivíduos e na posse de alguns, cujo poder é tanto maior quanto mais a memória individual é destruída.

Assim, anexam-se quatro pequenos vídeos (New Atlantis Documents, Lost worlds) com quatro aspectos importantes na vida deste 5º mundo. 

Hoje o interesse é juntar a positividade das duas culturas no desenvolvimento das capacitações do ser humano e não fomentar ou manter um delas à custa da destruição dos efeitos da outra.

Como curiosidade o sub-titulo do livro "Digital Aboriginal" publicado em 2002 em UK e USA, é "Radical business strategies for a world without rules" e o seu tema é:

 […a necessidade de, num contexto empresarial de mudança rápida,  aprender-se a partir do estilo nómada de civilizações primitivas e aplicar essas aprendizagens para obter sucesso no mundo digital.] 

Como síntese, tal como os aborígenes, no mundo digital é preciso: movimentos rápidos, mudanças de direcção, atenção a conexões, pensar a lógica das intuições potenciando o que se chama análise heurística.



Imagens (4m 20s)

Nesta cultura, a imagem é  expressão de sonhos, mitos e crenças individuais e colectivas.
Ver as imagens é receber uma mensagem cujo significado se conhece, quer de si próprio, quer da tribo, e/ou da vida que vivem e dos animais que a povoam.
Muitas imagens têm conteúdos e formas antigas com milhares de anos e visíveis em pinturas rupestres.


Dança (2m 00s + 3m 15s)
As danças na prática são formas de roleplaying representando histórias de mitos e caçadas, e onde a maquilhagem incorpora e activa o espírito dos personagens (humanos e animais) mantendo viva a memória colectiva e na posse de todos.
Simultaneamente são uma espécie de escola da vida tribal. O poder do conhecimento é partilhado.


Noutras formas, a dança é uma espécie de roleplaying colectivo em que todos tomam parte e têm um papel activo na representação que, emotivamente, todos sentem e partilham.
Não há diferença entre eles, todos são actores e espectadores, a dança é como a vida […é de todos e pertence a todos…].
A máscara, tal como nos teatros actuais e desde há milhares de anos atrás, faz parte da imagética teatral, instrumento fundamental para criação do sonho acordado teatral



Ensino (2m 50s)
Os conhecimentos tribais são ensinados em conversas de "partilha" sobre música, músicos e outros temas de acordo com as crenças existentes, desde o que se pretende, dificuldades e capacidades necessárias.

No caso da conversa mostrada no video, repare-se como, quando perante uma eventual observação divergente(?) do "aluno", a reacção do ensinante foi de alegria e afectuosa, independente da explicação correspondente. Forma bastante diferente da pedagogia clássica da cultura alfabeta, mostrada na 2ª parte do video. 



domingo, 22 de dezembro de 2013

Conversando com pombos... uma experiência

Conversar com o telemóvel ???
Hoje é vulgar…porque o telemóvel "compreende" e obedece!!!!
Segundo alguma teorias, as palavras nos humanos têm 4 níveis de efeitos:

1 - o som criado pela dicção da palavra;
2 - o significado inserido no cognitivo e/ou no emocional;
3 - a energia vibracional transmitida;
4 - as associações detonadas no receptor que mudam o funcionamento cerebral.
(ver Pinçamentos "Telemóveis, bruxas e chefes", Nov. 2013)

No caso do telemóvel, só funciona o 3º nível, os outros não existem. Por ex, é semelhante ao riscar de unhas no quadro preto, em que a mão, o gesto, o estilo, etc, não interessam,


o fundamental são as vibrações produzidas, são elas que vão afectar o sistema nervoso, muscular e orgânico dos humanos (e animais?) e alteram consciências e decisões.
Também aqui o 1º e 2º níveis atrás citados para as palavras não são afectados mas o 3º e 4º nível arrepiam a pele e fazem dentes ranger.

Deste modo há imprints instalados que são activados e afectam o sistema nervoso. Por sua vez, ele afecta os sistemas orgânico e muscular e cria EAC's - Estado's Alterado's de Consciência.
(ver Pinçamentos "Cultura tribal, sexo, religião e neurociência", Nov. 2013)

Como hipótese lógica poder-se-á pensar que, se estas vibrações acústicas não-verbais afectam o sistema neuro-orgânico, então vibrações acústicas verbais também devem afectar.

Por ex., todos sabemos que, na prática, a palavra "desculpa" com uma certa sonoridade "desculpante" acalma e amolece conflitos. Todavia a mesma palavra com timbre "irritante" cria provocação e agressão e as conotações culturais da palavra ficam sem efeito. O 3º e 4º nível dominam a comunicação.

Por experiência pessoal, nestes casos, é preferível substituir a palavra "desculpa" por "pois" mesclando-lhe uma ou outra dessas sonoridades e acrescentando laivos de interrogação. Com algum treino é muito eficaz e com resultados interessantes principalmente em autoritários com licença de porte e uso.

Uma questão que me surgiu e interessou foi se, por imprints genéticos, existiria um certo tipo de sons a detonar risos???

Por estudos realizados, há realmente sons cujos efeitos fisiológicos e psicológicos são positivos e outros que são negativos, criando os correspondentes Estados de Consciência [... numa interacção entre as sensações auditivas na respectiva área do córtex e as emoções na amígdala, como resposta aos diferentes ruídos…].
(ver Sukhbinder Kumar, Ph.D., neurocientista Newcastle University Medical School. U.K, The Journal of Neuroscience)


Ao ouvir esta gravação é vulgar o rir da criança criar automaticamente um sorriso no ouvinte.
Segundo alguns autores o som do rir de uma criança provoca essa reacção e mesmo alguns animais (cães, etc) mostram sinais positivos de contacto.

Re-fraseando esta questão, é possível alterar a frase "sons e vibrações sonoras afectam o sistema nervoso" para "ondas electromagnéticas afectam o sistema nervoso"?


A diferença é que, fisicamente, uma onda é um impulso energético que se propaga através de um meio e, a ser assim, o universo da comunicação poderá abranger frequências para além das detectadas pelos cinco sentidos... e, deste modo, apareceu a ideia de uma experiência.

Experiência de "conversa" com pombos

Como ponto de partida considera-se que no córtex as ondas ondas electromagnéticas podem ser originadas em palavras ou em imagens e as suas características diferem consoante se referem a uma ou outra origem.

O mundo das imagens é o estilo do hemisfério direito, com dominância total e relacional (ex, ver um quadro) e o mundo letrado usa o estilo do hemisfério esquerdo, tipo detalhista e sequencial (ex, ler um texto).
Na pré-História sem textos para ler, o estilo hemisfério direito dominava o quotidiano.

No século XX, os antropólogos Gualtiero Harrison e Matilde Galli estudaram o que chamaram "cultura analfabeta" (1968/70) em crianças oriundas de famílias sicilianas analfabetas, sobreviventes na sociedade industrial mas fora do raciocínio fragmentado e sequencial característico dos letrados.

Este tipo de sociedade contrapõe-se à sociedade alfabeta, aprofundada por R. H. Tawney que lhe chamou "Sociedade aquisitiva", dominada pelo texto, pela fragmentação temporal e espacial do quotitiano.
Actualmente, com esta "Sociedade aquisitiva", o estilo do hemisfério esquerdo domina o quotidiano e a primazia da lógica causa-consequência característica do paradigma Newtoniano que foi posto em causa pela Fisica Quântica.

[É bom não esquecer que a nível dos átomos, moléculas, etc, obedecemos às leis e paradigmas da Física Newtoniana, mas a nível do mundo micro-atómico das partículas obedecemos às leis e paradigmas da Fisica quântica que lhe são opostos.
Na prática somos seres híbridos de dois mundos de leis diferentes, o macro-atómico e o micro-atómico.]

Nos rituais tribais, criadores de EAC, é fundamental a activação de raciocínios tipo hemisfério direito  e seu pensar global e relacional.

O psicólogo Gunter Haffelder do Institut fur Kommunication und Gehirnforschung (Instituto para Pesquisa do Cérebro e Comunicação) em Estugarda mediu as frequências cerebrais de participantes em sessões de transe activadas com som de chocalho e do tambor com 200 batidas por minuto e encontrou dominância do estilo hemisfério direito. Ex tribal:


Esta meditação EAC mobiliza a mente com visualizações e sons para activar o sistema nervoso, ela difere da meditação ZEN que esvaziar a mente e acalma o sistema nervoso reduzindo frequências cardíacas e ondas cerebrais. Assim, danças e ritmos são essenciais como preparação para os EAC's tribais.

Os EAC's das discotecas modernas além de danças, músicas e ritmos acrescentam químicos como o alcool, ervas, drogas e ambientes criadores de "humores" hormonais, adrenalina e sexo.

Experiência
A experiência baseou-se em procurar usar técnicas de EAC's tribais (tipo visualizações, relaxação, hipotónus, sensações, espaço-tempo (hemf. direito),  sons guturais, imobilidade) de modo a criar contexto positivo ou neutro.
Assim:

Durante alguns dias, em casa, treinei meditações e visualizações com pombos, positivas e negativas, em sessões de 15 minutos com audição de tambores (200 batidas por minuto).
Quando estava com os pombos não usei comida, ficava imóvel sem ou com sons guturais suaves tipo o "OM" tibetano. Mantinha-me longe deles, ao fundo do alpendre de acesso às garagens.


1º dia: fazia visualizações negativas, agressivas e sem som gutural
Os pombos não se aproximaram e se eu me aproximava afastavam-se. Se ia devagar afastavam-se devagar, se ia depressa levantavam voo.

2º dia: visualizações positivas, amigáveis, com so gutural "OM"
No início, durante cerca de 10 minutos, não me movi nem tirava fotos, apenas visualizava imagens positivas e agradáveis e fazia o som gutural.
Os pombos foram-se aproximando e entraram no alpendre.

Um deles aproximou-se até muito perto dos meus pés e durante cerca de 5 minutos andou por ali. Lentamente tirei fotos. Depois calmamente todos se afastaram.


Depois desse dia, quando de manhã ao ir beber café e passava muito perto deles nenhum se afastava  nem levantava voo, apenas olhavam e esperavam. Já não era desconhecido, era um vizinho.

Para mim, desta experiência o mais significativo não foi o que aconteceu neste dia mas o facto desses 30 minutos terem alterado, nos dias seguintes, a relação destes pombos em relação mim. Deixei de ser um desconhecido talvez "perigoso" para ser um "conhecido a confiar".

É interessante culturas tribais referirem uma  linguagem natural para falar com os animais, linguagem essa que não é centrada em palavras nem em gestos, mas não consegui pormenores.  Nas descrições a tónica na atitude amigável (o que quer que seja) é muito citada. Nunca percebi o quê, mas recordei o dito "cheiro do medo" que dizem os cavalos detectarem no seu cavaleiro quando ele está assustado. 

Talvez seja uma comunicação por processos vibracionais (ondas electromagnéticas''') que emitimos e recebemos à revelia do nível consciente, estilo intuição amorosa ou maternal. É bom não esquecer que a mulher é o único humano que comunica por "cabo" com o filho, sem palavras e sem gestos, aquando nos meses de gravidez, têm que existir sinais de transmissão-recepção.
O homem (sem esse upgrade)* só comunica por weireless e só por meio dos cinco sentidos.

*- Segundo a Biblia, Deus criou o homem e só depois criou a mulher. Até nos computadores, as 2ª versões são sempre upgrades com melhorias.

Para continuar a experiência penso levar 2 sacos de papel, um com areia e o outro com comida e colocá-los um à esquerda e outro à direita. Visualizar só o que tem comida e verificar se só rasgam esse e comem.

Se a experiência der resultado já tenho o telefone de um psiquiatra amigo para umas "conversas".

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Cultura tribal, sexo, religiões e neurociência


Ando encantado a viajar nas culturas tribais e quando regresso à civilização tecnológica ela nunca é igual ao que era quando parti, tornou-se diferente.

Dança tribal na discoteca
Discoteca na tribo
Das muitas diferenças existentes há uma que sobressai que é, na civilização tecnológica, sermos viciados em controlo o que não acontece na cultura tribal. Um consequência é perder-se o respeito pelo equilíbrio com tudo o que nos rodeia, quer seja com outros, quer com recursos e natureza.

Um tabu comum nas tribos é nunca caçar mais do que precisa, cuja infracção pode obrigar a rituais de purificação. Na civilização tecnológica não há limite para o que se precisa, o nome técnico para isso é enriquecer, objectivo que é  intensamente ensinado e aprendido.

Porém, os próprios animais cumprem o ritual de contenção, pois todos sabem que "animais sem fome não atacam":
Segundo F. Waal a gasela foi-se embora sem problemas

A antropóloga F. Goodman nos seus estudos sobre culturas tribais em vários locais do planeta reparou que o transe era uma situação vulgar na vida tribal. A criação de "EAC-Estados Alterados de Consciência" (ou transe), mesmo em regiões isoladas umas das outras, era uma prática semelhante quer por motivos religiosos, quer por razões de vivência pessoal, festas, participação, comunicação, etc.


As técnicas utilizadas são posturas (posições estáticas), danças (posições em movimento) com ou sem vibrações sonoras de sintonização (ritmos musicais), em que o tambor era o mais vulgar.
A auto-sintonia pelo canto (produção de vibrações sonoras) também é usada quer em actos religiosos, quer em participações festivas.
Em alguns locais os efeitos são potenciados com drogas químicas (cogumelos, fumos, etc). 


A PNL- Programação Neuro Linguística é hoje uma técnica muito usada desde a terapia às vendas e à persuasão.
A sua base é a conexão das emoções com o comportamento neuro muscular (postura e/ou movimento) em que um expressa e/ou influencia o outro. Noutras palavras, o corpo na sua posição e/ou movimento afecta o sistema nervoso, emocionando, excitando, acalmando, em resumo, alterando.

Se a influência PSICOsomática existe, também a influência SOMApsiquica é real.

Apesar deste Princípio ser hoje uma novidade chamada PNL, todavia, ele já existe desde a pré-História, com os chamados rituais de transe ou, mais recentemente, com a antiga YOGA e suas Posturas, ou até com o próprio Kamma Sutra e suas sugestões para sexo.
[ver Jean Clottes,The Shamans of Prehistory: Trance and Magic in the Painted Caves]

A nível do sistema nervoso parece que há posições corporais inatas (posturas) embebidas no organismo, uma espécie de "ossatura neural que escora um estado de espírito" detonável quando se entra na postura, pois activam-se neuro-circuitos impressos pré-instalados e em standby, detonando estados não habituais de consciência. 

São a base da Yoga, das técnicas de meditação e de religião, dos rituais de EAC (Estados Alterados de Consciência) e do próprio sexo, pois o orgasmo é um EAC obtido por estimulação de um circuito nervoso instalado e em standby. 

A base destas técnicas é considerar o corpo humano como uma antena:

Antenas: "ossaturas metálicas" que condicionam as
recepções e sintonias de ondas electromagnéticas

Na verdade o corpo humano é um instrumento capaz de ter vários designs (posturas) alterando disposições esqueléticas, relações espaciais orgânicas, pressões e relaxações internas, estiramentos e bloqueios, etc. Numa palavra, alterando "ossaturas neurais" e, por efeito somapsíquico, originar consequências psicosomáticas distintas.

O corpo é uma antena Automórfica [Autos (próprio)+morphe(forma)]:
Corpo: "ossatura neural" que condiciona recepções e
sintonias de "estados de espírito" (ondas electromagnéticas?)

Uma experiência a fazer com base em posturas estáticas:

Falar com um cônjuge ou um amigo(a) íntimo(a) ou um filho adolescente, sobre um tema de implicação emotiva pessoal, utilizando cada uma das seguintes posições, mas ficando ele de pé: 


Em cada uma delas, analisar o estado de espírito resultante na conversa e identificar as diferenças. Como variáveis psicológicas afectáveis (pró ou contra) para diferenciar, verificar as dominâncias de comunhão, acolhimento, subserviência, adoração e diálogo.


A base da leitura corporal e da indução emocional é que a postura e o estado de espírito estão interdependentes influenciando-se mutuamente e que todos o sabem fazer, todos o usam e todos o entendem:

Qual é a emoção das duas posições
e qual é o homem?  e a mulher?
Qual é o mais deprimido ???
Encontrar 3/4 razões

Ver possíveis Alternativas (clickar)

Na prática todos existimos num determinado EC (Estado de Consciência), um específico equilíbrio corpo-emoção que nos relaciona com as vivências que vivemos e que pela comunicação recebemos e provocamos nos outros.

Às vezes alteramos esse EC habitual e passamos a um EAC- Estado Alterado de Consciência, que em função de intensidades e formatos diferentes se pode aproximar mais ou menos de transe de características existenciais e/ou religiosas [...no sentido de religare: religar a…, segundo Lactâncio e St. Agostinho, sec III e IV].

Todavia, há um EAC habitual que é a garantia da manutenção da espécie, refiro-me ao EAC orgasmo com a alteração energética do sistema neuro muscular mediante estimulações nervosas, muitas vezes associado a outros tipos de EAC's provocados por álcool, tabaco, drogas, adrenalina, etc.

As suas variantes são muitas, desde influências Psicosomáticas a Somapsíquicas, oscilando entre uma focagem corporal com a "ginástica sexual ocidental" até à focagem espiritual com a "imobilidade tântrica oriental" e podendo oscilar entre poucos segundos até horas.
A chamada "relação sexual amorosa" ocidental vive algures entre esses dois extremos.

Na linha de Marian Woodman (da perspectiva Jung) quando diz que [...espírito sem matéria é intocável e matéria sem espírito é inerte, pois cada um vive através do outro…] pode-se encontrar a filosofia de posturas sexuais antigas, kama Sutra e outras, quando dizem que

[…o orgasmo é um transe feito de corpo-espírito-outro,
em que se pensa o Ego sentindo o Corpo, 
se pensa o Corpo sentindo o Ego e 
tudo isso através do Outro…],

a ser assim, a violação é uma aberração de um EAC instalado geneticamente no nosso sistema nervoso e os dois modelos extremos atrás citados (ginástica ou imobilidade sexual) se extremados, também, perdem a dinâmica desta trilogia.

Se se considerar que o corpo humano é o mesmo, a conclusão de que as emoções criam posturas e as posturas criam emoções através de circuitos neurais pré-instalados e pré-impressos no corpo humano,  arrasta a hipótese de existir nas culturas tribais algumas técnicas de como fazer, quer para uso pessoal quer para rezar aos deuses.

Alguns antropólogos resolveram pesquisar essa hipótese e entre pinturas rupestres, estatuetas e imagens em terracota, passando por relatos orais, memórias colectivas e práticas concretas, muito material foi encontrado.



Parece que a evolução civilizacional caminhou de um raciocínio focalizado no estilo Hemisfério Direito (intuitivo, inovativo, emocional) focalizado na forma, cor, música, simbolismo para o estilo Hemisfério Esquerdo (lógico, racional, analítico) centrado  no tempo fragmentado, texto, causa-consequência, especialização, detalhe.

Deste modo, os detonadores naturais de raciocínio passaram da emoção (sentidos) para a lógica (raciocínio). A pergunta deixou de ser -"O que sinto ?" para ser -"O que penso?".

Possivelmente, hoje, detonar EAC's através de "circuitos neurais impressos" pré-existentes, precisa de um trabalho conjunto do estilo Hemisfério Esquerdo e Direito.

Segundo a psicóloga V.F. Emerson o transe religioso a ser detonado por posturas (ex. a posição de rezar) precisa da instalação prévia de um sistema de crenças (missionação) a completar o estado de espírito favorecido pela postura. Como é óbvio uma contra-crença instalada bloqueia o estado de espirito a ser favorecido.

A antropóloga F. Goodman recolheu algumas posturas de culturas tribais e depois, em Santa Fé, Novo México, facilitou diversos grupos a fazerem com elas algumas experiências de criação, ou não, de estados de espirito correspondentes.  

Considerando a não existência de conotações religiosas, o sistema de crenças não era necessário pelo que foi apenas uma espécie de exercício de "ginástica" yoga, em que cada participante tomava a posição correspondente procurando ficar cómodo, não tenso e vivê-la com "sorriso interior".

De qualquer modo, na cultura local cada figura tinha uma determinada significância e o interessante é que os resultados emocionais e de estados-de-espirito obtidos pelos grupos foram sintónicos com os da cultura tribal, confirmando as hipóteses de partida em que a experiência se baseou.

Como exemplo (e talvez(??) experimentar) eis algumas posturas de "Yoga" tribal, e algumas instruções a partir de recolhas orais na cultura de origem:


Estatueta de tribos da America do Sul e Central, de 200 AC a 200 DC, apesar de semelhante a posições dinâmicas de estiramento de posturas embebidas no sistema neuro muscular (ver imagens a seguir), a intenção é uma posição de repouso para "limpeza" e recuperação de "dores psicológicas".

Detalhes da priemira:
pés paralelos e à largura da bacia, mãos apoiadas no pescoço sem criar tensão, cotovelos virados para a frente, olhar em frente com olhos fechados,
detalhe  fundamental: boca aberta para emitir um som [...Ahhhh…] durante a postura em que a tonalidade varia por escolha pessoal de sintonia com o estado de espírito.
Esta técnica de "catarsis por grito" é usada em terapias modernas.

Estiramentos (bebés, adultos e animais) por imprints pré-instalados
no sistema neural-muscular





Estatuetas da América Central, 200 AC.
Esta postura é uma postura base de […ser paciente…] ou […faz pergunta e espera, espera, espera…]
Fez-me lembrar uma certa cultura tradicional africana quando, perante uma pergunta complexa, se obtém uma resposta amigável de -"Ainda…!", significando -"Vou pensar, depois respondo".

Afasta-se da cultura tecnológica do Hemisfério esquerdo, pressionada pelo relógio e perseguindo controlos de causa-consequência, e aproxima-se da cultura do Hemisfério direito centrada na intuição e no tempo necessário para maturar e pensar respostas, ao estilo do agricultor que semeia e espera o crescimento.

Detalhes da primeira:
Apoiar ligeiramente o calcanhar direito para a pressão ser na planta do pé, pôr a planta do pé esquerdo junto ao tornozelo do pé direito, boca aberta com os lábios apoiados na mão, mão esquerda com dedos ligeiramente abertos apoiada levemente no joelho esquerdo, cotovelo esquerdo fixo e afastado do corpo,
detalhe importante: olhos fixos em frente com a pergunta bailando no espírito e esperar, esperar, esperar... que a intuição funcione.

Na cultura tribal é a postura ideal para quem quer mergulhar no que quer entender ... e confiar na espera (isto é, no trabalho da intuição).



Estatueta da zona de Santa Cruz, Mexico, 1000 AC a 900 AC.

Lendo a descrição, a imagem que construí foi uma Fenix renascendo das cinzas.
Na prática é uma postura de mudança, de metamorfose, de transformação pessoal, eventualmente simbolizada na possível gravidez que é sempre uma transformação em curso.

Toda a dinâmica da postura se encaminha para um agitação quase descontrolada, como que "surfando" em múltiplas possibilidades, com energia de mudança, sem medo de avançar e não querendo voltar atrás.

Parece ser semelhante a uma limpeza psicológica e existencial de saída da droga ou da violência doméstica, não por catarsis mas por metamorfose.

Detalhes da primeira:
joelhos afastados, sentar nos pés ou no chão entre eles, braços junto ao corpo, mãos no lado de fora dos joelhos neles apoiados de dedos abertos, cabeça levemente para a frente e para trás tão longe quanto possível apoiada no pescoço, olhos fechados,
detalhe importante:  boca aberta com o lábio inferior estendido para a frente tão longe quanto possível.


Para a terminar:

À semelhança dos imprints da discoteca também os imprints das posturas tribais precisam de contexto a nível corporal e a nível sistema nervoso.
Como é óbvio, os EAC desejados para a discoteca são diferentes dos referenciados aqui para as posturas tribais, portanto os contextos não são os mesmos.

A nível corporal um espaço tempo resguardado e calmo é fundamental e um período de respiração controlada e completa é aconselhável. A nível sistema nervoso a música apropriada é um bom apoio, se bem que existem algumas aconselhadas, se for uma música calma, melódica e do vosso agrado pode ser um bom ponto de partida.

Um conselho muito aconselhado: assim que se acaba faça-se um registo de tudo que se lembra, seja ou não significativo. Mais tarde a conclusão pode ser outra.


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Portugal, a crise dentro da crise


Outro dia assisti a uma conversa-discussão sobre futebol englobando 3 gerações, dos 16 aos 60 anos.
Fiquei interessado e espantado com o elevado número de conhecimentos que todos possuíam. A conversa foi animada e os detalhes eram muitos e variados, desde tácticas, jogos, êxitos, falhanços nacionais e internacionais, até negócios, contractos e despedimentos, políticas de associações, campeonatos, etc.

O centro do meu interesse era o "plopar" (emitir) contínuo de opiniões não coincidentes, fundamentadas em dados concretos que ninguém contestava.

A minha conclusão foi simples: nós portugueses somos um povo cheio de opiniões…o que é muito BOM, daqui nasce a nossa conhecida criatividade chamada desenrascanço, que espero não seja destruída.

Agora o reverso da medalha.

Quanto mais opiniões existirem, maior é a probabilidade de surgirem facções diferentes e se criar fragmentação social.
Se se analisar gravações de debates políticos actuais, quer oficiais (Assembleias) quer particulares (TV e campanhas), claramente o que é fomentado, ensinado e divulgado é a luta de opiniões. Em complemento, procura-se construir claques e obter palmas como no circo e se possível destruir as oposições.

Na perspectiva actual, até em criticas TV: -" O debate foi morno…", considera-se que um debate é BOM quando as fragmentações ficam claras e a luta é sangrenta.
Na verdade, a avaliação normal é que se um líder concordar é sinal de fraqueza e estupidez, mas se combater com golpes que obtenham aplausos então é sinal de força e inteligência.

Esta perspectiva apesar de interessante é estranha porque por definição, numa Democracia, os participantes de uma Assembleia não são inimigos, são parceiros, co-responsáveis e comprometidos com o resultado comum.

PS - Porém, com estas regras de jogo, alguém anda enganado… ou os cidadãos que elegem ou os eleitos elegidos, ou talvez os dois!!!

De qualquer modo, se olharmos à nossa volta o diagnóstico é óbvio:

Portugal, tem uma crise dentro da crise. Essa crise interior chama-se fragmentação política-social da sociedade portuguesa e é fomentada a partir de centros políticos, culturais e económicos para a periferia, se bem que a sociedade periférica (a chamada sociedade não-política) ainda sobreviva com coesões tradicionais.

PS - Este conceito de sociedade não-política (agora na moda) é um conceito interessante para analisar o porquê da fragmentação. 
É que numa Democracia não há cidadãos não-políticos (na antiga Grécia seriam os escravos), logo na Democracia não há sociedade não-política.
No conceito actual, os cidadãos só são políticos no momento em que elegem os eleitos, depois estes são os políticos e os outros passam a não-políticos. Talvez esteja enganado, mas isto parece-me sintomas de ditadura disfarçada.

Aliás, este diagnóstico de fragmentação política não é novo, Salazar já o fez no seu tempo, aquando da criação da ditadura do Estado Novo. Na verdade a UNIÃO NACIONAL criada na altura, como o próprio nome indica, responde a essa necessidade. Nesse tempo, realmente, só os "políticos" eram políticos e é por isso, exactamente, que era uma ditadura.

Salazar definiu bem o problema da fragmentação, mas definiu mal a sua solução.

Enquadrado na cultura da Europa de então, a solução para uma sociedade fragmentada seria uma sociedade com "todos unidos e de passo certo", obedientes a políticos com a função de gestão, o que ainda se encontra no estilo dos partidos actuais.
Era o que então acontecia noutros países, Alemanha, Itália, Espanha, etc. Esta cultura  disseminou-se como um vírus (que ainda existe por aí) e assim o Estado Novo nasceu apoiado e apoiando a União Nacional, cimentada em  massificação colectiva amalgamada num "apolitismo obrigatório".

Considera-se que a crise portuguesa da fragmentação política é provocadora da crise económica, tornando necessária uma Tutoria Internacional de Menores (troika sobre os portugueses) feita com o beneplácito e complacência de pais incultos (os eleitos).
Todavia, talvez seja exactamente o contrário:

não é a fragmentação que provoca a crise,
é a crise que precisa da fragmentação.

Se olharmos a História mundial antiga e recente, uma das principais medidas de qualquer colonizador é fragmentar a sociedade colonizada e depois amalgamá-la numa massa amorfa.

Noutras palavras, para o colonizador (interno e/ou externo) a fragmentação social é fundamental para instalar e manter a extracção das vantagens desejadas e continuarem os tutores a serem tutores e os pais incultos a serem intermediários.

Todavia, em Portugal talvez haja também um problema complementar.

Existem contaminações culturais inter-gerações, quer por reprodução, quer por contra-reprodução. Isto quer dizer que sendo uma geração "educada" para ser "apolítica submissa" (caso Estado Novo) quando a tampa opressiva termina, o modelo disponível para usar é o equilíbrio "político dominador versus apolítico submisso".

Em consequência o modelo a usar na Democracia vai ser de uma Ditadura disfarçada.
Uns transformam-se em "políticos dominadores no poder", outros em "políticos dominadores na oposição"(contrapoder) cuja luta passa a ser entendida como "dinâmica democrática". Os restantes continuam a ser "apolíticos submissos" e chamam-se então "sociedade não-política".

O problema parece ser uma cultura política a precisar de terapia, não no respeitante à sociedade portuguesa em particular, mas sim respeitante a uma contaminação cultural da herança ocidental.

No caso português, fugimos um pouco à normalidade destes casos, por um lado para melhor, por outro lado para pior.

Neste caso o padrão é "dividir é reinar", ou seja, o sinal de democracia é poder dar opinião, portanto, ficam mais fragmentados (dividir) mas também mais afirmantes da sua posição (reinar).

Esta perspectiva convém a quem quer ser tutor participante numa Ditadura disfarçada pois divide, ou a quem quer ser cidadão participante numa Democracia real pois expressa opinião. Como é evidente, isto é um paradoxo (ser e não-ser ao mesmo tempo uma Democracia), logo tem que existir um BUG em qualquer lado.

Pondo a questão de uma maneira simples:
Os portugueses que gostam e dão muitas opiniões,
vão favorecer Ditaduras disfarçadas ou Democracias reais ??

Na verdade todos os cidadãos, críticos, comentadores, participantes, etc, ao ajudar com a sua opinião estão a aumentar a fragmentação social, pois quando agem com o  -"Já agora digo o que penso" [... que é exactamente o que também estou fazendo…] vão contribuir para aumentar a gama de adesões possíveis, favorecendo a multiplicidade de facções.

Não me parece que seja possível fazê-lo doutra maneira. Portanto este não é o problema, ou seja, o problema não é de quem emite as opiniões, o problema é de quem recebe as opiniões.

A solução de Salazar ao fazer a União Nacional por "calar as vozes" ao estilo da Europa de então, acabou por resolver a fragmentação mas à custa de destruir a sociedade. É o que acontece com a disciplina partidária que instala a unidade partidária à custa do empobrecimento da sua potencialidade. Ambos resolvem o problema no sitio errado.

A solução não é massificar as opiniões reduzindo a sua origem, é enriquecer as redes de recepção potenciando a sua integração. Uma opinião é sempre uma fragmentação, a questão fundamental é o que acontece DEPOIS, isto é, o que se vai fazer com essa opinião. É aqui que "entra" a "inteligência colectiva" da Democracia.


Aprofundando:


(Referência "Gestão de conflitos" de Paula Silveira, in blogue 
"Gestão de conflitos, o BOM e o MAU", de 22 Set. 2013)

Uma opinião é uma conclusão pessoal construída a partir de factos aceites. Como ninguém é Deus, essa conclusão tem uma percentagem de BOM e uma percentagem de MAU. O que acontece é que cada um fica "vidrado" na sua parte boa (que leva por arrastamento a sua parte má) e entra em conflito com as partes más e/ou boas dos outros:


Fragmentação social com as opiniões em conflito
Todavia o problema não é vencer uma luta de opiniões para eleger a melhor. O problema não se foca na inteligência individual a ser reduzida mas na inteligência colectiva a ser aumentada.

A pergunta a fazer perante uma opinião não é:  

- "O que é que está errado e eu não concordo?", 

mas sim, 

- "O que é que está certo e eu concordo?",  e a seguir 

- "Como é que eu integro as partes BOAS das opiniões?". 

O esquema anterior no caso de recepção em inteligência colectiva fica só com as partes boas de cada opinião integradas entre si, as partes más são esquecidas, pelo que o resultado é o seguinte:


Agora o cuidado a ter é que, nas respostas a estas segundas perguntas, vão aparecer outra vez percentagens de BOM e percentagens de MAU, portanto, não se pode cair novamente numa luta de opiniões e fazer nascer outra vez o circulo vicioso da fragmentação social.


Em Portugal, se a crise da crise é a fragmentação política na sociedade portuguesa, então a solução não passará por uma nova massificação de um novo "partido", que aumentará a fragmentação, mas num enriquecimento das redes de recepção e uso das […FELIZMENTE…] muitas opiniões emitidas, potenciando a inteligência colectiva, cuja criatividade já foi demonstrada na nossa História, a par de alguns Bugs.

Em conclusão...

…ou este escrito de "O que eu penso" é mais um empurrão à portuguesa para a fragmentação, ou é um recurso para um pensar conjunto, porém isso já não depende de mim, depende de existir ou não uma pequenina percentagem a ser aproveitada por outrem.

Se não existir percentagem alguma para aproveitar, é sinal que nenhuma solução passará por aqui e portanto terá que se procurar noutro lado. Nenhuma fragmentação será criada.



quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Cair ou saltar p'rá água



Cair na água ou saltar para a água?


Tudo pode ser igual mas o estado de espírito é diferente, ou seja, é:

- "Com ou sem decisão pessoal?"



A diferença faz a distinção entre Pedagogia Experiencial e Imposição Experiencial.

Imposição Experiencial é simples e rápida:

- "Empurra-se e logo se vê !!!"

É um método muito usado por alguns Educadores, pois podem ensinar dezenas de crianças ou adultos em pouco tempo…é só empurrar. Os que ficam "mutilados" psicologicamente mandam-se embora, eles não são importantes, a quantidade de resultados obtidos é que é importante. 

Este método também é utilizado noutras situações (aulas teóricas) e aqui o empurrar é psicológico, é feito de gritos, castigos, ameaças, etc. Se os que sobrevivem são em quantidade aceitável, então a Imposição Experiencial é BOA.

Características (ver video no fim):

- É rápido e fácil;
- Quem ensina tem pouco trabalho;
Quem ensina não precisa de formação;
- Quem aprende não precisa de tomar decisões, nem sequer para obedecer: faz e pronto!
- A pessoa importante é quem ensina;
- Base pedagógica: "Aprender é estar fazendo"

Pedagogia Experiencial é mais complexa e lenta:

Aqui o aspecto central é a autonomia decisória de quem aprende. Ensinar é criar condições para que isto aconteça, é cansar-se a procurar o apoio correcto para facilitar a sensação de segurança e ter a posição de vida do tipo "Eu sou capaz". A empatia é fundamental…ninguém pode ser desperdiçado.

O método também é utilizado em aulas teóricas. Aprender é tomar a decisão de "isto é significativo", portanto não pode ser obrigado, nem empurrado, exige tempo e maturação pessoal. Se ninguém fica pelo caminho então a Pedagogia Experiencial é BOA.

A Pedagogia Experiencial preocupa-se com aquilo que quem aprende "decide pôr cá fora", a Imposição Experiencial preocupa-se com aquilo que quem ensina "decide pôr lá dentro".

Características (ver video no fim):

- É lento e complexo;
- Quem ensina tem muito trabalho;
Quem ensina precisa de formação;
- Quem aprende precisa de tomar decisões, até para querer obedecer.
- A pessoa importante é quem aprende;
- Base pedagógica: "Aprender é pensar o que está fazendo"

Para terminar, um pequeno video de ensinar a descer escadas, usando as duas pedagogias:

Pedagogia
(clickar) 








segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Portugal, o passado e o futuro

- "Precisamos conhecer o passado 
para desenhar o futuro !",

diz o paradigma Newtoniano cimentado no seu dogma "o que acontece é resultado de causa-consequência", em que o futuro são apenas possíveis ligeiras variantes do determinismo do passado.

- "Precisamos alterar a perspectiva de como se vê o passado,
para desenhar o futuro diferente!",

diz o paradigma Quântico cimentado no seu dogma "o que acontece é resultado do colapsar de possibilidades", portanto, é uma espécie de escolha entre o muito que é possível fazer a partir do que existe. Por outras palavras, não há determinismo…há opções com 360º de liberdade.

A palavra chave que separa as duas afirmações é perspectiva.

Qualquer poder vitorioso a primeira acção que faz é contar o que aconteceu, isto é, fazer a HISTÓRIA, não para arquivar factos, mas para dar uma perspectiva que apoie o seu poder e enfraqueça o contra-poder. 
Para sair de uma derrota, os derrotados também vão tentar fazer HISTÓRIA, isto é, vão procurar contar o que aconteceu para obter uma perspectiva positiva que impulsione o nascer e o desenvolver do contra-poder.

Nos jogos políticos é o mesmo. Os debates não servem para fornecer factos para os eleitores pensarem, servem para fomentar uma perspectiva nesses eleitores. A maior parte dos comentadores, com raras excepções, faz o mesmo.

As ditaduras também… e um dos seus objectivos prioritários é sempre re-escrever a História, fomentando um ponto de vista que legalize os seus actos:

"Eles não se governam nem se deixam governar", dizia um General Romano vivendo a dificuldade de submeter os Lusitanos.

Parece ter sido dito pelo General Servius Galba que, sem conseguir vencer, chacinou milhares de Lusitanos, sendo julgado em Tribunal (149 AC).

Noutra perspectiva, o interessante é existir um povo Lusitano que vivendo em sociedade e "não se governando nem se deixando  governar" mantém meio século (145 AC a 94 AC) de guerras vitoriosas contra o romanos "que se governavam e deixavam governar".

Além de ser estranho, ainda é mais estranho que os descendentes dessa cultura (os Portugueses) aceitem como correcta essa definição romana dos Lusitanos, na prática um contraponto do General à sua derrota às mãos deles. 
Realmente os Romanos deviam ser muito "fracalhotes" pois durante mais de 50 anos forma derrotados por um povo tão desgovernado….

Talvez o problema seja outro.

A educação transmite posições de vida, posições de vida são perspectivas assumidas como paradigmas aceites. 
Uma posição de vida de "personalidade submissa e incapaz" é um trabalho fundamental a fazer em qualquer ditadura ou democracia autoritária para continuar no poder.

Quando uma Democracia autoritária sucede a uma Ditadura aproveita, mantem e reforça posições de vida já instaladas no reforço da submissão e da incapacidade.

A Democracia Portuguesa actual sucedeu à Ditadura Estado Novo. 

As lideranças actuais foram educadas no Estado Novo e numa Europa saída de Ditaduras. Talvez, para quem lidera e para quem é liderado, a "dupla personalidade dominador-submisso" esteja endémica.
(PS - endémica: infecção que é mantida sem necessidade de contaminação proveniente do exterior)

Dizer que os portugueses não se conseguem governar e sair sozinhos da actual da crise (precisando de tutor-Troika) é uma visão tipo Gen. Servius Galba para não perder o controlo. 
Não será apenas aproveitar a imagem instalada de "povo infantil e meio imbecil" fomentada pela  ditadura Estado Novo para poder governar à vontade ???

A questão importante é:
Aquilo que nos torna maus numa Democracia Autoritária baseada na drástica disciplina partidária (essencial em ditadura) não será exactamente o que nos torna bons numa Democracia Democrática?

Compreender o passado numa perspectiva diferente
é fundamental para construir um futuro diferente !

É altura de mudar a perspectiva com que vemos a nossa História. Aquilo que os Romanos chamavam desgoverno era apenas o governo de Lusitanos para viver livres deles.

É importante olhar para a História recente e ver quais são as linhas de força da Ditadura do Estado Novo que se mantêm activas e com poder na actual Democracia. Olhar para elas fora da perspectiva de necessidade funcional e sim com a perspectiva de necessidade de controlo.

Há quatro "heranças" que me parecem óbvias:

1 - A obediência ditatorial dentro dos partidos, exactamente como no antigo partido da União Nacional;
2 - A escolha dos candidatos dentro dos círculos secretos internos dos partidos, exactamente como na ditadura do Estado Novo;
3 - O nível de impunidade da gestão política dos organismos, exactamente como na ditadura do Estado Novo.
4 - Atracção de adeptos pela porta de benesses profissionais pela porta partidária, estratégia comum à maior parte dos partidos e fundamental na consolidação das ditaduras.

Convinha fazer um diagnóstico rápido, mais pormenorizado, do que continuou do "antes" para o "agora" e propor modificações funcionais e lógicas. Não é um problema de portugueses, é um problema de regras de jogo em vigor.