Translate

terça-feira, 23 de outubro de 2018

O ciumento e a Fisica Quântica


Ando “encantado” com a Física Quântica, realmente a ciência tem “piada” e atrai porque estraga o nosso senso comum e nos obriga a ver as nossas verdades doutro modo.

Einstein deu cabo do senso comum quando teorizou que dois gémeos podem ter diferentes “envelheceres” e, assim, um estar jovem quando o outro já é velho caquético… o que destrói o mais elementar senso comum.
Cientificamente chama-se “Teoria da Relatividade”… é suficiente um ficar na Terra e o outro viajar perto da velocidade da luz, pois quando regressa ele ainda é jovem e o outro já é velho.

Com estas pequenas dentadinhas da Ciência no senso comum, por ex, Galileu ao dizer ”…mas ela (a Terra) move-se…” tirou-lhe um bocado, o senso comum “adoeceu” mas recuperou restaurado.

Com os telemóveis aconteceu o mesmo.

As invisíveis ondas electromagnéticas entraram no senso comum e ninguém se admira de ver outrem a passear pelo ar uma "caixa" (o telemóvel) à pesca de invisíveis ondas pois todos sabem (é óbvio, lógico e credível) que estão por lá.
Este senso comum usado no tempo do rei D.Afonso Henriques faria o senso comum da época queimar na fogueira o(a) passeante da caixa como bruxo(a).

Porém, a Quântica não dá dentadinhas… esfacela, rasga, deixa sem reparação possível o senso comum obrigando-o a tornar-se outro-comum e adaptar-se.
Não é fácil, exige adesões tipo Fé, ou seja, “é concreto, não acredito, portanto acredito” e aderir ao mundo encantado dos milagres.

Gosto da Ciência, mas ainda não percebi se sou masoquista a gostar de mutilações no meu senso comum instalado ou aventureiro a entrar no mundo do desconhecido impensável.
Porém, esquecendo essa decisão pendente, resolvi pesquisar a problemática do ciúme com a filosofia quântica.
(😇😆😇😆). 

Senso comum

Nós pensamos e decidimos com base em informações previamente armazenadas, os chamados referenciais. Quando estes referenciais são comuns a um grupo, ele pensa (cria significados e decide) de forma similar, ou seja, cria senso comum.

Os europeus vestem calças mas quando chegaram à Polinésia os seus habitantes acharam "parvoíce" estes estranhos andarem com tubos enfiados nas pernas. O pensar diferente resultava de referenciais diferentes.

Sem o notarmos a cultura vigente instala-nos referenciais que nos "empurram" para pensares e acções "lógicas". Por ex., no ocidente as mulheres tapam as pernas e descobrem o peito, mas no oriente tapam o peito e descobrem as pernas.

O senso comum dos ocidentais "veste" as mulheres de uma maneira e o senso comum oriental "veste-as" doutra. Os argumentos de ambos são do mesmo tipo: óbvio, correcto, elegante, moral e, se possível, obrigatório.


Na verdade é tudo apenas uma questão de referenciais, e com isso se alimentam os facciosos e os extremistas. O senso comum é a vitamina das amizades e o vírus dos conflitos.

Os paradigmas da Física Quântica não são apenas diferentes dos paradigmas da Física Clássica (Newtoniana), por ex., Realidade, Localidade, Causalidade e Continuidade, eles são o seu contrário, pois afirmam exactamente o oposto do senso comum instalado na cultura ocidental.
Curiosamente, aproxima-se de sensos comuns instalados noutras culturas, por ex., no taoísmo (vide "The Tao of Physics" de Fritjof Capra, PhD, físico teórico, USA).

Apesar dos paradigmas quânticos serem recusados, as experiências feitas com base neles são um êxito. Por exemplo, Einstein recusou o fim do parâmetro da Localidade (limites rígidos nos elementos) e desenvolveu em conjunto com Podolski e Rosenou o paradoxo E.P.R. nesse sentido. 

Todavia, depois da sua morte provou-se realmente que a Quântica funciona com NÃO-Localidade  através das experiências de (além de Bell em 1960) Aspect (1982), Rarity e Tapster (decada de 1990). Assim, o senso comum perdeu o "comum" e adquiriu "partidos", facções.

Como parâmetro base, a Física Tradicional considera o universo constituído por "bolinhas" de limites rígidos, os átomos, portanto, não possíveis de mudar. Porém, a Ciência evolui e acaba por descobrir neles as "partículas subatómicas", "bolinhas de energia" sem limites rígidos e o universo fica outro, com outras regras.

Cria-se um senso comum com dois sensos comuns divididos por uma fronteira, o átomo, pois se for maior que ele tem leis e parâmetros da Física Tradicional (Newtoniana), se for menor pertence à Física Quântica com leis e parâmetros diferentes e opostos.

Exemplo, quando duas moléculas (maiores que átomo) chocam nenhuma muda, é o mundo da matéria. Quando duas partículas (menores que átomo) chocam ambas se alteram, combinam, e algo novo surge "maior" que a sua soma... é o mundo da energia.

Como ex., a equação de Dirac (∂ + m) ψ = 0 que diz em simplex:
"quando dois sistemas interagem entre si durante um certo tempo nunca mais são dois sistemas distintos, de modo subtil ficam um único sistema. O que acontece a um deles influencia o outro, mesmo  distantes a anos luz".

Entrar neste mundo obriga a abandonar o senso comum da mundo da matéria... e ir para os paradoxos e caos "mental" da Quântica com o senso comum da energia. Aqui, são os resultados concretos das experiências feitas e a Matemática que auxiliam o caminhar (ver link anterior da equação de Dirac).

São várias as "dentadas e arranhadelas" da Quântica na Física Tradicional mas há uma, o paradoxo do "Gato de Schrödinger", que é a mais debatida e divulgada, sendo uma das bases para a compreensão da Quântica. 
Gato de Schrödinger

A hipótese é simples, baseia-se num gato com três estados diferentes: um gato vivo, um gato morto e um gato vivomorto, isto é, ao mesmo tempo vivo e morto, portanto, com capacidades diferentes de qualquer dos dois.

A experiência é:

1 - Uma caixa opaca fechada tendo lá dentro um gato, um balão de vidro com veneno (ácido cianídrico?) e um átomo radioactivo que se decair ("romper"), o que é uma probabilidade incalculável, libertará um electrão ficando radioactivo. Portanto, pode ter dois estados, sim ou não radioactivo.

Segundo o Principio da Incerteza de Heisenberg (inexistente na Física Tradicional) o electrão poderá estar mais perto do núcleo atómico e não decai ou pode estar mais longe e decai. A probabilidade não é calculável.

No início da experiência o átomo não está radioactivo, o veneno está contido no recipiente e o gato está vivo.

2 - Porém, dentro da caixa há um auxiliar metediço, um contador Geiger, que aproveita o átomo emitir radiação para, com ela, activar um martelo que partirá o balão e espalhará o veneno. Deste modo o gato morrerá.

3 - Algum tempo depois, com a caixa fechada, não se saberá o que lá existe, isto é, se o átomo não decaiu e o gato está vivo ou se decaiu e está morto.
Mas sabe-se que poderá estar morto (50%) ou vivo (50%), ou seja, estará 100% no estado vivomorto.

Por outras palavras, segundo a Quântica é um estado com três possibilidades, qualquer delas susceptível de existir. Só com o abrir da tampa é que uma possibilidade passa de possível a real e a outra de possível a não-real.

Agora é que isto fica interessante, pois a Física Tradicional e a Física Quântica não dizem e concluem o mesmo sobre a experiência.

Talvez aqui seja necessário um pequeno comentário colateral

Um exemplo, o Manel conduz um carro, tem um desastre, vai para o hospital e fica inválido:

Quando o senso comum pensa causa-consequência acerca disto, na verdade... isso não é verdade. Realmente o que ele pensa é "consequência-causa", isto é parte da consequência, anda-para-trás no tempo e procura a causa.
Este processo tem uma grande dose de inferência probabilística, é sempre atravessado por incerteza e, normalmente, é acompanhado pelo óbvio instalado no senso comum. Quando encontra uma causa "evidente", a chamada evidência, faz prova, ou seja, o seu significado torna-se "lei".

Neste caso do Manel, existem duas possibilidades ou morre ou não-morre, se não morre pode ficar ficar inválido ou não-inválido.
Assim, partindo da consequência "invalidez" chega à causa dela que é o desastre, a etapa onde tudo começou... pois é óbvio que conduzir não faz invalidez:

"Cientificamente" inverte os termos e conclui a causa-consequência da invalidez foi o desastre.
Apesar do pensar óbvio ser "...o instrumento preferido do pacóvio para pensar...", arrisco-me a dizer que é óbvio que este raciocínio parece ser um queijo suíço cheio de buracos (bugs):


Na verdade, a partir da consequência as possibilidades de causa são várias, por exemplo:
1 - desastre:
2 - tratamento incompetente no hospital;
3 - uso de remédios mal fabricados pelo laboratório;
4 - embriaguez do Manel;
5 - passageiro que agride o Manel quando conduz;
??- etc, desconhecidas (ter sido drogado, sabotagem carro, ...)


Admitindo que não há mais causas desconhecidas (tanto quanto se infere) mas que as cinco descritas são reais contribuintes da invalidez (portanto causas) a questão crucial é determinar quais as percentagens relativas dessa contribuição antes de garantir a validade da afirmação a causa-consequência foi...?😡?.

Náo é tarefa fácil. Com consciência disso, a Física Tradicional com seus paradigma do determinismo e causa-consequência exige e é "viciada e paranoica" com medições, mais medições, medições das medições, "porque Deus não joga aos dados" (Einstein) mas afinal, hoje, parece que joga.

Fim do Comentário

Assim, na experiência do Schrödinger e seu gato, a Física Tradicional dada a inexistência de medições no interior da caixa fechada usa o óbvio do seu senso comum (alternativas sequenciais) e conclui [...tudo já aconteceu apenas não temos evidências...] e os seus adeptos terminam dizendo [...o facto de não vermos a lua não significa que não está lá...] mas, mas... ops!!!... não significa que esteja.

PS - Cientifica e logicamente, este argumento dos adeptos é cómico, pois duas negativas não significa uma positiva e existe o chamado falso positivo pois também não é significativo. Este truque é muito usado nas discussões políticas.

Em conclusão, para a Física Tradicional a experiência do Schrödinger é infantil pois é básica. É lógico que [sem abrir a tampa, uma delas já existia (determinismo), apenas não havia evidências (provas, medições) suficientes para se concluir qual era".
Abrir ou não a tampa não altera nada, não faz selecções só mostra evidências susceptíveis de medição.

Pelo contrário, a Quântica diz "não há determinismo há possibilismo" e o abrir a tampa, acto de observar, colocou o observador dentro da situação, interfere nela e uma possibilidade é colapsada e a outra não.

Há aqui um quid pro quo acerca de Schrödinger e seu gato.
Schrödinger não diz que as possibilidades são "gato vivo ou gato morto", ele diz que são "gato vivo e gato morto", ou seja, não é uma questão de ou...ou (alternativas), é uma questão de um e outro (possibilidades), ou seja, existência de sobreposição de estados.

Por outras palavras, isto quer dizer que esses estados existem ao mesmo tempo e qualquer um deles pode ser activado, é o Principio da Incerteza da Quântica que não existe na Física Tradicional que considera ser impossível "Deus jogar aos dados".

Muito antes da Quântica, há mais de 200 anos (1801), Thomas Young fez uma experiência de sobreposição de estados.
Fazendo passar um fotão por uma fenda, ele pode actuar quer como partícula (tipo bala) quer como onda (tipo água), "decidindo" ser uma ou outra.

Fotão com duas possibilidades, ser partícula ou ser onda
A questão pendente é saber porquê uma ou outra e há várias teorias e experiências acerca disso. Uma é se o fotão for observado actua como partícula, se não for observado actua como onda, o que origina a conclusão do observador fazer parte da situação observada.

Para a Física Tradicional a neutralidade do observador é um dos seus pressupostos, pois [A é A].
Para Física Quântica há um pressuposto diferente [A é A1 e A2], ou seja,  fotão é partícula e é onda (sobreposição de estados).

Como curiosidade e transpondo esta hipótese para o indivíduo, ele têm várias possibilidades de comportamento e se observado ou não-observado activa diferentes possibilidades. O curioso é  que, com ou sem consciência da observação, não age do mesmo modo.

Traduzindo em dialecto quântico, os indivíduos (e os seres vivos em geral) "colapsam diferentes  possibilidades" parecendo pertencer mais ao mundo dos [seus] fotões, sem limites rígidos e com influências não-locais, do que das [suas] moléculas, com limites rígidos e só influências locais.

Para curiosos, há um livro do biólogo Rupert Sheldrake "The sense of being stared" que tem um capítulo (pág. 139) sobre ser secretamente observado e com isso alterar seus comportamentos, processo vulgar em animais.

Como conclusão, recusando a interpretação da Física Tradicional com as alternativas ou...ou e aceitando a posição Quântica da sobreposição de estados possíveis, a pergunta consequente é [...se existem as duas ao mesmo tempo e fica o gato-morto, então o que acontece ao gato-vivo?].

Sobre isto há várias teorias em debate mas há uma, quase ficcção cientifica (?), de Hugo Everett na sua tese de doutoramento (USA) titulada "The Many-Worlds Interpretation of Quantum Mechanics" que propõe a existência de universos alternativos, o chamado multiverso com vários universos. Parece um senso comum hollywoodesco, estilo filme "The One" e suas lutas por vários universos.

Neste senso comum do multiverso a lógica é a possibilidade do gato-morto ficar neste universo e a possibilidade gato-vivo ficar noutro universo do multiverso.
Por outras palavras, cada um de nós terá um sósia numa realidade paralela a viver as possibilidades que aqui não foram colapsadas.
Por exemplo, [...o João casou com a Maria e não com a Joaquina???] portanto, noutra realidade [...o João casa com a Joaquina e não com a Maria!!!].
O paradoxo desapareceu, tornou-se lógico.

Entre os que apoiam o multiverso (mesmo noutros modelos) encontra-se, por exemplo, Stephen Hawking, Michio Kaku, Steven Weinberg, Brian Greene, Neil Turok, Lee Smolin, Max Tegmark, Andrej Linde, Alex Vilenkin... Realmente os sensos comuns parecem ser apenas "sensos à la mode" que de comum só têm o "acertar o passo" com o caminhar da Ciência.

Relacionando os sensos comuns com a vida política, é bom não esquecer que, tecnicamente, a votação é só uma estatística dos sensos comuns existentes e activos nesse momento, ou seja, dizem qual é o acordo grupal existente, nada dizendo sobre a validade técnica e/ou social e/ou ética, etc.

Um exemplo, é a escravatura que durante séculos fez parte do senso comum generalizado e nalguns grupos desapareceu e noutros se manteve. Nesta perspectiva, fazer política é fazer luta de sensos comuns.
Como exemplo actual, na Europa e USA, o senso comum de emigrantes são bons luta contra senso comum de emigrantes são maus.

O ciumento e a quântica

PS- Aqui tive alguns problemas de senso comum sobre o "género". 
Não sabia o que escrever, ciumento? ciumenta? ciumento(a)? ciumenta(o)?, etc. Decidi simplificar e escrever ciument_ e quem lesse via o que queria. O computador não aceitou. A minha escola primária decidiu... e segui a tradição, escrevi "ciumento".


Ao estilo definição, considerei que ciumento é pessoa com ciúme, portanto, existem dois conceitos, pessoa e ciúme.

1 - Pessoa

"Pessoa" é um vivente com corpo, portanto, com um conjunto de orgãos feitos de moléculas que são elementos maiores que o átomo. Por outras palavras, a "pessoa" vive de acordo com os paradigmas e leis da Física Tradicional e obedece aos Princípios da Realidade, Localidade, Causalidade, Continuidade, Determinismo, Certeza, Medição, etc.

Porém, as moléculas da "pessoa" são constituídas por átomos e estes são feitos por partículas subatómicas, menores que o átomo. Por outras palavras, a "pessoa" tem os elementos primordiais. (constituintes de todos os outros) a viverem de acordo com paradigmas e leis da Quântica, diferentes e opostos à realidade dos orgãos que constituem.

Como analogia, é como ter um  muro de tijolos, cada tijolo constituído por uma sinfonia de Bach, Beethoven, etc, tocando ao mesmo tempo e des-sincronizados. O muro é duro, rijo e não muda, mas os tijolos são "voláteis", tocam e andam por aí a orquestrar uns com os outros.

Durante milhares de anos o muro funcionou bem e só no século XX se descobriu que é feito por sinfonias que andam por aí a "entrelaçar-se" (entanglement) umas com as outras, com influências à distância, sem obedecer à causa-consequência, etc, em suma, com propriedades muito diferentes dos calhaus chamados "tijolos" que constituem o muro.
Percebe-se agora porque dizem que os muros (ou indivíduos, fora da analogia) foram feitos pelos deuses.

Esquecendo a analogia, pode em simplex dizer-se que as pessoas são "híbridos" de duas realidades. O corpo de orgãos-moléculas tem paradigmas e leis da Física Tradicional e o corpo de átomos-partículas tem paradigmas e leis da Física Quântica.

Devido ao princípio da localidade (limites rígidos e influências locais) as pessoas têm o seu corpo aqui-agora, mas as partículas dos seus átomos com limites não-rígidos e influências não-locais  podem estar lá-então, algures ligados (entanglement) a electrões em Marte ou na constelação da Cassiopeia e reagindo sincrónicos com eles.

As experiências para-psíquicas em laboratórios, vivências místicas dentro e fora de religiões oficiais, "viagens" de drogas, EAC's (estado alterado de consciência), etc, serão consequência deste hibridismo?
A lista de cientistas universitários, militares, empresariais, etc, que procuram a Ciência nestas áreas é grande, a documentação muita e os livros numerosos.

Como conclusão, a pessoa é um híbrido de duas realidades integradas, sem se perceber muito bem o que, neste caso, integradas quer dizer, excepto que esse hibrido vive simultaneamente com os do mundo maior que o átomo unidos aos do mundo menor que o átomo, mas cada uma deles com paradigmas e leis diferentes e OPOSTAS.
Que grande confusão!

A teoria Orch-OR de Penrose e Hameroff que liga a consciência às vibrações quânticas nos "microtubulus" dentro dos neurónios cerebrais será talvez a ponta do iceberg dessa união.

Na verdade, o mundo das ideias com sua sobreposição de possibilidades, incerteza, consequência antes da causa, conexões e simultaneidades à distância, etc, está mais perto da Quântica do que das leis e paradigmas da Física Tradicional onde vivem os neurónios.

Para curiosos, dois livros que me encantaram, Candace Pert, PhD, Georgetown University Medical Center, "Molecules of Emotion"; e Bruce Lipton, PhD, University of Wisconsin, School of Medicine, "The biology of Belief".

Fazendo uma síntese com um resumo resumido, a pessoa é um somatório de partículas subatómicas que não são matéria mas sim energia. Numa palavra... a pessoa é energia.

Em 1997, Amit Goswami, PhD, fisico teórico (USA) veio a Portugal e fez umas workshops sobre Quântica a que assisti. Não foi fácil, fiquei com o livro "The Self-Aware Universe, how consciousness creates the material world" que tentei perceber, andei a lê-lo durante algum tempo e não foi mais fácil.
Para mim, em particular dois capítulos foram significativos, Cap 5: Objectos em 2 lugares ao mesmo tempo e consequências precedem as causas, e o Cap 7: Eu escolho, portanto, sou. A lógica cartesiana formatada e inserida no meu senso comum dava voltas no estômago. Não consegui pôr ordem no caos, mas uma conclusão ficou:
Energia e consciência pareciam ser os alicerces da Quântica, 
e criam matéria (colapsando? possibilidades) por aqui e acolá.

Entretanto, ficou uma dúvida por optar entre "energia com consciência" e, portanto, energia é Deus; ou Deus é energia  e, portanto,  é "consciência com energia.

Resolvi passar à frente, não é importante para perceber a quântica. É a velha discussão sem fim do "Drama de Jean Barois" de Roger Martin du Gard (Prémio Nobel 1937) da minha juventude, herança de materialismos e espiritualismos evoluídos (ocidentais) em que se discutia o "corpo com alma" ou a "alma com corpo". Já não caio nessa, para isso há outras soluções lógicas.

 2 - Ciúme

O ciúme parece ser uma situação tipo "Gato de Schrödinger". Na verdade há uma sobreposição de três estados, ou seja, o ciumento tem três possibilidades para colapsar.

1 - estado descrente no outro (isto é, ciumento, desconfiante da fidelidade do outro);
2 - estado crente no outro (isto é, confiante na fidelidade do outro);
3 - estado descrente-crente no outro (isto é, descrente da fidelidade do outro e com esperança nela),

cada um deles apresentando possíveis diferentes.

No início o ciumento está no estado de descrente-crente, isto é, desconfia da fidelidade do outro, não tem confiança nele nem em si, pois duvida da sua descrença nele e tem esperança de estar enganado.
É um dos poucos casos em que se reza aos deuses para serem parvos e se enganarem.

Normalmente fica muito Shakespeariano no seu "to be or not to be". É um ser feliz entremeado de infelicidade. Vive como o Sisifo que feliz leva a esperança pró cimo da montanha para a seguir ela cair cá para baixo e ele ter que repetir tudo outra vez. É a época de gastar dinheiro no terapeuta.

A solução é padronizada, é espiar o parceiro:
Espiando se há clandestino amoroso
Numa palavra, não quer dúvidas, não quer o Princípio da Incerteza, não quer Quânticas. Tradicional, quer o ÓBVIO, ou há clandestino amoroso ou não há clandestino amoroso. Vai espiar e como resultado da espiadela, pode ter duas possibilidades:

1ª - O parceiro tem um clandestino amoroso;
      Fica a possibilidade descrente, não existe fidelidade e fica INFELIZ;
      Na experiência de Schrödinger é a possibilidade gato-morto.

2ª - O parceiro não tem clandestino amoroso;
       Fica a possibilidade crente, existe fidelidade e fica FELIZ;
       Na experiência de Schrödinger é a possibilidade gato-vivo.

Mas este ÓBVIO é um mito, não existe. Na prática, em vez da hipótese 2ª, ele fica na hipótese 3ª, ou seja, fica a possibilidade descrente-crente que no Schrödinger corresponde à possibilidade gato-vivomorto.
A evidência obtida de "não-tem-clandestino-amoroso" só serve para o aqui-agora e mesmo assim tem bugs.

Ele não sabe... E NUNCA SABERÁ... se no passado não houve clandestino amoroso e se no futuro não haverá e se, mesmo no presente, noutro local não estará um clandestino em conexão e à espera.

Na prática de religiões e filosofias, esta hipótese da "incerteza acerca do agir do outro" chama-se livre arbítrio e é um "bem", na política chamam-lhe outras coisas e é um "mal". Na quântica não é "bem" nem "mal" é o Principio da Incerteza.

Como conclusão, o adito em ciúme só tem duas soluções, ou fica infeliz porque há clandestino nas redondezas e disso tem a certeza, ou fica infeliz porque nunca tem a certeza de isso ser ou não ser verdade.
Parece que, na essência, afinal a vida não tem óbvios como o determinismo da causa-consequência da Física Tradicional. A vida é feita de sobreposição de estados com opções no presente, como na Quântica... ou como afirma o paradigma do planear [... no melhor plano, o inesperado espera por si.]

Pensando ao estilo quântico no ciumento, o melhor é ele ficar no estado vivomorto sem tentar sair de lá, ou seja, nada de espiadelas. Nunca é preciso investigar, pois como diz a regra do diagnóstico [quando há dúvida se tem problema, não tenha dúvida QUE há mesmo problema]... no mundo quântico já se "dialogou" sobre isso e já se sabe, mas fora dele chama-se intuição e não se acredita porque não é óbvio.

Por outro lado, as causas e consequências estão trocadas. A infidelidade não é causa do fim da paixão amorosa, o fim da paixão amorosa é que é causa da infidelidade. O problema não é o aparecimento do outro, é o desaparecimento do "nós". Então, o clandestino torna-se o legítimo e o legal fica o burocrata em funções.

O conselho a dar é que ser ciumento é como jogar no casino, perde sempre e, quando parece ganhar, o ganho só serve para perder na etapa seguinte por que ele já perdeu, o ciúme é só adiamento.


Sem comentários:

Enviar um comentário