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sábado, 12 de agosto de 2017

Comam só o que está cozido...

A propósito dos temas e discussões do tipo funciona bem-funciona mal sobre incêndios, Tancos, SIREP, escolas, hospitais, etc" recordei uma história que me foi contada por um trabalhador cabo-verdiano nos meus tempos da Lisnave.

O que ele me contou foi:

Quando era pequeno (7/8 anos) brincava cá fora e a mãe chamou-o para ir buscar uns "gravetos" para o lume, para ela fazer o almoço.
Mais interessado na brincadeira do que no pedido, agarrou tudo o que encontrou à frente e levou à mãe. Ela olhou e só lhe disse "Não tens vergonha?". Envergonhado mas interessado na brincadeira foi-se embora.

À hora de almoço, ele e os irmãos queixaram-se que a "cachupa" estava mal cozida. A mãe olhou para ele e, muito séria, disse: "Comam só o que está cozido".

Ele parou e envergonhado, não almoçou, foi apanhar gravetos. Desde essa altura, nunca, nunca mais, deixou de se preocupar em ser competente em tudo o que faz. 

Acrescentou que o aviso "Come só o que está cozido..." era algo que, de brincadeira. sempre foi dito na família quando alguma ajuda era pedida. Sorrindo disse que, ainda hoje, ele, irmãos e filhos também o fazem. 
A história fazia parte da cultura viva daquela familia.

Recordando o clima de queixas, lamentos, justificações, versões paralelas, argumentações, desculpas e acusações, esta história parece-me actual.

Ou se aprende a ser competente em tudo que se faz ou nos habituamos a "Comer só o que está cozido…" e deixamos a "sem vergonha" andar por aí à solta.

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