Grrrr…. Grrrr…. irrita-me |
O que é que isto quer dizer, "trataram?", apenas "estabilizaram?", ou "fazem cuidados paliativos até morrer?"
O normal é os familiares, perante esta resposta habitual, ficarem "normais" e conformados com a situação.
No caso do incêndio de Pedrogão, em que morreram 65 pessoas, o comentário de várias entidades (incluindo massmédia) foi "Fez-se o melhor possível!!!". O que é que isto quer dizer?
Se tivessem morrido 564 pessoas também seria o melhor possível? …e se tivessem morrido só 10? …e se ninguém tivesse morrido? E o bombeiro ferido que levou 10 horas para chegar ao hospital… era também o melhor possível? …E se demorasse uma semana… porque o melhor possível era ir de carroça?
A verdade é que a frase "Fiz o melhor possível" não significa nada, é um bluff lógico, é uma muleta de uso para qualquer política amaciadora. É um truque de propaganda clandestina para inserir a afirmação de "está tudo bem".
Mas isto não é o pior.
O pior acontece quando, além de aceitar, também se começa a usar a "burla lógica" com a melhor das intenções (vide o video da SIC, a seguir). A "mentirinha" torna-se normal nas relações sociais, pois a mentira, não expressa mas induzida, é sinal de habilidade e honestidade política, de ser um Q'rido Lider e ganhar votos.
A frase "Fiz o melhor possível" com sua aparência de lógica clara e óbvia é, na verdade, uma frase errática e "vagabunda" de sentido indeterminado que activa em cada um a expectativa desejada.
A frase "Fiz o melhor possível" com sua aparência de lógica clara e óbvia é, na verdade, uma frase errática e "vagabunda" de sentido indeterminado que activa em cada um a expectativa desejada.
Na teoria da propaganda, chama-se a este mecanismo "manipulação clandestina", ou seja, é fazer "normal" o que não o era e depois vulgarizar.
Porém, viver em sociedade significa sofrer este processo de padronização, i.é., sofrer uma educação por osmose, o que sucede desde aceitações de moda até alimentação e remédios, passando pelo guiar à esquerda ou à direita, etc. Este mecanismo não é o problema, é apenas uma solução para a flexibilidade e evolução humana que se chama culturização.
O problema está na perda de lucidez, na aceitação ou recusa de certas normalidades. O "deixar andar", a "falta de atenção aos sinais", o abúlico "sim senhor" é que são o problema, normalmente completado pela velha e esfarrapada confissão de mea culpa à procura de absolvição, quando já é tarde para evitar.
Esta falta de lucidez e o "deixar andar" são as "epidemias" disseminadas pelos movimentos populistas e pelas claques partidárias para diluir oposições.
Como disse Edmund Burke (séc XVIII) […para o mal triunfar, só é preciso que os bons não façam nada…] e o não-pensável torna-se -à, não só pensável como, real.
Há aqui uma pergunta importante a fazer: "Quando?", quando é que "os bons" actuam, quando é que eles acham que "já chega".
Como é lógico, os movimentos populistas e as claques políticas procuram atrasar esse momento até obterem um número suficiente de "claquistas". As manifestações e os slogans não procuram introduzir lucidez, mas sim criar vagas de "claquistas" (vide o clássico "Le viole des foules").
As Democracias "activas" possuem o mecanismo de "enough is enough" com o sentido de "pouco é suficiente", pois há consciência de que o "já chega" muitas vezes vem tarde de demais. Exemplo:
USA, um dia depois da marcha de ódio em Charletesville (11 Ago), há manifestações (12 Ago) demissões (13 Ago) (14, Ago) mostrando claras posições de cidadãos (smart mobs?), soltas de enquadramentos partidários:
Porém, as Democracias "adormecidas" têm "injecções culturais" de apaziguamento com o "barbitúrico" "fez-se o melhor possível", um misto de lógica confusa (não informa nada) com crendice afectiva de segurança (não garante nada).
Este pastel de nata do "melhor possível" tem muitos irmãos gémeos de "lógica manipulativa":
- "Prometo que, logo que possível, se fará". Quando é o possível?.
- "Já está tudo esclarecido… ", portanto, tudo fica por eslarecer.
- "Não é secreto, é segredo de justiça… ", portanto, tudo continua escondido.
- "Não sou responsável ninguém me avisou... ", portanto, responsável só com aviso prévio.
- "Já está resolvido, vai-se legislar… ", portanto, oficialmente, não ter solução é problema resolvido.
- "Agora ajudamos quem chora, depois procura-se responsáveis… ", portanto, procurar responsáveis é adiado. Exemplo, Ago17, queda de árvore no Funchal:
Porém, viver em sociedade significa sofrer este processo de padronização, i.é., sofrer uma educação por osmose, o que sucede desde aceitações de moda até alimentação e remédios, passando pelo guiar à esquerda ou à direita, etc. Este mecanismo não é o problema, é apenas uma solução para a flexibilidade e evolução humana que se chama culturização.
O problema está na perda de lucidez, na aceitação ou recusa de certas normalidades. O "deixar andar", a "falta de atenção aos sinais", o abúlico "sim senhor" é que são o problema, normalmente completado pela velha e esfarrapada confissão de mea culpa à procura de absolvição, quando já é tarde para evitar.
Esta falta de lucidez e o "deixar andar" são as "epidemias" disseminadas pelos movimentos populistas e pelas claques partidárias para diluir oposições.
Como disse Edmund Burke (séc XVIII) […para o mal triunfar, só é preciso que os bons não façam nada…] e o não-pensável torna-se -à, não só pensável como, real.
Há aqui uma pergunta importante a fazer: "Quando?", quando é que "os bons" actuam, quando é que eles acham que "já chega".
Como é lógico, os movimentos populistas e as claques políticas procuram atrasar esse momento até obterem um número suficiente de "claquistas". As manifestações e os slogans não procuram introduzir lucidez, mas sim criar vagas de "claquistas" (vide o clássico "Le viole des foules").
As Democracias "activas" possuem o mecanismo de "enough is enough" com o sentido de "pouco é suficiente", pois há consciência de que o "já chega" muitas vezes vem tarde de demais. Exemplo:
USA, um dia depois da marcha de ódio em Charletesville (11 Ago), há manifestações (12 Ago) demissões (13 Ago) (14, Ago) mostrando claras posições de cidadãos (smart mobs?), soltas de enquadramentos partidários:
Porém, as Democracias "adormecidas" têm "injecções culturais" de apaziguamento com o "barbitúrico" "fez-se o melhor possível", um misto de lógica confusa (não informa nada) com crendice afectiva de segurança (não garante nada).
Este pastel de nata do "melhor possível" tem muitos irmãos gémeos de "lógica manipulativa":
- "Prometo que, logo que possível, se fará". Quando é o possível?.
- "Já está tudo esclarecido… ", portanto, tudo fica por eslarecer.
- "Não é secreto, é segredo de justiça… ", portanto, tudo continua escondido.
- "Não sou responsável ninguém me avisou... ", portanto, responsável só com aviso prévio.
- "Já está resolvido, vai-se legislar… ", portanto, oficialmente, não ter solução é problema resolvido.
- "Agora ajudamos quem chora, depois procura-se responsáveis… ", portanto, procurar responsáveis é adiado. Exemplo, Ago17, queda de árvore no Funchal:
Mas, não se pode fazer as duas? Não poderia ser "Prioridade é apurar responsabilidades e apoiar familias e feridos"?
Na verdade, todas estas frases são frases não-democráticas.
Desde a antiguidade grega que Democracia não é a votação, é LUCIDEZ para a votação, ou seja, Democracia é o diálogo que, na praça pública, antecedia essa votação. Segundo estes filósofos "…na votação a democracia já acabou… pois ela existiu no diálogo prévio que a antecede…" (P. Senge, The Fifth discipline, UK, 1992, pg 10 e 240).
In brevis, a essência da Democracia é lucidez individual da decisão tomada. Votos drogados, submissos, comprados, enganados, confusos, falsificados,… não são votos democráticos é burla democrática.
Tudo o que escamoteia a lucidez e procura criar "crendices" (afirmações sem garantia) é anti-democracia. Tecnicamente, a essência do populismo é, exactamente, o crescimento de crendice e a redução da lucidez, mesmo que tenha legalidade democratica… mas perdeu a legitimidade democrática.
O direito à palavra nunca é retirado na ditadura, nela todos podem falar… desde que seja concordância, aumente a crendice ou reduza a lucidez. A marcha de Charlottesville foi um "discurso" nazi bem claro e que explicou muito bem o que é um nazi… ninguém pode dizer que não percebeu.
Na Democracia, o direito à palavra não é um direito de quem fala é um direito de quem ouve para obter informação e lucidez suficiente para poder decidir se vota nele, ou não.
Isto é muito claro neste pequeno video quando o discurso de captação cria lucidez de recusa:
A seguir, está um exemplo de como as frases de lógica manipulativa tiram lucidez ao discurso, mesmo quando usadas honestamente por quem apenas assimilou a cultura de "democracia travesti". Vide entrevista na SIC sobre falta de recursos na PSP e GNR (9Ago17)
O entrevistado foi claro nas suas afirmações e, sem as negar, acaba por lhe reduzir a lucidez ao utilizar o conceito "o melhor possível" na resposta a uma pergunta da entrevistadora.
Diálogo:
Entrevistadora:
- Podemos dizer que a operacionalidade da GNR está posta em causa?
Entrevistado:
- Não,... nessa parte não quero acreditar nunca e nunca irei referir que isso possa acontecer. Há uma parte muito importante que são os profissionais […]
- […o profissional...] tentará sempre fazer o melhor, independente dos meios que tenha.
Isto pode ser verdade e a ideia do entrevistado pode estar correcta, mas introduziu falta de lucidez ao estilo da cultura da "democracia travesti" disseminada nas redes institucionais.
Assim, é credível que um profissional GNR que corra o melhor possível atrás do carro do ladrão o apanhe?
- SIM,… porque apesar dos profissionais GNR fazerem o melhor possível, não havendo recursos, a operacionalidade GNR está posta em causa.
Na verdade, todas estas frases são frases não-democráticas.
Desde a antiguidade grega que Democracia não é a votação, é LUCIDEZ para a votação, ou seja, Democracia é o diálogo que, na praça pública, antecedia essa votação. Segundo estes filósofos "…na votação a democracia já acabou… pois ela existiu no diálogo prévio que a antecede…" (P. Senge, The Fifth discipline, UK, 1992, pg 10 e 240).
In brevis, a essência da Democracia é lucidez individual da decisão tomada. Votos drogados, submissos, comprados, enganados, confusos, falsificados,… não são votos democráticos é burla democrática.
Tudo o que escamoteia a lucidez e procura criar "crendices" (afirmações sem garantia) é anti-democracia. Tecnicamente, a essência do populismo é, exactamente, o crescimento de crendice e a redução da lucidez, mesmo que tenha legalidade democratica… mas perdeu a legitimidade democrática.
O direito à palavra nunca é retirado na ditadura, nela todos podem falar… desde que seja concordância, aumente a crendice ou reduza a lucidez. A marcha de Charlottesville foi um "discurso" nazi bem claro e que explicou muito bem o que é um nazi… ninguém pode dizer que não percebeu.
Na Democracia, o direito à palavra não é um direito de quem fala é um direito de quem ouve para obter informação e lucidez suficiente para poder decidir se vota nele, ou não.
Isto é muito claro neste pequeno video quando o discurso de captação cria lucidez de recusa:
A seguir, está um exemplo de como as frases de lógica manipulativa tiram lucidez ao discurso, mesmo quando usadas honestamente por quem apenas assimilou a cultura de "democracia travesti". Vide entrevista na SIC sobre falta de recursos na PSP e GNR (9Ago17)
O entrevistado foi claro nas suas afirmações e, sem as negar, acaba por lhe reduzir a lucidez ao utilizar o conceito "o melhor possível" na resposta a uma pergunta da entrevistadora.
Diálogo:
Entrevistadora:
- Podemos dizer que a operacionalidade da GNR está posta em causa?
Entrevistado:
- Não,... nessa parte não quero acreditar nunca e nunca irei referir que isso possa acontecer. Há uma parte muito importante que são os profissionais […]
- […o profissional...] tentará sempre fazer o melhor, independente dos meios que tenha.
Isto pode ser verdade e a ideia do entrevistado pode estar correcta, mas introduziu falta de lucidez ao estilo da cultura da "democracia travesti" disseminada nas redes institucionais.
Assim, é credível que um profissional GNR que corra o melhor possível atrás do carro do ladrão o apanhe?
A operacionalidade da GNR é uma integração de "profissionais e recursos" e, por muito que um profissional GNR se esforce, se não tem recursos, a operacionalidade GNR é baixa.
Aos cidadãos que apoiam o esforço dos profissionais (GNR, PSP, médicos, enfermeiros, professores, militares, etc) é preciso dar lucidez sobre o problema, e não misturar esforço e competência destes com o esforço e competência das organizações em que trabalham. Fazê-lo não é proteger a sua imagem, é deixá-los a aguentar culpas que não têm.
Penso que a resposta correcta, de acordo com as ideias expostas pelo entrevistado, seria do género:
- SIM,… porque apesar dos profissionais GNR fazerem o melhor possível, não havendo recursos, a operacionalidade GNR está posta em causa.