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sábado, 15 de março de 2014

A mulher no shamanismo



Do que tenho lido parece que a mulher teve sempre um papel preponderante no shamanismo e nas religiões até que o patriarquismo resolveu tomar o poder e começar com processos tipo "As Bruxas de Salem", chegando mesmo a inventar um método de investigação criminal simples, fácil e rápido para detectar as culpadas de bruxaria, ou seja:
[As mulheres acusadas de bruxaria eram amarradas e deitadas à água.
Se se afogavam... eram inocentes e enterradas na Igreja ou cemitério.
Se não se afogavam… eram bruxas, retiradas da água e queimadas] 
Q.E.D.
De qualquer modo não conheço, e penso que não existe, um livro sobre processos semelhantes para homens, eventualmente chamado "Os Bruxos de Salem".




Nas culturas primitivas, as mulheres são vistas com três características principais, inatas e sempre activasoriginadoras de respeito e consideração por toda a tribo, e que as prepara para a função de shaman, em que

[…um shaman é reconhecido como um médico que cura, um mágico que faz milagres, um sacerdote místico e poeta, um "guia de almas" que não julga mas ajuda nas transições..],

e são:





1 - Criar vida;

Na verdade, o homem comparticipa no nascimento da vida porém a mulher, com uma versão melhorada do software instalado no homem, participa durante nove meses (gravidez) numa ligação por cabo com o novo ser, o que é fisiologicamente vedado ao homem pois o software deste só lhe permite comunicar por "wireless" depois do nascimento.
Quer nos processos da vida, quer no mundo informático, é normal as primeiras versões serem sempre mais primitivas, ou seja, "a costela do Adão originou evolução de software na segunda edição".

Durante a gravidez, filho e mãe, durante 24 horas por dia, trocam informações por cabo ajustando e construindo mutuamente bases de dados.

Por exemplo, o novo ser durante o seu desenvolvimento ouve constantemente a voz da mãe (se falarmos com os ouvidos tapados ouvimos a nossa própria voz vinda do interior) e segundo alguns investigadores o bebé depois de nascer reconhece facilmente não só a sonoridade da voz materna como até a sonoridade da própria linguagem que a mãe usa.

Parece que a "educação" social do bebé começa no ventre da mãe não só no plano bio-químico com a alimentação que o corpo da mãe lhe fornece, como no plano bio-neural com as "aulas" que o córtex da mãe lhe comunica.

2 - Alimentar e apoiar;

Considerando a capacidade da mulher de uma ligação por cabo com um ser humano, alguns investigadores colocam a hipótese de ela possuir o correspondente script neural pronto a funcionar e mais activo.
Este script pode originar processos comunicativos e relacionais mais intensos e sensíveis, estando talvez na origem do senso comum de que a mulher tem maior capacidade intuitiva e empática e uma mais fácil percepção dos fenómenos relacionais.

O homem precisa de mais treino não só para detonar essas capacitações, como também para as libertar de bugs e prisões da racionalidade(??) de crenças instaladas e ainda ter uma maior facilidade em "perder" e bloquear esse script.

Pelos relatos de culturas tribais parece que o treino do shaman masculino é sempre mais longo, formatado e controlado do que o do shaman feminino. Este é não só mais rápido e informal, como  muitas vezes é feito apenas por via familiar feminina, a chamada "aprendizagem por osmose", numa participação de espectação, acção e diálogo "a propósito" (by the way).

Possivelmente, é a mesma lógica que origina nas tribos o hábito da chefia da caçada ser entregue ao grupo masculino e a chefia do acampamento pertencer ao grupo feminino.

Possivelmente, não é por falta de capacidade da mulher para a caçada, mas sim por falta de capacidade do homem para gerir as teias relacionais do acampamento e até por ser um desperdício usar capacidades mais evoluídas em tarefas menos exigentes…seria o mesmo desperdício de um palonço que comprasse um quadro do Columbano para o pôr na janela a tapar o sol.

Talvez ainda por reflexo da cultura tribal, no tempo da minha Avó dizia-se:

"Quem manda na família é o homem, mas quem manda no homem é a mulher".

Aliás é interessante notar que todos os homens são educados por mulheres, quer na gravidez quer na infância, e não acredito que as mulheres, como grupo, abdiquem tão facilmente do poder. Com certeza que durante esse período de aprendizagem, são instaladas algumas mensagens subliminares de controlo, como por exemplo acontecia na Idade Média com a cultura da Cavalaria e dos Trovadores e o seu dogma da "donzela em perigo".

Acredito também que deve haver excepções, ou seja, algumas mulheres educam os futuros homens fora desse controlo feminino, uma espécie de variante da Síndrome de Estocolmo na identificação com o dominador.
Percebo agora porque há tantas histórias de problemas de "sogras" nos casamentos e tão poucas de problemas de "sogros".

3 - Apoiar saúde (que é diferente de curar);

Na perspectiva do shaman ele não cura pois a crença diz que o corpo é demasiado complexo para que um "exterior" (médico, curador, etc) possa ter a veleidade de querer gerir essa complexidade. 

A solução é deixar que a inteligência corporal resolva o problema, assim o shaman actua fazendo  [...acordar, intensificar essa inteleigência…], porque o "curador" é sempre o doente com a sua inteligência corporal.

Na prática, num Hospital um médico trata um braço partido dando remédios e pondo talas e depois manda o doente para casa e ele que se cure, isto é, cole os ossos, crie novas células todas diferentes consoante a função que vão ter (músculos, ossos ou pele, etc), e impeça infecções aumentando os glóbulos brancos, se necessário .

Se o doente não se cura a frase normal é [...ele não está reagindo…], ou seja, traduzindo […ele não se está curando…].

O processo com um antibiótico é semelhante, ele é um recurso a ser utilizado pelo doente para  […reagir à doença…]. Se em vez de bactérias forem vírus o processo é mais evidente.

Numa analogia, quando se diz que aquele agricultor produz azeitonas e não maçãs é falso, pois quem produz azeitonas é a árvore, o agricultor, como um shaman, é um facilitador, as azeitonas só se produzem …se a árvore quiser, e se o agricultor só tiver oliveiras, mesmo que queira e ordene, nunca terá maçãs.

Esta perspectiva não anula a função dos técnicos de saúde, antes pelo contrário torna-os fundamentais pois são a garantia de um correcto factor contextua, o chamado Ambiente Operacional dos sistemas complexos, aspecto crucial nesta perspectiva e claro um factor de condicionante positiva de todo o processo.
Utilizando o exemplo do braço partido, pôr uma tala e ela estar correctamente colocada é imprescindível para o posterior bom funcionamento do braço. Se estiver mal colocada duvido muito que qualquer inteligência corporal resolva o problema.

Medicine Woman é:

She is the mother comforting a child

She is the teacher in the classroom

She is the midwife bringing new life

She is the nurse holding the hand of the sick

She is the stranger who shares a smile

She is your friend who cheers you on



Encontrei uma conjunto de imagens de shamans femininos (Medicine Woman) de tribos da cultura índia da América do Norte que são interessantes (ver Patricie Wyatt e Susan Freilicher):







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