(Ref. para ver diferenças Porquê/Para quê)
(prévio) " Há dois estilos de relação, qual é o seu? " de 24 Mar 2014 )
(cont.) Novo partido e o Porquê, Para-quê e Como, de 02 Abr 2014
Pois é, para cumprir estas regras
responda só quando não tiver emoções,
isto é,
quando estiver morto!
Segundo o neurocientista Richard Restak, M.D., "The naked brain", as emoções são a base da tomada de decisões. O sistema límbico é o responsável pelos sentimentos e pelas emoções mas quem comanda o racional, o pensamento analítico e as palavras é o neocortex .
Quando se pergunta:
- Porque és do Benfica? …ou do Sporting? …ou do Porto?
- Porque gostas da tua apaixonada(o)?
- Porque gostas de peixe?
São perguntas da área das emoções, controlada pelo córtex límbico e as respostas vão ser lógicas e analíticas, expressas em palavras, o que é controlado pelo neocortex. O caos está instalado.
A solução vulgarmente adoptada é o neocortex começar a controlar o processo e desfiar uma série de razões na área do Para-quê e do Como.
Assim, nascem os estudos de mercado, onde se pergunta às pessoas o que gostam ou gostariam de ter, onde querem votar, etc, e elas vão desfiando uma série de "lógicas", normalmente consequências descritas com frases bonitas e lógicas que são considerados os PORQUÊ's das decisões e tituladas como as suas causas…mas que nem sequer tocam na questão apenas expressam Para-quê's ou Como's.
- Pergunta: Porque gostas da tua apaixonada?
- Resposta: Porque é bonita, inteligente e trabalhadora!
ou, com maior "parvoíce",
- Resposta: Porque é mulher mais bonita do mundo!
ou
- Resposta: Porque quero que seja a mãe dos meus filhos!
(com a concepção in vitro ainda corre o risco de se apaixonar pela máquina).
Não digo que tudo isto não seja verdade, mas há milhares de mulheres com estas características e não está apaixonado por elas. A pergunta dirige-se ao sistema límbico mas a resposta vem do neocortex.
PS - Penso que esta pergunta feita e respondida entre apaixonados permitiria que se divertissem, não se zangando com as respostas mas sim tendo respeito pelas mútuas incapacidades da integração sistema límbico e neocortex…pois normalmente as respostas são de uma "ingenuidade" infantil ao estilo La Palisse.
Como exemplo:
Foi feito um estudo de mercado sobre detergentes para a roupa e a conclusão foi que a causa da preferência era "o branco ficar mais branco e as cores ficarem luminosas". A partir daqui foi uma "guerra" de aditivos e cada um inventava o seu, procurando responder à grande percentagem dessa resposta obtida. Mas,
- "Em casa, ou quando vão para um Hotel, inspeccionam se os lençóis estão brancos e com cores luminosas?
Quase ninguém faz isso apesar de quase todos o dizerem, mas quando se deitam ou vestem roupa lavada quase todos cheiram, portanto o cheiro a lavado é um factor importante na compra dos detergentes.
Simplesmente esta resposta foi bloqueada pelo neocortex (não apareceu de forma significativa)…pois não era "intelectual" e possivelmente nem é usada como critério de compra.
Simplesmente esta resposta foi bloqueada pelo neocortex (não apareceu de forma significativa)…pois não era "intelectual" e possivelmente nem é usada como critério de compra.
O importante na linha da motivação é que ela é um impulso à acção e a sua energia vem da emoção criada no sistema límbico, directamente conectada com a resposta ao PORQUÊ. Ter respostas lógicas a partir do Para-quê e/ou do Como não são solução.
Porque és do Benfica?…ou do Sporting?…ou do Porto?
Esta pergunta interessante pode abrir uma porta de pesquisa.
Segundo Richard Restak com a resposta ao Para-quê e/ou ao Como as pessoas compreendem factores que participam na situação mas a energia de alterar status quo não surge, não há inspiração, não há emoção.
Segundo ele, a parte do córtex (sistema límbico) que controla a decisão não controla a racionalização nem a linguagem, o que é feito pelo neocortex, por isso é tão difícil explicar porque se gosta daquela pessoa e se dão tantas razões-justificações racionais e "nonsense" que, se analisadas, às vezes, até são ridículas.
Quando se pressiona alguém para decisões racionais a 100%, invariavelmente entram em bloqueios de super-raciocínios e paralisam. Por outro lado, salienta Restak, as decisões racionais são demoradas e muitas vezes de baixa qualidade por fixações em informações parciais e raciocínios "perseguidores", isto é, os que não abandonam a preponderância, ou na gíria "não saem dessa", também conhecidos por "senhores do seu nariz", teimosos ou afirmativos, dependendo do ponto de vista.
Se for comprar uma TV entre várias Marcas-Modelos, depois de todos os para que serve e como faz do vendedor em relação a cada um, qualquer que seja a decisão tomada sentir-se-á sempre com dúvidas angustiantes acerca dela.
Se em vez dessa perspectiva se preocupar a responder porque é que eu a quero, em vez de ouvir o vendedor far-lhe-á perguntas para encontrar as respostas pretendidas. Sem clarificação do PORQUÊ qualquer decisão é um trabalho árduo. Só podem dizer o que querem se souberam porque querem e não apenas para o que querem e/ou como querem.
Procurar o PORQUÊ é a base do processo.
Por exemplo:
Porque é que vizinhos, amigos, conhecidos, reformados e activos,... passam horas a conversar nos cafés?
Talvez a resposta esteja aqui:
pois a causa, a resposta ao Porquê, possivelmente é comum a todos os animais, incluindo os humanos.
E agora, o que tem de comum com esta?
É que o factor activo é o mesmo em ambas, ou seja, é a emoção de "Pertença" que domina.
Pertença de abraçar ou de ser abraçado, Pertença de apoiar/proteger ou de ser apoiado/protegido.
A vida energiza-se com a emoção "PERTENÇA"
As pessoas vão conversar para o café para ter o "alimento diário" de pertencer a algo, o que não acontece se ficarem solitários em casa, por isso quem lhes quer bem insiste em que vão conversar com os amigos.
Pelo contrário, nas prisões fazem sofrer fechando-os na solitária e eles tentam sobreviver entrando em gangs clandestinos de pertença. Pertencer a algo é um instrumento de sobrevivência, vide os relatos de prisioneiros de campos de concentração (Vitor Frankle, por ex.) e as técnicas de tortura para domínio e subjugação (Stanley Milgram, por ex.).
O abraço é a expressão física da emoção de pertença e os "likes" nas redes sociais são a sua expressão digital. Estar apaixonado é "pertencer", des-apaixonar-se é deixar de pertencer.
Claques de futebol são grupos percorridos pela emoção de Pertença, e quanto mais "atacados" mais coesos, pois a emoção é mais intensa.
Assim, a solução para as desfazer não é atacar o Para quê impedindo Objectivos, é fragilizar o Porquê promovendo desagregação.
A solução para as fazer não é fomentar o Para quê com Objectivos, é intensificar o Porquê com emoção de unidade, por exemplo, a sensação física de ombro-a-ombro.
Em conclusão, - "Eu pertenço ao Benfica porque vivo a emoção de pertencer-partilhar uma crença".
Por experiência pessoal, estando na Tailândia, em Bancoque, PatPong,
passeando nas ruas, de repente ouvi falar português e tive a nítida sensação de estar "acompanhado", a emoção da pertença faiscou no meu sistema límbico.
Segundo a teoria, se a própria língua é uma raridade no local em que se encontra, ouvi-la de repente detona sempre esta sensação. É vulgar que, em segundos, se fique "amigo de longa data", se converse fluidamente, se juntem projectos, sentando-se a conversar. A pertença detona padrões instantâneos.
A pertença, pelo facto de partilhar as mesmas crenças, induz que a segurança, lealdade e amizade são certezas, criando assim uma espécie de mecanismo de sobrevivência de base psicológica. Na natureza, mesmo animais com padrões de solitários têm momentos de partilha.
Sendo a Pertença uma emoção originada no sistema límbico é causadora de respostas a Porquê's originando relações de base Inspiração, e não Manipulação, necessariamente provocam Para-quê's e Como's inovadores, anormais e estranhos, levando o cepticismo natural que nos leva a desconfiar:
Aconteceu várias vezes, pois eles "sabiam" que era seguro vide a nítida confiança nos porquinhos |
A gazela afastou-se sem problemas e não era um leopardo eram três |
Se por truques de ficção cientifica, pensarmos em Portugal e sua crise, por muitos Para-quê's e Como's que nos inundem como soluções, a emoção de Pertença Social parece estar a desaparecer, não só nos processos políticos como nas relações sociais profissionais (Saúde, Apoios Sociais,… até em simples telefonemas) e a relação hoje mais vulgar nem é de Inspiração, nem de Manipulação, é simplesmente:
- "Isso não é comigo…!!".
Não sei se o País está melhor mas, se está, este não é o meu País e estes partidos não me pertencem, não por serem direita ou esquerda, laicos ou religiosos, republicanos ou monárquicos, simplesmente por não saberem o que é a responsabilidade de PERTENÇA.