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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Portugal e os "amigos de peito"



Hoje fui mais cedo para o café, ainda estava meio vazio. Num canto dois amigos (30/40 anos) conversavam, um com ar amargurado, o outro ouvia. Sentei-me perto.

Percebi que um deles estava com problemas com uma filha pequena e o dinheiro fazia parte do problema. A conversa continuava numa mistura de soluções e apoio relacional. De repente, um deles colocou discretamente algumas notas junto do outro que recusou. 
Argumento daqui, argumento de acolá a recusa continuou até que um se levantou e, com um toque de amizade no ombro do outro, dirigiu-se para a porta. O outro disse em voz alta:

- "...e a miúda?"

Ele parou, olhou para trás e regressou à mesa. A conversa continuou em voz muito baixa. O dinheiro mudou de mãos, o primeiro voltou a sair e o outro ficou.


A cultura tribal tem 4 linhas de força importantes:

Resolução de um conflito no Uganda

A - Cultura de proximidade,
        não estilo "Fast Friend" (usar e deitar fora);

B - Decisão autónoma,
        não confundir com anarquia;

C - Relações em rede,
       não confundir com "colagem social";

D - Confiança,
      não confundir com "credulidade";

E - Pertença e Suporte,
      não confundir com "propriedade" e "empréstimo";




A cultura portuguesa com a instituição cultural "amigo de peito" incorpora "proximidade, autonomia, redes, confiança, pertença, não propriedade, suporte, não empréstimos" e penso que tudo isto faz parte da nossa história no mundo e está na raiz da conversa a que assisti hoje no café.

A cultura portuguesa está bastante contaminada pela vida no mar em pequenos navios, durante dias, semanas, meses seguidos. A vida num navio é bastante diferente da vida num quartel ou numa fabrica, não há idas para casa ou ao exterior. Vive-se com as mesmas pessoas 24 horas seguidas. Trabalha-se, descansa-se, dorme-se, acorda-se, come-se com os mesmas pessoas, numa proximidade de poucos metros uns dos outros, dias seguidos...muitas vezes em mar revolto. 

À semelhança da cultura tribal também aqui gerir conflitos não é aplicar regras, é manter as redes saudáveis. Quer injustiças quer justiças mal aplicadas são geradoras de doença social. O grito mais importante num navio, é um grito de índole tribal que activa todas as redes e relações existentes, é o grito "Homem ao mar" que une todos no mesmo esforço. 

Um navio vive de redes de amizade profissional, são redes de "amigos de peito" em que uma frase vulgar é depois dizer-se "conheço-o, estivemos embarcados juntos".

Se olharmos para a vida social portuguesa ela baseia-se mais no modelo navio, isto é, em redes de proximidade e pertença e não em ligações anónimas e negociais, tipo lobbies, característica de solidões acompanhadas e afectividades compradas. Confundir os dois é o mesmo que confundir "acompanhantes" com relações amorosas. 

Também na economia, a teia produtiva e comercial é tradicionalmente de pequenas e médias empresas, onde se estabelece "amizade comercial" e não apenas se faz vendas, e onde produzir é assumir uma responsabilidade de execução e não apenas originar "stocks para venda".

É bastante diferente da grande empresa anónima que "usa e deita fora" pessoas desconhecidas (o nome técnico-diplomata é downsizing) e que produz e vende objectos e/ou serviços compráveis mesmo que tenha  alguma percentagem de "gato por lebre" (o nome técnico-diplomata é persuation marketing).

Na política vive-se de "albardar o burro à vontade do dono" no dizer e no fazer, confundindo estratégia com aldrabice e bluff com batota (o nome técnico-diplomata é estratégia adaptativa). 

Uma cultura de tipo tribal baseada em redes de confiança pode ser um campo fértil para os "chicos espertos" sobreviverem, mas se se aprender a usar essas redes ela poderá ser uma areia movediça onde os "chicos espertos" estupidamente  se afundarão. 

Na actual crise, ainda são as "redes de amizade" que a par das "redes familiares" mantêm os barcos à superfície, porque os que andam de avião não se preocupam com eles.

De qualquer modo, continuo a gostar de ser português e da cultura portuguesa, que é do tipo:

- "Queria um café…", isto é,…se não se importar

e não é do tipo:

- "Quero um café !", isto é,…obedece já…

… e também ainda continuo com esperança de ver os "chicos espertos" substituídos por portugueses normais.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Os híbridos na ditadura e na democracia


A verdadeira viagem de descoberta
não é procurar novas terras
mas sim ver com novos olhos.
                 Marcel Proust

Resolvi aprofundar a cultura e a vida tribal, para procurar olhar com outros olhos a cultura e vida "piramidal" das nossas sociedades. Ainda estou a meio da viagem, mas já começa a ser interessante.

Encontrei os híbridos como sustentáculo da sociedade "piramidal".



A filha do Duque, jovem, donzela e solteira, apareceu grávida do Rei.
Perante o escândalo da corte e os zum-zum's que andavam pelo ar, o Duque afirmava com voz sonora e troante:

- A Desonra da minha filha é uma Honra.




Híbrido na Biologia:
resultado de um cruzamento genético entre duas espécies distintas (ex. a mula),
que não podem ter descendência devido a características genéticas.

Biological science, W.T. Keaton

Os híbridos sociais são uma espécie que sobrevive com um paradoxo constante de duas personalidades opostas que coexistem no mesmo indivíduo, um dominador e um dependente.
Felizmente não produzem descendência e deste modo todos eles tem que ser criados in vitro, isto é, nascidos no laboratório chamado "formatação educativa" ou recruta.

Segundo Riane Eisler no modelo "dominador-dependência" a dupla personalidade é automaticamente activada com os estímulos correspondentes…ora manda…ora obedece, pelo que a pirâmide da liderança tem 2 regras fundamentais:

1ª - Qualquer chefe é sempre subordinado de alguém,
2ª - Para ser chefe é preciso ser (e continuar a ser) um bom subordinado.

Sobreviver é fácil, tem apenas que se preocupar em nunca se enganar:
A - PARA BAIXO: activa a personalidade dominadora;
B - PARA CIMA: activa a personalidade dependente.

Esta coexistência de personalidades opostas pode surgir na mesma pirâmide (por ex., na hierarquia profissional) ou em pirâmides diferentes (por ex., dependente no trabalho e autoritário na família ou vice versa). 

Yer Sir
O treino para esta dupla personalidade paradoxal é simples, é só aprender a ser dominador (muito assertivo) dizendo "SIM SENHOR" pois, ao mesmo tempo, deste modo afirma-se como bom dependente.
O paradoxo mantem-se activo através de uma personalidade dominadora  a instalar uma personalidade dependente.
Na vida militar este treino é muito intenso e constante, têm que aprender a aceitar com "alma e coração"ser um dominado, é o conhecido "Yes Sir" da educação militar.

Um outro aspecto mais subtil e talvez por isso mais importante, é o protocolo de liderança exigir que numa "discussão superior-inferior" seja SEMPRE o inferior a ter com firmeza a última palavra…dizer "Sim senhor".

Como síntese, desde as Monarquias às Repúblicas, passando pelas Religiões, a estrutura piramidal baseada no híbrido tem três características fundamentais:
ou seja, existe:

A - uma coluna vertebral de híbridos, isto é, uma sucessão hierárquica de indivíduos de dupla personalidade: para baixo "dominadores",  para cima "dependentes".
Vivem o paradoxo de serem uma personalidade dominadora com livre arbítrio com o qual tomam decisões para baixo e simultaneamente serem uma personalidade dependente sem livre arbítrio com a qual obedecem sem "estrebuchar" cumprindo as ordens recebidas.

Este grupo de híbridos desempenha 4 funções cruciais na estrutura piramidal:

1 - Garante a solidez dos acessos ao poder
2 - Garante a validade e protecção dos elementos do grupo de hibridos;
3 - Faz a selecção e doutrinação das novas adesões;
4 - Garante a difusão e o cumprimento dos dogmas, regras e deveres nos não-híbridos.

B - grupos de não híbridos, uns já meio-dependentes outros ainda a serem missionados, isto é, a serem doutrinados nos dogmas e depois seleccionados se tiverem adquirido as crenças. Quantitativamente é o grupo mais numeroso.

C - uma acção contínua de activadores pedagógicos, as chamadas técnicas de missionação físicas e psicológicas.

Um exemplo claro deste modelo está na sua aplicação à política nazi, com:
A) os seus híbridos, os militares  SA e SS,
B) a sua fragmentação social no racismo interno e
C) a sua missionação por propaganda e "domesticação" física e social. 

Outra aplicação do modelo é a colonização europeia que apresenta ligeiras diferenças consoante as instituições, padrões, hábitos e cultura dos países colonizadores (Portugal, Espanha, Inglaterra, França, Holanda, etc) e regiões colonizadas (África, India, Ásia, América, etc), mas de um modo geral o esquema é:


O sistema militar é o mais purista no modelo pois não tem o grupo "B", isto é, não há indivíduos soltos e espalhados pela instituição, estão todos integrados em "colunas de híbridos":


Um outro exemplo, na época actual, são as "revoluções democráticas", com suas 3 fases:
1ª - ditadura
2º - revolução;
3ª - democracia,

por exemplo,


Numa ditadura, o grupo dos hibridos "roxos" garantem o domínio no Poder instituído, depois durante a Revolução dá-se o assalto aos acessos do poder pelos azuis e um novo grupo de híbridos (azuis) vai controlar todo o sistema.

Consoante a continuação poder-se-á ter outra ditadura, pois os novos híbridos nunca mais mudarão (caso Cuba), ou poderá surgir uma Democracia grupal (e não de indivíduos) em que ciclicamente os grupos colocam os seus híbridos no poder, através de eleições, caso Portugal.
Neste último caso o sintoma claro é o reforço e a obrigatoriedade de "disciplina-odediência partidária", tornando-se esta o factor dominante no funcionamento democrático. O rígido controlo dos híbridos é o garante da Democracia.

Na verdade há dois tipos de híbridos, os de crença e os mercenários. Os de crença são os que se integram por "adoração" ou "credulidade" nos valores em causa (caso religiões ou militâncias). 
Os mercenários são os que aceitam por "negócio" do tipo "usar e deitar fora", cujo sintoma mais evidente é o nível de suborno e corrupção resultante. 
Quando o suborno e a corrupção são generalizados, o verdadeiro partido "por detrás dos partidos" é o mercenarismo que é protegido por todos os que assumem o poder. Nos massmedia dos países em que isto acontece a queixa é semelhante "diz-se uma coisa, depois diz-se outra e faz-se outra", a dignidade perdeu-se.

PS - Passar de Ditadura para Democracia não é só substituir os híbridos, não é só substituir os dogmas (leis) é fundamentalmente alterar as instituições de acesso ao poder e o seu funcionamento.


Ser um híbrido saudável não é fácil. A personalidade dupla (transtorno dissociativo da identidade),

[… é uma condição mental onde um único indivíduo demonstra características de duas ou mais personalidades ou identidades distintas, cada uma com sua maneira de perceber e interagir com o meio. O pressuposto é que ao menos duas personalidades podem rotineiramente tomar o controle do comportamento do indivíduo.]

É preciso cuidado em não sair da neurose (saber que o é e controlar os seus actos) para ficar psicótico perdendo a consciência e a noção da realidade. Alguns discursos políticos já andam por esta zona.
O treino tem que começar desde pequeno. Esta é uma das grandes diferenças entre a cultura piramidal e a tribal, uma prepara híbridos a outra não.

Para terminar uma história de educação tribal:

Antropólogos e sociólogos conversavam com anciãos da tribo sobre educação das crianças, garantindo estes que na tribo ensinar a decisão autónoma e o respeito para com os outros era o mais importante.


De repente, um garoto de 4/5 anos entrou na enorme casa da reunião e um ancião disse-lhe que queriam ficar sozinhos e quando saísse fechasse a porta. 
O garoto disse que sim, voltou para trás, começou a fechar a porta mas esta encalhou e ele não conseguia. Fez força, gemeu, pés escorregaram, ele caiu e a porta continuava imóvel.

Tempo passou, mais tempo passou…ninguém se mexia, apenas esperavam…e o garoto empurrava a porta.
Os europeus incomodados não sabiam que fazer…mas como os índios continuavam quietos, também nada fizeram. Por fim, passado muito tempo a porta fechou-se.

Os investigadores resolveram pôr o problema:
 - "Porque é que não ajudaram a criança??"
Os índios não perceberam:
- " Porquê ?? Ele aceitou a tarefa…"

e continuaram:
- "Se o fossemos ajudar estávamos a humilhá-lo. Aceitou a tarefa...a tarefa é dele".

Os investigadores insistiram:
- " E se ele não conseguisse ?"

Os índios responderam:
- "Essa conclusão é dele, não nossa. E se a fizesse ele viria chamar um de nós para o ajudar naquilo que ele quisesse e o escolhido sentir-se-is muito honrado com essa escolha".

Conclusão dos investigadores:
 "Quantas vezes educamos por humilhação?? Educamos a ser autónomos por obedecer??"
PS -Ou ajudamos sem nos pedirem e como queremos…. ou não ajudamos quando nos pedem.


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Telemóveis, bruxas e chefes


Ando contentíssimo a dar ordens a "torto e a direito".

Estou sentado e digo autoritariamente - "telefona Hermengarda", e lá tenho uma ligação a ser feita e passado um momento surge a Drª Hermengarda ao telefone. Converso, despeço-me e digo em alto e bom som - "Desliga", e tudo volta à calma inicial.
Estes inventos do "voice command" nos telemóveis até nos fazem esquecer as crises. 

Entretanto, surgiram-me algumas questões.

Se disser a um empregado - "telefona Hermengarda", e se ele estiver treinado também faz uma ligação ao destinatário. Neste caso a explicação está cientificamente provada. Como ele tem os conceitos de "obedecer", "telefone" e "deveres de empregado" bem aprendidos, integra tudo no cérebro e lá age como é preciso.

É um uso normal da função cerebral de transformar as palavras em significados e com estes detonar impulsos à acção.

Porém, se disser ao telemóvel - "telefona Hermengarda", obtem-se exactamente o mesmo resultado.

Todavia a conclusão não é fácil, pois… ou o telemóvel tem cérebro… ou os empregados têm chips. Ou então os chips são capazes de transformar as palavras em significados e usar estes para controlar as energias telefónicas do telemóvel.
Mas estas hipóteses parecem-me pouco credíveis. Tem que haver outra alternativa.

A mais lógica parece ser a noção de palavra, que não é apenas um veículo de significados a serem utilizados pelos humanos, mas também um pacote de vibrações (energia) para serem utilizados pelos telemóveis.

Realmente, alguns cantores com o canto conseguem  partir copos de cristal nas redondezas, devido às energias vibratórias provocadas pela voz.

Uhau!!…Uhhhaaauuu!…as palavras partem "corações" e põem pessoas a chorar e a rir, mas também partem copos e põem telemóveis a falar.

As pessoas choram e riem por causa dos significados das palavras que criam emoções, mas os copos e telemóveis não usam emoções, usam energias.
Então é porque as palavras também são energia e neste caso será que o córtex também é afectado por essa energia?? …e este afectar depende da energia vibratória, ou seja, da palavra??

PS - Salienta-se que são perguntas, não são afirmações. Pois se há rochas afectadas pela voz (ex. cristais) outras não são (ex. calhaus brutos). Possivelmente com os cérebros acontece o mesmo, uns são sensíveis, outros são calhaus.


"Ali Bábá e os 40 ladrões" é um conto oriental de tradição oral que parece ter surgido na India (sec III), depois na Pérsia (sec VIII) e na Europa (sec XVIII).
No conto aparece um tesouro numa gruta cuja porta obedece às frases "Abre Sésamo" e "Fecha-te Sésamo". Será este conto já uma história de ficção científica com 17 séculos, válida nos tempos actuais?
Será uma antevisão realista do que acontece hoje com os telemóveis?

Também em épocas antigas surgem shamanes, feiticeiros, bruxas e bruxos que com palavras fazem feitiços, encantamentos, maldições, pragas, etc. Estas memórias colectivas fazem parte de quase todas as tradições orais e de muitas instituições sociais desde os templos antigos, passando pela Inquisição e por movimentos sociais como a queima de bruxas (vide as "Bruxas de Salem"), até aos dias de hoje com as invocações, boas ou más.

Uma das palavras mágicas mais comuns em várias culturas e muito divulgada pelo seu poder de intervenção é "Abracadabra". Todavia, é sempre salientado nos "textos de bruxaria" que o "truque" é a forma como é vocalizada a palavra em função do timbre, intensidade e harmonia tónica.

Quer acreditando ou não nos efeitos mágicos, o conselho continua a ser tecnicamente interessante por válido: vocalizar sim, mas afinado. Na verdade, cantar ópera em cacofonia produz um efeito não só nulo como destrutivo.

Bruxaria ou não bruxaria, este conselho está colocando um aviso sobre a necessidade de correctas vibrações sonoras na vocalização, para poder produzir a energia sonora conducente a realizar as transformações materiais.

Neste contexto, analisar este realçar técnico parece-me mais importante do que a discussão "sim ou não à bruxaria", porque ele é uma das bases do funcionamento do "voice command" dos telemóveis. Palavra com má dicção ou com dicção confusa e o telemóvel não obedece. O conselho da bruxaria funciona também aqui.

Resolvi aprofundar.


Uma encantação é "um conjunto de palavras ditas, cantadas ou rezadas, destinadas a ter um efeito mágico ou sobrenatural", sendo utilizadas em muitas culturas e rituais religiosos, eventualmente provocando efeitos placebo.

A sua base é a crença de que "as palavras podem influenciar o universo". Segundo alguns autores, a diferença das palavras científicas para as palavras mágicas está na carga emocional destas, vulgarmente reforçado com o contexto: ambiente, luz, velas, sonoridade, clima psy, etc. (Malinowski, Ogden, Chomsky,..)

Em resumo a "magia das palavras" com seus efeitos de "encantamento a produzir mudanças físicas" seria sempre através de significâncias psicológicas e efeitos placebo.

Com este paradigma, o "voice command" nos telemóveis seria impensável e não teria sido inventado.

Assim, numa outra perspectiva, a voz altera um diapasão, ou seja, cria e emite energia:



O ser humano com a voz é um produtor de energia sonora.
No plano da sobrevivência, a voz como vibração será uma espécie de "morse" que também envia mensagens??? Os animais serão sensíveis a estas vibrações? Será também uma forma de comunicação ?

Na verdade, as palavras são produzidas pela passagem do ar nas cordas vocais, modeladas pela garganta, língua, boca, dentes, etc, ou seja, é um processo altamente especializado de detalhes sonoros muito precisos e sensíveis, distintos uns dos outros.
O seu conjunto forma a linguagem, isto é, um conjunto de sons expressando significados mas que em si são pacotes de vibrações.

Este processo é muito claro com o alfabeto que é uma técnica de escrita que em vez de expressar as ideias com imagens, expressa os sons das palavras que expressam essas ideias. É um intermediário e como intermediário tomou o controlo,


Assim, o centro da questão está no alfabeto, ou seja, na quantidade e tipo de sons (vibrações) que constituem as palavras. Quantos mais sons e mais detalhados, mais especificas são as palavras e portanto também mais distintas são as vibrações produzidas. Em poucas palavras, "quanto mais sons tem o alfabeto, mais o "morse" das vibrações vocais tem mais nuances, logo é mais especifico, claro e compreensível".

Um dos alfabetos mais antigos, o Sânscrito (India antiga) tem 50 símbolos no seu alfabeto, todos susceptíveis de serem produzidos pelo sistema vocal humano. São 16 vogais (sons abertos) e 34 consoantes (sons fechados). As nuances vibracionais sonoras são muito superiores às produzidas pelo posterior alfabeto simplificado de 5 vogais e 21 consoantes.

De qualquer modo, os Kabalistas judeus e os Indus consideram 3 e/ou 4 níveis na vocalização:

1 - o som expresso da palavra;
2 - o seu significado cognitivo e emocional;
3 - a sua energia vibracional;
4 - o efeito "arquétipo", no sentido de "imagem primordial" que é detonada, invade o receptor e afecta o funcionamento cerebral.
Este efeito pode ser mais intenso ou mais desprezável. Por exemplo, a palavra "satanás", ou a palavra "cancro", pode criar este efeito, levando as pessoas a benzerem-se ou a dizer "Deus me perdoe" como contraponto.
Comparando com os telemóveis, talvez o "voice command" use o modelo do arquétipo, na medida em que as vibrações da "voz ordenante" vão abrir um script, uma espécie de template (arquétipo?) que vai dominar todo o funcionamento conducente ao resultado desejado.

Para terminar o problema dos chefes:

O chefe ao dar ordens pretende provocar determinados efeitos no subordinado.

Assim a par da consequência obtida com base nos significados das palavras usadas, todos sabem que as vibrações são importantes e daí os gritos, berros, imprecações e resmungos usados ao mesmo tempo. Estou a esquecer os murros na mesa, como contexto emotivo a reforçar as palavras, em substituição dos tambores tribais. Não sei se alguns também se agitam e saltam, em substituição das danças tribais.

Simplesmente, ter as vibrações correctas é uma arte, não deve ser de mais nem de menos.
Assim, pode-se treinar os chefes com telemóveis.

Coloca-se o chefe numa sala com 5 telemóveis programados para um certo tipo de vibração. Ele fica lá dentro, durante algum tempo, a gritar ordens para os 5 telemóveis. Quando todos obedecerem está pronto para chefiar.

Convém analisar se quando não tem êxito é por berros a mais ou por berros a menos. O nível aceitável de berros tem que ser definido pela hierarquia.

Nas Democracias e nas escolas o nível a usar é o nível "gentleman" (delicadeza, gentileza, elegância, cortesia…), fora desta programação o telemóvel não obedecerá.


sábado, 16 de novembro de 2013

Ele, ela e o cão

As manhãs no café são melhores que a TV.

Hoje, ele lia o jornal e o cão dormitava debaixo da mesa. De repente, o cão levantou-se, ficou agitado, abanava a cauda e de língua para fora olhava para a rua.
Ela aproximou-se, sentou-se à mesa. Ele impávido continuou a ler o jornal, enquanto ela e o cão se cumprimentavam e, com festas daqui e lambidelas d'acolá, "conversaram" um pouco durante algum tempo. Via-se claramente que eram amigos.

O empregado aproximou-se, ela pediu um café e um croissant. Ele continuou a ler o jornal e o cão ficou atento ao croissant.

Quando ela acabou, ele chamou o empregado e pagou. Não percebi como ele viu que ela tinha terminado pois tinha o jornal na frente.
Levantaram-se, ele agarrou no jornal e na trela do cão, saíram, atravessaram a rua e dirigiram-se para o carro. O cão que seguia à frente, preocupado, olhava para trás para ver se ela também ia, ele preocupava-se com o carro que continuava no mesmo sítio.

Entraram todos e foram-se embora.

Conclusões:

1 - Ele estava bem treinado. Fazia o que era preciso sem precisar de receber ordens. Empregados destes não são vulgares.
2 - Ela e o cão eram bons companheiros, deviam viver na mesma casa. Ele provavelmente vivia no quintal, numa casota.
3 - Gostava de o ver com o treinador (talvez fosse o chefe) para observar o seu comportamento. Possivelmente, via-o ao longe, ficava atento, compunha-se (ajeitava o cabelo e a gravata, abria um sorriso, etc), isto é,  fazia como o cão, abanava o rabo, deitava a língua de fora e esperava festas. A cultura "pega-se".
4 - Ela parecia-me feliz, gostava de a ver com o verdadeiro "cara metade", com o "oficial" funcionava muito bem.

Não vi filhos…ou não têm ou esqueceram-se de os ter.

…tempos antigos
quando ainda não havia jornais.




quinta-feira, 14 de novembro de 2013

- Não confias em mim?, perguntou a raposa...


No café, dois indivíduos conversam sobre seguros de saúde,

- "Não confia em mim ?", pergunta um.
- "Sim, sim…", responde o outro apaticamente.

A conversa fez-me lembrar a história da raposa e da galinha


quando ela amigavelmente diz à galinha "…confia em mim…" para a poder agarrar.

No diálogo do café, a pergunta foi simples mas a resposta pode ser complexa.
Uma possível resposta amigável poderia ser:

- "Se for para me operar não confio, já tenho médico marcado".

Pois é, a confiança não é algo etéreo, por um lado exige saber "em quê" e "para quê" e por outro lado não surge instantaneamente exige "maturação", ou seja, exige alcançar o que na cultura tradicional portuguesa se chama ser um "amigo de peito" aquele que, por muito que afirmem algo, nós acreditamos ou não acreditamos "isso nele". 
Se não nos bloquearmos à empatia todos somos psicólogos afectivos uns dos outros, capazes do fenómeno "amigo de peito" centrado na confiança.

A confiança pode ser focalizada na "relação pessoal" e/ou na "competência operativa", em que cada uma não valida ou invalida a outra, são dois mundos diferentes, um reporta às intenções o outro aos resultados:

- "Eu tenho confiança no meu irmão, mas não confio nele para levar de automóvel o meu filho ao Porto".
- "Mas pensa bem…é o teu irmão", diz a mãe.
- "Pois é, mas é um azelha a conduzir", responde o filho.

Por si só as boas intenções e a lealdade relacional não garantem competência operativa e a competência operativa não é por si só garantia de confiança relacional.

Outro diálogo:

- "Desculpe, não confio em si nem no que me propõe", diz um.
- "Repare bem, olhe para mim…eu sou de confiança", diz o outro.

Isto é o que se chama um paradoxo argumentativo. Num diálogo existe sempre a "fonte da mensagem", a "mensagem" e o "mensageiro" (que neste caso é a própria fonte).

No exemplo, o primeiro indivíduo não tem confiança no outro como fonte da mensagem, portanto também não confia nas mensagens que ele origina.
O paradoxo é "uma fonte que não é de confiança mandar uma mensagem a dizer que é confiável". Tentar esta estratégia é estar a afirmar [tu não pensas e vou aproveitar…].  Se o outro acreditar, é porque realmente não pensa.

Na verdade quem recebe esta mensagem não pode conciliar dois aspectos, por um lado não acreditar no outro e por outro lado acreditar na mensagem dele. Ou acredita em si e nega a mensagem ou acredita na mensagem  e nega-se a si próprio.



A beleza do pôr-do-sol
não está no pôr-do-sol
está em quem o vê.
(Zen)

A confiança não está no confiável está em quem confia.
Não se luta por confiança, porque a confiança não se ganha, nem se conquista, não é uma questão de poder, nem de domínio. Ser confiável é uma oferta, se for aceite… nasce a confiança.

Perder a confiança é como perder uma moeda, não é resultado de uma luta, é resultado de um desaparecimento, de uma des-construção, de um des-fazer.

A confiança é um jogo no futuro, é acreditar nos actos futuros do outro, ou seja, implica sempre uma aceitação de risco "zero" nas decisões posteriores dele. Esta aceitação é prospectiva, é um cálculo de probabilidades das linhas tendênciais vindas do passado.
A confiança é o núcleo duro dos "amigos de peito" que o constroem ao longo do tempo, é um processo temporalizado, nunca é instantâneo. As culturas do "profundo amigo conhecido ontem", são culturas de teias expandidas e débeis, de confianças "marketing", de relações em "solidão acompanhada".

A conclusão interessante é que a confiança é como a sombra, constrói-se num lado mas a origem está noutro. 
A confiança de "A" em "B" constrói-se em "A" mas é feita de material originado em "B".

Indivíduo "B"                       Indivíduo "A"

A confiança não se ganha e, principalmente, não se conquista, pois não é uma questão de luta, nem de poder de domínio, quer de um quer de outro.
A confiança é uma questão de entrega, de oferta por parte do confiável e de compreensão e aceitação por parte de quem confia. Para ser mútua ambos têm que ser confiantes-confiáveis.

O início da confiança é o início da não-solidão.
(Zen)

- "Não confia em mim?, pergunta um.
- "Não confio, nem desconfio, tenho esperança", responde o outro.


Para terminar uma história (zen)

Se atravessas a vida com o teu par, então:
 - Se ele é de confiança, deixa que te segure a mão, pois se caíres ele segura-te, se ele cair ele larga-se;
-  Se ele não é de confiança, segura tu a mão dele, pois se ele cair tu seguras, se tu caíres tu largas-te.

Se a confiança é mútua agarrem-se um ao outro. (PS - Isto chama-se cumplicidade)



segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Placebos, Milagres, Termostato e Democracia


Estou a ler "The Wisdom of the Body", um clássico de 1932 de W. Cannon, Prof. de Fisiologia na  Harvard Medical School, centrado em torno do conceito de homeostase e auto-regulação (pag. 317):

"O organismo sugere que a estabilidade é de importância fundamental. É mais importante que economia. […] O organismo deita fora o que é excesso, o que é anti-económico, para ser criador de homeostase.
(…) A homeostase e a auto regulação interna estão interdependentes da homeostase e auto-regulação social".

Dias atrás, de manhã, perto do fim do livro escrevo 4 plop's num guardanapo, sem qualquer lógica visível:


Quatro palavras: Placebo, Milagre, Termostato e Democracia.

Intrigado, entro numa aventura tipo Sherlock Holmes, procurando o que foi que vi... que não vi.
Foram 4 dias e 4 noites em que ideias andaram "plopando" pela minha cabeça, enchia guardanapos e post-it's e aumentava o caos com inputs de livros e da Net.

Seguia a lógica de que "qualquer problema complexo se resolve aumentando a sua complexidade" e esperando que o meu computador pessoal (o meu córtex) saísse da balbúrdia e respondesse à questão: -"Qual é a lógica?".
Foram dias cheios e horas a passarem despercebidas mas, dos muitos plop's,


algumas conclusões apareceram:


1 - Placebo e Milagre são irmãos gémeos, pois ambos funcionam, procuram homeostasia e cada um contêm um certo mistério.

2 - Termostato e Democracia são também irmãos gémeos, pois ambos funcionam, procuram anular desvios e contêm auto-regulação.

3 - Como a homeostasia leva à auto-regulação e a auto-regulação arrasta para a homeostasia, os quatro pertencem ao mesmo "gang".

Resolvi aprofundar.



Placebo

British Medical Journal:

"O efeito placebo refere-se a resultados positivos causados por um tratamento que não podem ser atribuíveis às suas conhecidas propriedades físicas nem ao seu mecanismo de acção."

Em palavras simples, é um "mistério científico", ou seja, é uma maneira simpática de dizer "ignorância científica" pois ele actua organicamente não actuando organicamente…Uhau!..Uhau!...adoro paradoxos.
Mas por outro lado,

"Na medicina são muito importantes os placebos porque servem para fazer muitas investigações."

Juntando as duas afirmações, conclui-se que se fazem investigações cientificas donde se tiram conclusões, comparando


a - efeitos orgânicos de substâncias com acção orgânica

versus os

b - efeitos orgânicos de substâncias sem acção orgânica.


Se forem positivos, pode-se validar, produzir e gastar dinheiro nos remédios testados que entretanto se provou serem desnecessários.
Se os efeitos não forem os mesmos, não se prova nada sobre os remédios porque a ausência de prova não é prova.

Porém, se os resultados forem os mesmos pode-se também concluir sobre os placebos:



ou seja, realmente porque é que não se investe a estudar e desenvolver os placebos, se os resultados são iguais aos remédios?
Não vejo alternativa à lógica:

A - Ou o placebo é mentira e é fraude e  imoral utilizá-lo para validar tratamentos químicos e/ou físicos,
B - Ou o placebo é verdade e é fraude e imoral não o desenvolver para substituir tratamentos químicos e/ou físicos que entretanto ele está validando.
C - Ou não se sabe e é fraude e imoral utilizá-lo sem se saber o que se anda a fazer.

Principalmente, porque há "pistas" para pesquisa:

"O importante é que o paciente acredite na eficácia do remédio, visto que é sua mente que desencadeia o processo curativo."

Em palavras simples, poder-se-ia chamar ao efeito placebo, uma "pílula psicológica" ou uma "cirurgia psicológica" que faz o mesmo efeito que as "pílulas químicas" e/ou as "cirurgias físicas". 
A pesquisa a fazer é saber "qual é e como funciona" o efeito da mente (espirito humano) sobre a matéria (corpo).

PS - Até porque oficial e cientificamente a Medicina institucional aceita o efeito da mente sobre o corpo (pensamento sobre matéria), ou então a sua ratificação da Psicanálise é um bluff.



Milagre

Uma definição sucinta, "Milagre é a consequência da acção do espirito Divino sobre a matéria".
Difere de placebo porque este "é a consequência da acção do espirito humano sobre a matéria", mas ambos dependem da relação espírito-matéria.

As regras estabelecidas pelo Papa Bento XIV, 1745-1758, (Próspero Lambertini) ainda hoje seguidas, são exaustivas a mostrar que deve existir uma clara identificação dos resultados entre o "antes" e o "depois" da cura, completa ignorância acerca da causa e do funcionamento da alteração e total garantia de não existirem intervenções escondidas (fraudes).

Em resumo, tem que existir um completo conhecimento da consequência e uma total ignorância da causa e do funcionamento.
Assim, a palavra chave para garantir a existência, ou não, de milagre numa cura é "ignorância". Com ignorância total e completa, logicamente, a conclusão humana é ter que ser um milagre, isto é, intervenção divina.

Parece-me uma lógica imbatível.

Mas (nestas coisas humanas há sempre um "mas")... falta considerar outra variável que não vai negar ser um milagre, mas também não vai afirmar que o é, pois como já foi salientado "a falta de prova não é prova". 

A variável que não está considerada é o ser humano que aplica as regras
Isto quer dizer que depende do nível de conhecimentos de quem decide que "o que aconteceu não é explicável". Este nível depende não só dos indivíduos, como da sociedade e época em curso. 

A ignorância HUMANA varia com os níveis de conhecimentos HUMANOS existentes no momento. Muito do inexplicável no século XVI é perfeitamente compreensível no século XXI.

O que aqui está em causa não é o conceito de milagre, nem as regras de definição, é apenas a sua aplicação a casos concretos e aqui a única conclusão possível é que…"intervenção humana conhecida não é, divina pode ser".

O paradoxo existente baseia-se em "ter um humano a julgar se um acontecimento possui, ou não possui, valor divino", quando não tem nenhuma noção do que isso é, a não ser que considere que o nível divino é apenas um nível humano melhorado, ou seja, do mesmo tipo e isto chama-se antropomorfismo. 

Fora do paradoxo, logicamente, a única conclusão possível é que "nível humano actual não é", mas sobre  o que é…talvez simtalvez não e assim surge o mistério.

PS - O paradoxo é o mesmo que ter uma lesma a querer decidir se o "pensador de Rodin"é uma obra de arte humana ou um calhau da montanha, quando a variável humana lhe é totalmente estranha e admitindo que tem os conceitos calhau e montanha.



Placebo e Milagre

"Só há duas modos de viver a vida.
Um é pensar que não há milagres.
O outro é pensar que tudo é um milagre."
                                    Albert Einstein

A diferença entre placebo e milagre é a intensidade de mistério que contêm.

Uma simples rosa é um milagre se se considerar o enorme mistério que é "existirem biliões de células, que sem se enganar, se organizam em rosa e não em cabeça de peixe"… ou em qualquer outra coisa.
Conhece-se o resultado (ser rosa e não cabeça de peixe) não se sabe a causa, nem o funcionamento e não se conhecem controladores externos…é um milagre no actual nível de ignorância.

O ser humano são triliões de células que se mantêm em homeostase e sofrem contínuas alterações parciais. De acordo com alguns estudos, uma simples emoção cria 1.400 alterações orgânicas que rapidamente procuram recuperar a homeostase. 

Emocionar e des-emocionar no quotidiano são situações complexas feitas dentro de outra situação complexa (o corpo) funcionando por mecanismos de auto-regulação e homeostase. É um mistério dentro de um mistério e parafraseando Einstein "a vida vive-se com placebos e outros milagres diários".

No conjunto o que parece estar em causa são mecanismos de auto-regulação para reconquistar a homeostase.




Termostato

O termoestato é um mecanismo de autoregulação para manter o equilíbrio desejado.

O principio é simples: recebida uma informação, ela origina uma acção que produz-se um resultado material, reconstruindo o equilíbrio do conjunto (homeostase).
Se a informação é de "excesso" o resultado é de um tipo, mas se a informação é de "deficiência" o resultado é de outro tipo.

Observação - Os conceitos são: MatériaEnergia comprimida; Informação = Energia em padrões.

Exemplo:


Se o liquido amarelo está quente, aquece o gás (roxo) na membrana elástica (verde) que se expande e afasta os contactos encarnados desligando o aquecimento.
Se o liquido está frio, o gás contrai, a membrana contrai e os contactos unem-se, ligando o aquecimento.

Em resumo, a autoregulação é a anulação de um desvio entre o resultado existente e o resultado esperado:

Mas para anular o desvio, podem existir 3 modos diferentes:

- FeedBack - Anular a partir de informações do passado;
- Feed Forward - Anular a partir de informações do futuro;
- Feed Target - Anular a partir de informações do objectivo;

Exemplo, um carro na estrada:



Feed Back - Quando o motor perde força o motorista carrega no acelerador para aumentar a gasolina no motor e assim corrigir.
É uma correcção feita a partir do PASSADO, ou seja, DEPOIS do desvio ter acontecido. É a correcção mais simples, vulgar, rudimentar, mais dispendiosa e menos eficiente.

É uma retro-alimentação, i,é, alimentar para trás… no tempo, portanto o mais correcto seria "alimentar para depois" e é um "olhar de dentro para dentro".

Feed Forward - Quando prevendo as possibilidades do motor perder força com a subida que se aproxima, o condutor carrega no acelerador afim de aumentar a potência do motor para enfrentar essa exigência que vai aparecer.
É uma correcção feita a partir do FUTURO, ou seja, ANTES do desvio acontecer. É uma correcção mais evoluída, menos vulgar, exige competências diferentes, é menos dispendiosa e mais eficiente.

É uma pré-alimentação, i,é, alimentar para a frente… no tempo, portanto o mais correcto seria "alimentar para agir antes" e é um "olhar de dentro para fora", obriga a pesquisar e analisar o contexto existente.

Feed Target - Quando prevendo as probabilidades do uso do motor no caminho que se aproxima, o condutor decide alterar o percurso, optando pelo caminho "B" em vez de "A" por exigir menos  esforços ao motor.
É uma correcção feita a partir de um FUTURO longínquo e de um contexto alargado, ou seja, ANTES DE EXISTIREM CONDIÇÕES para o desvio acontecer. É uma correcção bastante mais evoluída e muito mais eficiente e eficaz, pois altera para condições de existência diferentes.

É uma pró-alimentação, i,é, alimentar para mudar o contexto, portanto o mais correcto seria "alimentar para contexto diferente" e é um "olhar de dentro das possibilidades", obriga a perspectivar e prospectivar probabilidades e possibilidades de futuros equilíbrios.
Este Feed Target pode alterar o"design" do sistema para condições diferentes, possibilitando evolução e/ou inovação.

A auto-regulação simples no seu princípio e primária no termostato é complexa no placebo e no milagre pois têm que existir os 3 tipo de auto-regulação,

a - agir em função do que está acontecendo (feed back);
b - agir em função do que irá acontecer em função das alterações dos outros (feed forward);
c - agir em função do "design" existente e/ou do "pró-design" desejado (i.é., adaptação, evolução) (feed target);

e ainda considerando que:

- a auto-regulação é com sincronismo de várias entidades;
- o "espírito-mente-pensamento" é uma das variáveis;
- cada entidade é um sistema (conjunto de unidades em inter-conexão):
- todas as entidades estão em inter-conexão (corpo);
- no plano quantitativo são milhões, biliões e triliões de unidades e conjuntos;
- no plano qualitativo o resultado é gerido por feed-back, feed-forward, feed-target;
- a informação recebida em cada uma não é a mesma, a acção resultante difere, o resultado também e cada resultado é informação de auto-regulação para outras, ou seja,
não há auto-regulação, mas um conjunto de auto-regulações cujos resultados
interferem uns com os outros, e o "milagre" é tudo ficar equilibrado (homeostasia)
e eventualmente evoluir para outra homeostasia.
 
e tudo sendo interdependente com o contexto.
Como é citado no inicio (W. Cannon):

(…) A homeostase e a auto regulação interna [do corpo individual] estão interdependentes da homeostase e auto-regulação social".



Democracia


A democracia é um corpo social com determinadas características. 

Há semelhança do corpo humano também o corpo social é um sistema constituído por milhares, milhões, biliões de unidades. Também tem um equilíbrio geral e equilíbrios parciais, conexões internas, desvios a serem colmatados ou aproveitados para evolução, pode estar saudável ou doente, estar em auto-regulação ou com regulação exterior.

Pode ter subsistemas que recusam participar no equilíbrio geral, negam a auto-regulação e constituem cancros de recuperação difícil, pois a sua extracção faz aparecer outros e tudo continua na mesma.

Quando há saúde chama-se Democracia. 
Doenças há várias, a mais vulgar são os cancros sociais chamados ditaduras totais ou parciais, e as parciais estão cobertas de pele em bom estado chamada "orgãos democráticos".

Relembrando os placebos e os milagres, talvez a solução para estas doenças seja reforçar a saúde democrática potenciando os mecanismos de auto-regulação democrática e homeostase democrática, e esquecermos remédios que querendo curar "fazem bem a uns e mal a outros", uns por ignorância outros por estratégia interna e/ou externa.

Fazer um milagre não me parece possível, mas criar um placebo que detone auto-regulação e desenvolva homeopatias democráticas parece-me viável. Quando isto acontece os "cancros políticos" são extintos e não reaparecem.
Um exemplo:

M. Luther King



Milhões entraram em auto regulação e uma nova homeostase foi obtida, sem tratamentos e nem cirurgias sociais. Foi um processo de auto-cura disseminado.




Crise em Portugal neste principio do século XXI:

a - Os feed back mostram que os remédios aplicados não estão funcionando;
b - Os feed forward não são claros e a continuação do caminho não está definida;
c - Os feed target não aparecem nem se discutem alternativas.

Relembrando as regras de milagre do Papa Bento XIV estamos em posição para um milagre pelo nível de ignorância demonstrado, mas não me parece que ele surja, pelo que sugiro um modesto Placebo que introduza:

1 - Auto-regulação na nossa democracia, dado que a regulação interna e externa não está a resultar;
2 - Homeostasia democrática porque as soluções de re-equilibrar estão apenas a resultar em sair de um desequilíbrio para cair noutro desequilíbrio.

Uma alternativa de Placebo é o aparecimento de D. Sebastião descendo de uma nave extraterrestre. Não serve para actuar organicamente mas apenas para mudar as mentes, pois:

"O importante é que o paciente acredite na eficácia do remédio, visto que é sua mente que desencadeia o processo curativo."

PLACEBO POLÍTICO - D.Sebastião saindo da nave espacial

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Crocodilos em luta

(Ver blog "Felicidade é uma espécie de ONU, conciliar muitos em UM")

Manhã na Pastelaria, um casal com 2 filhos, um de 2/3 anos e outro numa cadeirinha.

O filho de 3 anos traquinava pela Pastelaria e resolveu ir mexer nos bolos. O pai levantou-se e foi tirá-lo de lá.
Não foi fácil…esperneou, chorou, gritou e puxa de aqui e puxa de acolá.
O pai zangou-se, mandou, ordenou,  comandou e puxa de aqui e puxa de acolá.

Começou um circo romano com gladiadores, ambos com os córtex primitivos reptilianos em luta.


Ao fim de algum tempo, o pai ficou preocupado com o "espectáculo social", pois uns desdenhavam, outros sorriam, outros apoiavam (não sei bem qual), outros acompanhavam o desenlace, pelo que resolveu actuar.

Abandonou a luta e largou-o (pai perdeu?? filho ganhou??) mas a criança resolveu abandonar a ida aos bolos ("filho perdeu?? pai ganhou??) e foi para o pé do irmão que chuchando dormia na cadeirinha e começou a tirar-lhe a chucha, o irmão chorava, dava-lhe a chucha e ele calava-se, tornava a tirar e ele chorava e assim sucessivamente, dando escape-catarsis ao seu crocodilo. Os pais "conversavam" sobre o acontecido usando activamente os seus crocodilos irritados.

O irmão na cadeirinha, o grande perdedor do circo romano, acordado, muito quieto a chuchar não percebi o que estava usando, mas tenho impressão que começou a chocar um ovo de crocodilo.

Levantei-me, fui para casa, sentei-me a pensar no acontecido.

De repente descobri que as minhas análises e possíveis soluções estavam todas a ser controladas a partir do meu crocodilo. A cena de luta e a minha participação activa no espectáculo circense, tinham activado os meus neurónios espelho e estes tinha trazido o meu córtex primitivo para a discussão. O meu crocodilito estava muito dominador nas conclusões.
Resolvi calar-lhe a boca.

Activei o meu córtex emocional-mamífero, lembrando-me do medo, susto e aflição que se notava na cara da criança, tudo misturado com raiva e ataque… e da vergonha e pânico que aparecia nas rugas do pai sem saber como sair dali, tudo embrulhado também em raiva e ataque.

Deste modo, o meu equilíbrio "cortexiano" (a minha ONU) alterou-se e o meu primata pode entrar na discussão e os lóbulos pré-frontais readquiriram o controlo.

As nossas raízes primitivas são importantes para o nosso equilíbrio, mas convém não deixar os répteis  predadores (internos e externos) que nos cercam dominarem a nossa vida.


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Felicidade é uma espécie de ONU, conciliar muitos em UM


Dizia a Avó:
- "Estás infeliz ?? Pois é, perdeste o Norte !!".

O ser humano é um ser complexo que agrupa vários "jogadores" (players) em UM, querendo todos participar ao mesmo tempo. Gerir este agrupamento com eficácia não é uma tarefa fácil, é um trabalho que exige competência.

Todavia, com a instalação original, o ser humano traz uma espécie de "bússola emotiva" (amígdala??) inserida no córtex em conexão com todas as outras partes e que ajuda bastante a gestão da conciliação necessária.
Bússola indica o caminho de querer ou de recusar
Quando com a ajuda da amígdala a conciliação é obtida surge um "estado de felicidade", porém se não consegue e estrebucha com conflitos e desequilíbrios internos, então, temos um "estado da infelicidade".

O problema começa porque a bússola é calibrada desde pequeno, umas vezes por processos aleatórios, outras por processos intencionais (educação), ou ainda por processos correctivos (reflexos condicionados). O interessante é que andamos sempre todos a calibrar as bússolas uns dos outros.

Quando a mãe sorri e faz uma carícia a bússola arquiva um polo bom, mas quando o dedo se queima no fogo memoriza um polo mau e assim sucessivamente. A orientação para esses pólos cria dois tipos de tropismos, um positivo com decisões tendentes a caminhar em sua direcção ou um negativo para se afastar dela.

Porém a vida tem poucas situações de uma só variável activa pelo que as ambivalências surgem com facilidade com múltiplas orientações simultâneas e diferentes. Com elas a calibração da bússola perde nitidez e fica confusa. O conflito instala-se, a infelicidade nasce: -"O que faço?? Para onde vou??"

Há várias soluções para este problema, desde apagar as calibrações todas e começar de novo por "lavagens ao cérebro", por ex., em processos políticos, educativos, judiciais, médicos, religiosos, etc, até à acomodação em "estábulos psicológicos" de "q'ridos lideres", abdicando de qualquer escolha. 

O mais vulgar é tentar viver com o conflito arrastando-o para intensidades suportáveis, na filosofia de alternância de "dias Bons e dias Maus" e/ou de "os Deuses põem-nos à prova" e/ou "a Vida é assim!".

Todavia o problema é mais complexo porque existem várias "entidades" a participar no córtex e em vários níveis, cada uma com a sua bússola e participando todas ao mesmo tempo.

O neurocientista Paul MacLean, no caso dos humanos, com o conceito de "3 em 1" esquematiza o problema, apresentando os sub-córtex da "ONU pessoal" :


ou seja, o ser humano tem 3 entidades com funcionamento integrado:

- subcórtex Primitivo/Reptiliano - funções corporais básicas, reacções automáticas, acção-reacção, ataque-contra ataque, escolhas tipo "SIM-NÃO";
- subcórtex Emocional/Mamífero - acrescenta emoções, comportamentos sociais mais complexos, escolhas tipo "OU e OU";
- subcórtex Racional/Lóbulos frontais (nos primatas humanos) quase com 1/3 do total - inclui reflexão, intuição, lógica, cooperação, imaginação, criatividade, escolhas tipo "360º ".

Exemplo:

De manhã, ao vestir-se para ir trabalhar o que escolhe ?

- córtex primitivo-reptiliano pergunta: -"... é confortável ? dá comichão ? é áspero?"
- córtex emocional-mamífero pergunta: -"...  levo calças da moda, camisa alegre, de cor diferente?"
- córtex racional-lóbulos frontais pergunta: -"...  levo fato escuro completo, camisa branca e gravata?"
(PS -Nesta altura o emocional-mamifero "chateia": - "gravata discreta ou berrante ??")

cada um deles orientado por uma bússola própria, eventualmente dando orientações contraditórias, às vezes de difícil integração com opções: -" imagem ou qualidade de vida? estatuto ou espontaneidade? carreira ou autonomia?"
De qualquer modo, só uma roupa pode ser vestida, portanto, a "ONU pessoal" tem que conciliar as diversas orientações numa única solução, eventualmente ficando com percentagens diferentes de felicidade e infelicidade.

O neurologista R. Restak (The naked brain) tem outra maneira simples de analisar o ser humano, com o modelo "2 em 1":

- por um lado, funciona em "automático, reagindo" (subcórtex's reptiliano e mamífero);
- e por outro, funciona em "reflexivo, proactivo controlando"(subcórtex primata/lóbulos frontais).

É uma espécie de comboio em que a máquina reflecte e age no caminho e o vagão reage ao que acontece, mas ambos interferem e influenciam.  O reptiliano, estando "dentro da caixa e só vendo o que está em frente ao nariz", decide uma orientação, mas os lóbulos frontais estando de "helicóptero e vendo para além do aqui-agora", decidem outra: 

Qual o resultado: a máquina controla ou o vagão domina??

Em 1981, Roger Sperry ganhou o Prémio Nobel. Nos seus trabalhos com epilépticos ele notou que cortando o corpus callosum que une os hemisférios esquerdo e direito, tinha nítidas consequências. Surgiu a teoria de que cada hemisfério controla um tipo diferente de raciocinio:

- Hemisfério esquerdo - detalhes, lógicas, sequências, com o slogan "parte da árvore para a floresta";

Hemisfério direito - totalidades, estruturas, instantâneo, com o slogan "parte da floresta para a árvore";

Com todas estas variáveis activas o ser humano vive conciliando constantes discussões e negociações internas, procurando a calma dentro do caos e o imprevisto dentro da ordem,  ou parafraseando James Gleick:
Vive sempre na fronteira do caos [com a ordem] onde a vida floresce.
Em resumo, 

[a amígdala..] espécie de bússola, é um mecanismo de sobrevivência que permite tomar decisões rápidas ao processar emoções de resposta a sinais (visuais, olfactivos, auditivos, tácteis, ideias, sensações, etc) e  que, de um modo geral, se são positivos para sobreviver a emoção é boa e atrai, se são negativos a emoção é má e repele.

Sentir-se infeliz é um aviso de que "a sobrevivência está em causa", é preciso decidir e agir para a emoção passar a ser boa e sentir-se feliz. 
Como diria Hamlet, é um aviso de que "Algo está mal no reino da Dinamarca", pelo que agora a questão é "o quê" e "como fazer", e aqui começa a segunda infelicidade que é saber como se acaba com a infelicidade original, conseguindo resposta à pergunta: -"O que faço ?? Como resolvo ??".

Uma história:

O Manel tem uma dívida para pagar a um credor que precisa do dinheiro até às 9 horas da manhã, senão tira-lhe a casa. Apesar das muitas negociações não conseguiu alterar a data. 
Muito agitado, sem conseguir dormir, às 4 horas da manhã agarra no telefone, liga para casa do credor, acorda-o, diz-lhe que às 9 horas não tem dinheiro para pagar.
Desliga e com um suspiro deita-se sossegado.
Espantada a mulher pergunta porque fez aquilo, telefonar às 4 da manhã, não resolveu nada.
Muito calmo ele responde:
- "A dívida não resolvi, mas a preocupação resolvi. Agora é ele que não vai dormir".

Realmente a infelicidade também é um sistema de "2 em 1", tem sempre a original e a que ela arrasta consigo.

Normalmente, 

1 - a resposta do subcórtex primitivo-reptiliano é simples e pragmática, só vê o que está na frente, só tem duas posições SIM ou NÃO, duas estratégias LUTA ou FOGE, baseia-se no PRESENTE e dispensa o FUTURO.

2 - a resposta do subcórtex emocional-mamífero é sempre com um dilema Hameletiano "to be or not to be", "penso que SIM, mas por outro lado acho que NÃO", "ia sentir-me bem mas a culpa enche-me de tristeza", "eu gostava de entrar mas só me apetece ir embora"…e assim continuamente.

3 - a resposta dos subcórtex racional-lóbulos frontais é a mais complexa. Habituado ao pensar profundo "o presente tem que ser pensado a partir do futuro e este só pode ser desenhado a partir do passado na sua evolução até hoje". Uhhau…isto dá para 3 noites de insónia.

Ex, decidindo um divórcio:
"Eu divorcio-me pela responsabilidade que tenho para com os meus filhos, não só agora mas também  com as consequências daqui a 20 anos, não esquecendo esta crise socio-económica e a sua possível e provável evolução até lá. 
Agora que decidi…vou esperar até me poder divorciar".

As concliliações são dificeis, mas cada córtex ajuda com o seu modelo:

A - O subcórtex  primitivo-repetiliano com seu pragmatismo adopta Alexandre Magno e o "nó górdio", isto é, não está para chatices em desatá-lo e corta-o.

B - O subcórtex emocional-mamífero com seus dilemas adopta o do bêbado que quer entrar e também quer sair da taberna, assim, portanto, resolve entrar de costas.

C - O subcórtex racional-lobulos frontais com suas complexidades, faz o inverso da navalha de Ockham (sec XIV) em que "de duas teorias a mais simples é a correcta", pois garante que um problema complexo resolve-se tornando-o mais complexo, isto é, "qualquer dor de cabeça passa com uma boa martelada no pé". 
Este método é muito usado em política quando para esquecer um problema se arranja outro maior, por ex.,"qualquer fraude política ou económica desaparece com uma grande crise ou desastre".

E assim vai o mundo da ONU pessoal na conquista da felicidade.
Porém, para decidir AINDA tem que optar nos processos usados. Para escolher pode centrar-se em detalhes ou em totalidades (hemisfério esquerdo ou direito) e pode reagir ao que o pressiona ou reflectir sobre o que quer (reactivo ou reflexivo).

Em conclusão,
para a conquista da felicidade penso que a solução ideal é o Tarot, as Runas, as folhas de chá, ou a velha moeda ao ar. Não é muito científico mas pelo menos tira a angústia e depois pode-se pôr a culpa noutro lado, ficando feliz no aditismo (o vício) de ser infeliz. 

Ir à bruxa (terapeuta não Licenciado) não é muito lógico porque, qualquer que seja a técnica usada, ela só diz o que quer. Se o terapeuta é Licenciado, qualquer que seja a técnica usada, também só diz o que quer. É sempre só mais UM a aumentar a confusão na ONU pessoal.