Voltei a reler um dos meus livros favoritos "Os clãs da Lua Alfa" do meu hobby "Ficção Cientifica" e de um autor que "me torce os neurónios", Philip K. Dick.
Não pertence ao género "Space Opera" com os seus cowboys do espaço, nem às "Religiões Negras" com os seus missionários mortos-vivos, nem à "Ficção Pornográfica" com as suas huris da 4ª dimensão.
É uma história simples, num contexto inverso: os malucos são socialmente normais e os normais são socialmente malucos.
Após a exploração do espaço, as colónias são planetas espalhados pela galáxia.
À semelhança do século XVIII, quando a "ilha" Austrália foi transformada numa colónia penal inglesa para onde eram enviados os condenados e seus guardas, no livro, um planeta foi transformado em Hospital Psiquiátrico, para onde eram enviados os "malucos" e seus médicos.
Devido a convulsões politico-militares o planeta foi esquecido durante várias gerações. A história começa quando uma nave de normais volta a visitar o planeta para recuperar o Hospital e seu funcionamento.
A surpresa é que tudo estava "normal" e funcionava socialmente bem.
As chamadas doenças mentais tinham-se agrupado em comunidades, cada uma trabalhando em especializações que rentabilizavam a sua capacidade natural, anteriormente conhecida como deficiência mental:
- os maníacos (agressividade, grandeza e superestima) eram militares e viviam na AdolfVille;
- Os esquizoides hebefrénicos, especializados em missionação, viviam na GhandiTown;
- Os poli-esquizofrenicos estavam na Hamlet City, com suas eternas alternativas;
- Os paranóicos, sempre atentos, eram óptimos policias;
- Os obsessivos, não abandonando problemas, encontravam soluções, enchendo DaVinciCity;
… e assim a vida seguia feliz, rentável e útil com todos os outros potenciais também aproveitados, tais como os depressivos, felizes com trabalhos manuais sossegados e simples, os psicóticos expressando suas cismas para espectadores, etc.
A reunião geral destas "tribus" é uma descrição deliciosa da positividade de integração das diferenças mentais individuais.
PS - Lembrou-me logo os debates das Assembleias Democráticas de "normais", onde integrar é ser deficiente mental.
A questão aparentemente paradoxal a resolver, é que os normais não tinham nenhuma capacidade socialmente aproveitável, portanto deviam ser "malucos" e ser internados.
Afinal, parece que o fulcro do problema está em:
Qual é a fronteira que separa o normal do doente mental e qual é o critério "cientifico" que se aplica???
Lembra-me a História das Bruxas e da sua prova cientifica e religiosa, simples e fácil:
"Amarram-se e deitam-se à água. Se não se afogam são bruxas e são queimadas. Se se afogam não são bruxas e são enterradas com cerimonial religioso", q.e.d.
Isto pode ser anedota e a história pode ser ficção de Philip Dick, mas o quotidiano trás-nos…
"Notícias":
Diz a professora:
- O seu filho tem que ser acompanhado porque não tem condições para aprender inglês...!
Pois é…felizmente não nasceu em Inglaterra,…e também foi o seu azar porque os que nascem lá, têm todos jeito para inglês.
Diz a professora:
- O seu filho precisa de medicamentos, é hiper activo..!!
Pois é … é-se medicamentado por querer viver. A minha Avó ficava contente com netos traquinas, - "cheios de vida".
Diz a professora:
- O seu filho tem deficit de atenção está sempre distraído com outras coisas..!!
Pois é … está sempre muito atento e concentrado "fora da aula".
Diz Philip Dick, em "Os clãs da Lua Alfa":
- Pensa que será possível convencer estas pessoas a voltar voluntariamente para o estado de pacientes?
- Não - disse Mary - Teremos de usar a força para os controlar.
Pois é…!!!
E nós…somos normais ou "malucos"??? E se mudarmos de sociedade??? E se deixarmos de aceitar a normalidade que nos permite "andar à solta"???
Em muitas culturas a "anormalidade" é um dom dos Deuses. Pois é…até com a escolha dos Deuses temos que ter sorte.
- Os poli-esquizofrenicos estavam na Hamlet City, com suas eternas alternativas;
- Os paranóicos, sempre atentos, eram óptimos policias;
- Os obsessivos, não abandonando problemas, encontravam soluções, enchendo DaVinciCity;
… e assim a vida seguia feliz, rentável e útil com todos os outros potenciais também aproveitados, tais como os depressivos, felizes com trabalhos manuais sossegados e simples, os psicóticos expressando suas cismas para espectadores, etc.
A reunião geral destas "tribus" é uma descrição deliciosa da positividade de integração das diferenças mentais individuais.
PS - Lembrou-me logo os debates das Assembleias Democráticas de "normais", onde integrar é ser deficiente mental.
A questão aparentemente paradoxal a resolver, é que os normais não tinham nenhuma capacidade socialmente aproveitável, portanto deviam ser "malucos" e ser internados.
Afinal, parece que o fulcro do problema está em:
Qual é a fronteira que separa o normal do doente mental e qual é o critério "cientifico" que se aplica???
Lembra-me a História das Bruxas e da sua prova cientifica e religiosa, simples e fácil:
"Amarram-se e deitam-se à água. Se não se afogam são bruxas e são queimadas. Se se afogam não são bruxas e são enterradas com cerimonial religioso", q.e.d.
Isto pode ser anedota e a história pode ser ficção de Philip Dick, mas o quotidiano trás-nos…
"Notícias":
Diz a professora:
- O seu filho tem que ser acompanhado porque não tem condições para aprender inglês...!
Pois é…felizmente não nasceu em Inglaterra,…e também foi o seu azar porque os que nascem lá, têm todos jeito para inglês.
Diz a professora:
- O seu filho precisa de medicamentos, é hiper activo..!!
Pois é … é-se medicamentado por querer viver. A minha Avó ficava contente com netos traquinas, - "cheios de vida".
Diz a professora:
- O seu filho tem deficit de atenção está sempre distraído com outras coisas..!!
Pois é … está sempre muito atento e concentrado "fora da aula".
Diz Philip Dick, em "Os clãs da Lua Alfa":
- Pensa que será possível convencer estas pessoas a voltar voluntariamente para o estado de pacientes?
- Não - disse Mary - Teremos de usar a força para os controlar.
Pois é…!!!
E nós…somos normais ou "malucos"??? E se mudarmos de sociedade??? E se deixarmos de aceitar a normalidade que nos permite "andar à solta"???
Em muitas culturas a "anormalidade" é um dom dos Deuses. Pois é…até com a escolha dos Deuses temos que ter sorte.
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