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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Filhos, Planos, Vida e Hollywood

A estratégia militar tem um dogma interessante:

Em sistemas simples, um bom plano derrota qualquer inimigo.
Em sistemas complexos, um bom inimigo derrota qualquer plano.


Esta regra faz a diferença entre a 1ª e 2ª Guerra Mundial e as Guerras de Guerrilha, ou entre a Polícia prender um Drogado ou prender os Drogadores. 

A diferença é simples, nos sistemas simples as probabilidades calculam-se com alto nível de certeza, nos sistemas complexos as incertezas não precisam de cálculo, elas passeiam-se à vontade, oferecendo surpresas constantes.

O bom militar em sistema simples é o que segue o plano, o bom militar em sistemas complexos é o que é criativo dentro do plano, pois no primeiro caso a realidade "confirma" a previsão e no segundo a realidade "des-confirma" as expectativas.

A educação dos filhos era (é ???) feita com modelos para viverem em sistemas simples. Isso acabou,... os sistemas de vida são cada vez mais complexos.
Educar filhos para sistemas simples é cómodo e fácil, no dizer de um pedagogo "é só preparar os parafusos para as porcas existentes… e a máquina funciona". 
O problema é se a máquina passou a mudar em cada minuto…" e "quando o parafuso lá chega, não tem porca que lhe sirva".

Pais, Professores, Escolas, Governo, ... fazerem o melhor que podem não é argumento que se diga, é des-vergonha que se mostra. O melhor que podem não vale nada, é apenas o pior que sabem.



Os produtores de Hollywood sabem isto muito bem. Um filme custa milhões de dólares investidos "à cabeça", mas… o plano que originou o cálculo tem que se adaptar contínua e sucessivamente a dezenas de variáveis que vão aparecendo. A sobrevivência do Plano é ele não sobreviver… transformar-se. Parafraseando Darwin, "a sobrevivência da espécie é ela não sobreviver…passar a ser outra".

As variáveis Hollywoodescas são muitas, depois de "adjudicado o crédito":

- o argumentista muda a história;
- o actor (star system) altera a personagem (incorpora nele parte da sua personalidade);
- o realizador "redesenha" o fluir da história;
- produtores negoceiam logísticas, recursos e dinheiro: "o que era para haver…não há, e o que existe não era o previsto";
- a meteorologia altera calendários;
- Vida pessoal do "star system" altera a produção e a história planeada;
- O marketing impõe alterações: - "O filme é para ser vendido".
- etc, etc

Os financiamentos são obtidos baseados em planos, exactamente porque se sabe que esses planos vão ser alterados …é um sistema complexo. 
Quando o arquitecto entrega o plano da casa ao cliente e à Camara Municipal o plano é para cumprir até ao "parafuso planeado"... é um sistema simples.

Em Hollywood o dinheiro é garantido sabendo-se já que vai ser usado através de um  confronto sucessivo de uma série de "Egos gigantes", cada um lutando pela sua ideia…e o espantoso é que funciona.

PS1 - Faz lembrar as negociações dos Parceiros Sociais a "construírem" o País, em Hollywood faliam rapidamente.

PS2 - Outra solução é o plano ser sempre o mesmo e os orçamentos é que aumentam sucessivamente. As produções (pontes, estradas, edifícios,..) acabam por custar 3, 4, 5,…vezes mais que o previsto aprovado.

São duas culturas "alienígenas" uma em relação à outra. Desde as regras de funcionamento, ao estilo de liderança, à distribuição de poder, relações pessoais, e… fundamentalmente, os perfis dos envolvidos.

A pergunta que se apresenta é simples:

Com que perfis educamos os nosso filhos???

Vão ser bons profissionais a pôr "pensos rápidos" ou a fazer parte de um grupo que "opera ao cérebro"?

E os chefes, querem organizações que só põem "pensos rápidos" ou organizações que "operam ao cérebro"?

Não vamos  escamotear o problema, não é um problema cultural, é um problema de escolha e vontade politica…há um instrumento que se chama VOTO

Resolvem-se crises pondo pensos rápidos?????




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