- Meu caro Watson, olhe para cima e diga-me o que vê.
Watson pensa e diz: - Depende da perspectiva…
- se Astronómica, a causa é existirem milhares e milhares de galáxias com biliões de planetas,
- se Astrológica, é porque Saturno está em Leão e ter-se-á amanhã um dia de sorte,
- se Temporal, é por causa da localização da Estrela Polar, sendo talvez 03h:15min ,
- se Teológica, é porque Deus é todo poderoso e porque somos pequenos e insignificantes,
- se Meteorológica, a causa são as condições para amanhã existir um lindo dia,
se…
Pois é, o mito de pensar CAUSA—CONSEQUÊNCIA é uma armadilha porque se há consequência então a causa já foi no passado e pode ainda existir ou não, alterada ou não, camuflada ou não, mas pertence sempre ao mundo do "TALVEZ"... e não é lógico planear (e muito menos construir) um prédio sobre alicerces tipo "sonhados".
Convém não confundir provas com evidências, pois provas são evidências validadas mas conjecturas de evidências não provam nada.
O pensar deve ser sempre um processo CONSEQUÊNCIA-CAUSA, cujo ponto-de-partida é a consequência, ou seja, é o conjunto de um facto seleccionado no presente com significado também avaliável no presente. Numa palavra, este conjunto exige uma PERSPECTIVA.
Exemplo:
Um carro atropelou o Zé. No momento da análise não há atropelamento, só há Zé atropelado e a partir daí procura-se as causas.
Por rotina cultural, normalmente, há um perspectiva que se instala e a partir daí o pensamento constrói-se.
Neste caso a perspectiva "automática" é — o carro passou por cima do Zé — e o pensar procura as causas na condução , isto é, motorista, veículo, trânsito, etc. Procuram-se factos (detalhes) concordantes com esta perspectiva.
Mas, com outra perspectiva — o Zé passou por baixo do carro (suicidou-se) — então os factos (detalhes) concordantes devem ser procurados no Zé e nos seus movimentos.
Em resumo, duas versões diferentes com algumas evidências talvez iguais mas com significados diferentes devido a raciocinios consequência-causa distintos.
Culturalmente, o processo de análise consequência-causa poderá depois ter o seu resultado apresentado no formato causa-consequência.
Em conclusão:
Neste processo do pensar humano o elemento crucial é controlar e gerir a PERSPECTIVA que é a coluna vertebral de todo o raciocínio.
Para encontrar o ponto de vista, há várias técnicas (a treinar) para o fazer, um método interessante conhecido por truque-Sherlock-Holmes é colectar o máximo de detalhes, arrumá-los “à balda” deixando todos visíveis e ficar a olhar “para nenhum e para todos” (meditando??) até que os “neurónios” se fixem e escolham um e com ele definir a perspectiva e com ela encontrar o raciocínio lógico que integra tudo.
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