(foto Frans de Waal) |
No pensar, as ideias são como as cerejas [...puxa-se uma e muitas outras vêm atrás]. Desde que vi esta foto, ela não me larga, é uma espécie de pedra no sapato a incomodar-me e a arrastar outros incómodos.
Sinto que o jacaré a trepar na rede tem algo escondido, mesclado com o "penso logo existo" do René Descartes, não por errado mas por distorcer compreensões.
O René me perdoe... mas realmente pensar não chega para existir. Na verdade, quem pensa parvoíces não significa que existe(*), i.é, "quanto mais parvoíces pensas mais existes" não me parece ser um corolário do pensar de Descartes. Anda por aqui um bug à solta.
(*) - Na política é possível, principalmente, se as parvoíces que se disser os outros gostarem de ouvir.
A frase do Descartes deveria ter a sequência inversa "existo logo penso" pois não é o pensar que valida a existência mas a existência que valida o pensar(*).
(*) - O paradigma causa-consequência da Física Newtoniana na Fisica Quântica coexiste com o seu "gémeo" consequência-causa.
Por outro lado, a frase "penso logo existo" está ao estilo slogan, curta e memorável logo insuficiente, porém ao estilo auto-suficiente deveria especificar, por ex., dizendo "penso com a minha cabeça logo existo".
Realmente, vê-se por aí muita gente a pensar com a cabeça do outro, é um estilo que se usa e abusa, por ex, obrigando à disciplina partidária. Esta alternativa obriga a pensar com a voz do dono (his Master voice) para criar unidade fictícia(*) com cópias standartizadas (clonagem mental??) em vez de originais não abúlicos.
Realmente, vê-se por aí muita gente a pensar com a cabeça do outro, é um estilo que se usa e abusa, por ex, obrigando à disciplina partidária. Esta alternativa obriga a pensar com a voz do dono (his Master voice) para criar unidade fictícia(*) com cópias standartizadas (clonagem mental??) em vez de originais não abúlicos.
(*) - Numa catástrofe todos ajudam e não há disciplina partidária. Sem disciplina partidária, a unidade consegue-se por cada um pensar com sua cabeça e sincronizarem-se. Líder é aquele que fomenta o sincronismo, ele surge e desaparece naturalmente sem campanhas nem eleições.
A base da disciplina partidária é obrigar a pensar com a cabeça do líder e não com a sua. Confunde-se obter unidade por obrigação (prisão) com obter unidade por adesão (liberdade)(*).
(*) - Ou seja, pensar com a sua cabeça a mesma ideia que o líder pensa com a dele (cumplicidade*).
(*) - Ou seja, pensar com a sua cabeça a mesma ideia que o líder pensa com a dele (cumplicidade*).
Explicitando,
se os deputados pensarem com a sua cabeça (contrária à do líder) ficam a existir mas também, exactamente, por isso deixam de existir... são expulsos.
A situação é estranha pois é uma espécie de sobreposição de Estados da Quântica em que o deputado por pensar "existe como deputado do partido"(*) e ao mesmo tempo "deixa de existir como deputado do partido".
(*) - Se não pensam por si, não são deputados são apenas "bonecos certificados" pelo líder. Neste caso era mais "elegante" (gentleman??) só os lideres estarem presentes com procurações assinadas e legalizadas e os outros deputados irem passear com a família.
Numa palavra, é um dilema cujo antagonismo não tem solução e aqui talvez Shakespear dissesse "To be AND not to be is the question" ao estilo da Quântica.
O jacaré
Em simplex, as alternativas causa-consequência são:
Em simplex, as alternativas causa-consequência são:
A - "o jacaré pensa logo existe no cimo da rede" ou
B - "o jacaré existe no cimo da rede logo pensa";
A diferença é que a primeira frase [A] é ambígua devido a ter causa indefinida, pois "pensa"... mas pensa o quê? Parvoíces? Macaqueia o pensar de outro? Vocaliza slogans por obediência? Decora sem sentido? etc.
Em contraste, a segunda frase [B] apresenta uma causa definida e concreta, i.é, existe cimo da rede. Aliás esta é a lógica do pensamento científico. Porém, ele pode caminhar por dois trilhos diferentes, como, por ex., o Newton e o Einstein.
Em Newton, primeiro existe o evento e só depois surge o pensar significativo que o justifica. Quando ambos se harmonizam o evento passa a prova científica do pensar sobre ele.
Em Einstein (Teoria da Relatividade) ele faz o caminho inverso. Primeiro pensa a teoria (1915) e depois surge o evento (1919) apresentado então como prova científica do pensar.
Os dois processos, apesar de usarem sequências diferentes têm o mesmo factor gerador que é uma importante e indispensável "simbiose" de admiração e curiosidade.
Em contraste, a segunda frase [B] apresenta uma causa definida e concreta, i.é, existe cimo da rede. Aliás esta é a lógica do pensamento científico. Porém, ele pode caminhar por dois trilhos diferentes, como, por ex., o Newton e o Einstein.
Em Newton, primeiro existe o evento e só depois surge o pensar significativo que o justifica. Quando ambos se harmonizam o evento passa a prova científica do pensar sobre ele.
Em Einstein (Teoria da Relatividade) ele faz o caminho inverso. Primeiro pensa a teoria (1915) e depois surge o evento (1919) apresentado então como prova científica do pensar.
Os dois processos, apesar de usarem sequências diferentes têm o mesmo factor gerador que é uma importante e indispensável "simbiose" de admiração e curiosidade.
Newton com nitida admiração e curiosidade |
Durante milhares de anos, existiram milhões de maçãs a caírem por todo o lado, ninguém se preocupou e nunca passaram de simples e banal acidente.
No séc XVII a habitual queda da maçã incomodou Newton cuja admiração e curiosidade o fez entrar na História.
No séc XVII a habitual queda da maçã incomodou Newton cuja admiração e curiosidade o fez entrar na História.
O processo foi simples ele, curioso e admirado com o facto dela cair-para-baixo e não cair-para-cima, começou a pensar e descobriu a gravidade.
Ao unir os dois factos "realidade+pensamento" transformou a habitual queda da maçã em facto histórico na recém-nascida prova científica (1666) da gravidade.
Ao unir os dois factos "realidade+pensamento" transformou a habitual queda da maçã em facto histórico na recém-nascida prova científica (1666) da gravidade.
Hoje, se um copo cai no chão e um balão sobe, ninguém se admira e por rotina pensam (se pensarem) que foi a gravidade. Só as crianças sentem ainda espanto de um cair e outro subir e perguntam porquê.
Ontem, o espanto foi meu. Uma criança de 4 anos, admirada, perguntou como é que a lua anda no céu se não tem pernas. A pergunta "científica" estava lá escondida no pedido de resposta(*).
(*) - Pergunta interessante pois iria encontrar a lei da gravitação universal (1687).
Sinto-me feliz por as crianças continuarem na vida como guardiões da curiosidade e da admiração e infeliz por os adultos perderem tudo isso nas certezas rotinadas do quotidiano.
Cada vez mais cedo, para os adultos o pôr-do-sol é apenas a certeza de já ser noite e só existe vivo se "matado" em fotografias e pinturas [...não tenho tempo para a minha filha mas em casa passo horas a ver fotografias...].
Ao mostrar um avião no céu espanto-me como as pessoas ficam impávidas e serenas e "explicam-no" sem admiração nem curiosidade com "... são descobertas da Ciência!!".
Na verdade a "descobertas da Ciência" explica nicles e esconde o importante.
Entre a idade Média e hoje, muitas pessoas caminharam na imaginação e na curiosidade de pesquisar o voar com esforço e prazer e sem êxito.
Depois de esmiuçar o mais-leve-do-que-o-ar deram uma "cambalhota mental" e alguns loucos sem juízo começaram a esgravatar no mais-pesado-do-que-o-ar.
Adorava falar com estes primeiros "loucos" do mais-pesado-do-que-o-ar e saber o que, naquela época, lhes fez saltar os neurónios e aderir ao ilógico de subir por ser mais pesado.
Os deuses me ajudem, mas ver um avião é ver um "pacote" de curiosidades e admirações vividas, morridas e revividas ao longo de séculos entre fracassos e êxitos e corporizadas, hoje, nesse avião lá no céu.
Em 6 de maio de 1896, Langley construiu o primeiro protótipo de aeronave mais pesada do que o ar. Então neste dia, houve prova científica que avião existe logo humano pensa se impulsionado por imaginação e curiosidade.
O jacaré parece ser um caso semelhante pois se existe (sobre a vedação) logo pensa impulsionado por sua imaginação e curiosidade. Não creio que o jacaré o fez por instinto instalado no ADN pois seus antepassados não amarinhavam redes verticais e iam para o topo como comportamento vulgar.
Ontem, o espanto foi meu. Uma criança de 4 anos, admirada, perguntou como é que a lua anda no céu se não tem pernas. A pergunta "científica" estava lá escondida no pedido de resposta(*).
(*) - Pergunta interessante pois iria encontrar a lei da gravitação universal (1687).
Sinto-me feliz por as crianças continuarem na vida como guardiões da curiosidade e da admiração e infeliz por os adultos perderem tudo isso nas certezas rotinadas do quotidiano.
Cada vez mais cedo, para os adultos o pôr-do-sol é apenas a certeza de já ser noite e só existe vivo se "matado" em fotografias e pinturas [...não tenho tempo para a minha filha mas em casa passo horas a ver fotografias...].
Ao mostrar um avião no céu espanto-me como as pessoas ficam impávidas e serenas e "explicam-no" sem admiração nem curiosidade com "... são descobertas da Ciência!!".
Na verdade a "descobertas da Ciência" explica nicles e esconde o importante.
Entre a idade Média e hoje, muitas pessoas caminharam na imaginação e na curiosidade de pesquisar o voar com esforço e prazer e sem êxito.
Depois de esmiuçar o mais-leve-do-que-o-ar deram uma "cambalhota mental" e alguns loucos sem juízo começaram a esgravatar no mais-pesado-do-que-o-ar.
Adorava falar com estes primeiros "loucos" do mais-pesado-do-que-o-ar e saber o que, naquela época, lhes fez saltar os neurónios e aderir ao ilógico de subir por ser mais pesado.
Os deuses me ajudem, mas ver um avião é ver um "pacote" de curiosidades e admirações vividas, morridas e revividas ao longo de séculos entre fracassos e êxitos e corporizadas, hoje, nesse avião lá no céu.
Em 6 de maio de 1896, Langley construiu o primeiro protótipo de aeronave mais pesada do que o ar. Então neste dia, houve prova científica que avião existe logo humano pensa se impulsionado por imaginação e curiosidade.
Repare-se no ar de expectativa e curiosidade |
Se pensarmos nas suas motivações de instintos básicos tais como sexo e comer, não creio que aqui funcione. Na verdade do outro lado da rede não existe UMA jacaré que atraia e o factor alimentação não é activado com ervas.
A hipótese obediência também pode ser excluída. A dependência do estilo manadas não é hábito da sua espécie nem ao pé dele existe um chefe-jacaré a dar ordens. A alternativa é o jacaré ser um independente, autónomo e motivado por projecto pessoal de subir a rede.
Ser independente e autónomo não levanta questões especiais, vide gatos independentes e autónomos por pré-programações no ADN, mas o projecto pessoal despertou a minha curiosidade e admiração: Porquê subir a rede vertical? Para quê?
Normalmente, uma mudança de comportamento reflecte um padrão instituído que integra informações do contexto num resultado pré-determinado. Um exemplo interessante são os corvos japoneses que constroem ninhos com cabides de metal, inovando assim o material de construção:
Então no caso do jacaré a pergunta a fazer seria saber qual o resultado pré-determinado no ADN e perseguido com a subida da rede. A resposta não é fácil.
A fotografia mostra um vazio quase igual de um e de outro lado da rede e só com duas pequenas diferenças. Do lado de lá (para onde quer ir) há uma floresta, de lado de cá (de onde quer sair) a relva está tratada.
Só resta fazer conjeturas.
O lado de cá tem relva tratada, é limitado por rede alta e vertical o que parece significar uma prisão VIP para jacaré. O lado de lá apresenta terreno maltratado e limitado por floresta o que pode significar ausência de "obrigações" e de controlos, portanto, possibilidade de autonomia e livre-decisões para o jacaré.
Nesta mesma situação, um gato escolheria subir pelos buracos da rede, saltar lá de cima para o chão e fugir. Simplesmente, o ADN, instintos e agilidade do jacaré põem esta solução fora de jogo. Subir será inovador mas saltar será suicídio.
O corpo do jacaré tem a flexibilidade de um tábua de engomar. Coitado do jacaré deve ser-lhe impossível dobrar o corpo como um gato e apoiar as patas de trás de um lado da rede e as patas da frente no outro lado.
Deste modo o ponto critico do jacaré centra-se na questão "passar para o outro lado". É possível ou não?
Na prática, passar a porta de uma casa pode ser para sair de casa fugindo da zaragata que lá está ou pode ser para entrar na rua correndo para a festa que lá existe. Talvez, por sorte, fazer os dois em simultâneo.
No caso do jacaré o ponto critico são os dois em simultâneo, i.é, sair da prisão e entrar na liberdade.
Portanto a questão é "conseguiu subir mas como sairá de lá?". Poderá no topo baloiçar" o corpo e cair para o outro lado?
Parece-me ser uma "missão impossível" tipo filmes Tom Cruise!
Conclusões sobre a fotografia
1 - Faltam fotografias do resto da história referentes ao "depois de estar lá em cima" mas logicamente pressente-se que o fim é triste.
4 - Nos corvos japoneses a "exigência" de ninho pelos instintos base de alimentar e reproduzir, no jacaré não estão activos.
6 - Em resumo, o jacaré no topo da vedação existe logo pensa... mas pensa o quê?
Pessoalmente,
1 - Faltam fotografias do resto da história referentes ao "depois de estar lá em cima" mas logicamente pressente-se que o fim é triste.
2 - O jacaré ao subir a rede na vertical tem um comportamento inovador e moderno pois nos velhos tempos da pré-História não havia redes verticais para trepar logo teve que "inventar", daí o interesse da fotografia de Frans de Waal.
3 - Ao contrário dos corvos japoneses com seus ninhos de cabides metálicos, neste caso não parece existir padrão instintivo prévio com o resultado a alcançar.
4 - Nos corvos japoneses a "exigência" de ninho pelos instintos base de alimentar e reproduzir, no jacaré não estão activos.
5 - Portanto, não sei se o cartesiano pensa-logo-existe é aplicável mas o existe-logo-pensa tem utilidade.
Na verdade, se ele está (existe) no cimo da rede logo decidiu subir, logo pensa utilizando informações do contexto sem ser por decisão cega-automática instintiva.
Na verdade, se ele está (existe) no cimo da rede logo decidiu subir, logo pensa utilizando informações do contexto sem ser por decisão cega-automática instintiva.
6 - Em resumo, o jacaré no topo da vedação existe logo pensa... mas pensa o quê?
7 - Considerando o paradigma existencialista(?!) de "o homem e sua circunstância" pode dizer-se que "o jacaré e sua circunstância" é um pensar do tipo abstracto e não concreto.
Ou seja, não se foca em resultados a obter, tipo comida, luta, fuga, etc, mas em ideias, princípios, sonhos... tipo sair daqui, ir para acolá, etc, energizados por "feelings" (estados emotivos) de não quero estar aqui.
Ou seja, não se foca em resultados a obter, tipo comida, luta, fuga, etc, mas em ideias, princípios, sonhos... tipo sair daqui, ir para acolá, etc, energizados por "feelings" (estados emotivos) de não quero estar aqui.
Por analogia, é como se, para o jacaré, esta prisão de rede fosse uma espécie de muro de Berlim ou obrigações da disciplina partidária,.
Pessoalmente,
quando vi a fotografia de Frans de Waal fiquei contente pois sair-de-caixas instintivas ou culturais sempre me alegrou.
A curiosidade e a imaginação são o sal da vida e penso que são inevitáveis e imprescindíveis apesar dos comentários negativos que andam por aí sobre a Eva, a maçã e a sua curiosidade(*).
(*) PS - E também inveja por não ser o homem a dar a trincadela na maçã e aprender o que a Eva aprendeu.
Todavia sentia que algo estava errado, faltava o resto da história e isso provocava-me insónias positivas(*).
(*) - Quando não durmo, o sono foge e fico a pensar e escrever no sossego. Depois durmo quando me apetece como fazem cães e gatos (espertalhões).
Em termos lógicos, o resto da história parece ser o coitado do jacaré ter desistido de dobrar o corpo para passar para o outro lado e abandonado o sonho. Como consequência apoiou-se na cauda ainda no chão, escorregou para baixo e regressou ao inicio, à prisão.
Resta-lhe agora, dentro da prisão, olhar triste pelos buracos da rede... e sonhar com o andar em liberdade.
Resta-lhe agora, dentro da prisão, olhar triste pelos buracos da rede... e sonhar com o andar em liberdade.
PS - Afinal às vezes, lágrimas de crocodilo (Otelo, Shakespear) são verdadeiras!!!