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segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

I- Democracia em simpléssshhh: o começo







Aproveitando a teoria da comunicação de Paul Naran (1964) é possível com os seus três modelos clássicos de comunicação pensar prospectivamente o futuro da Democracia e ficar com um sorriso de esperança... há luz no fim do túnel:


De um modo simpléssshhh, uma história poderá servir de linha condutora. Assim,  "ERA UMA VEZ há muitos anos...".

...um pai e dois filhos.
- Zé...  Manel, ... NÃO FAÇAM ISSO!!!!, disse o pai.
Eles não ligaram e continuaram.
Não fazem o que EU quero... já não há ordem,!!!, concluiu o pai.

Esta conclusão tornou-se um paradigma. Disseminou-se, instalou-se e tornou-se lei: "A ordem é quando fazem o que eu quero". Assim surge o mandante e um montão de obedientes, os dois juntos inventam o CHEFE.
O almoço do chefe
A teoria base foi simples, tudo se baseia em mandar-obedecer. Com esta dupla nasce a civilização característica da espécie humana:

 "EU MANDO e garanto a ordem, pois sacrifico-me a tomar decisões de onde-e-como-gastar-recursos.
VOCÊS OBEDECEM, ficam com ordem são felizes a trabalhar para criar recursos.   

Com este projecto político nasce a sociedade tribal centralizada. Com uma hierarquia de dois ou três níveis apoia-se em relações face-a-face tipo "um-a-um" e o chefe vive calmo e discreto no meio da teia.


Assim se passam milhares de anos, mas a evolução não pára. Inventa-se a estrutura hierárquica piramidal com o chefe isolado no topo, fora da teia, semi-deus distante, sustentado pelos obedientes.


O bom resultado desta política "EU mando, TU obedeces", além de criar ordem e progresso cria também o caos da "sobrecarga". Tem que dar ordens a todos, ficando a ser uma espécie de artista de "sete ofícios", o estilo "sabe tudo".

É trabalhoso, arriscado e detonador de "asneiras". O [... se não sou eu, nada funciona...] do centralismo hiper-centralizado tem limites. O DES-obedecer instala-se e a DES-ordem é a regra.

Torna-se urgente encontrar uma solução. Não foi dificil porque era óbvio, foi criar sub-mandantes para controlar obedientes. Emerge um montão de chefinhos (as vozes do chefe) que, obedecendo, fazem obedecer. 
Nasce o método do  ORGANOGRAMA, o sacrossanto da democracia usado até hoje.

Este milagre da descentralização ou, mais correctamente, da centralização descentralizada é uma espécie de teia de aranha com o aranhão no topo e salpicada por aranhiços com rédeas sobre os obedientes. Em esquema:
Centralized and Decentralized
Nesta estrutura piramidal aparece uma fronteira em que de um lado estão os mandantes e do outro os obedientes.
No inicio estas regiões estavam em "paz". Porém depois, se bem que do lado dos obedientes se jazia "em paz", do lado dos mandantes (os chefinhos) a guerra começou. A descentralização começou a "chatear" a centralização.

O "vírus" foi os chefinhos dependentes quererem ser chefes autónomos. Surgiramm guerras, golpes de Estado, cisões, traições, conspirações, revoluções e outras criatividades políticas.

A História relata várias soluções para essas guerras, mas duas são dominantes. Com vários formatos por mutações, associações ou integrações com outras, elas possibilitaram aos chefinhos tornarem-se chefes ou até chefes máximos.

Uma solução foi a cisão, chamada INDEPENDÊNCIA. Cada chefe ficou chefe máximo e autónomo no seu lado. Esta independência pode ser do tipo repetição (repete o modelo) ou mutação (muda o modelo).
Exemplo de independência por repetição em que se sai da monarquia para ficar monarquia:

Portugal, D.Afonso Henriques, 1128
Exemplo de independência por mutação em que se sai da monarquia para ficar república:

Peru, Gen. San Martin, 1821
Outra solução foi a união. Chama-se REPUBLICA. Tira-se o chefe máximo e os chefinhos unem-se e passam a ser chefes iguais entre si. Porém, de forma rotativa e cíclica, há um que apesar de igual é mais diferente e vai ocupar o lugar de chefe máximo.

Nesse lugar temporário, poderá ser chamado Presidente, Secretário-Geral, Líder Supremo, etc. consoante o formato adoptado. Por exemplo em Portugal:
(PS- É interessante o símbolo adoptado na época (uma mulher quase nua), não conheço explicações sócio-analíticas para a escolha, principalmente referente ao tamanho e posição do "quase" e ao barrete na cabeça)


1910
O modelo República pode ter vários formatos mas o mais vulgar é a associação com a Democracia. A Democracia com sua origem na Antiguidade grega é um sistema com muitas variáveis, vários sub-modelos e múltiplas lógicas possíveis.

Como exemplo, pode partilhar (ou não) poderes com Assembleias, Senados, Câmaras, Comités, Comissões, Federações, etc, ter votações em círculos fechados, semi-fechados ou abertos, eleições directas, indirectas, parciais ou ainda sistemas mistos, etc.
A sua criatividade é grande e o seu menu contém muitas hipóteses de escolha para candidatos a formar partidos.

Actualmente é um best seller e o curioso é que, apesar de ter vários conteúdos diferentes, desde ditadores democráticos até democratas ditadores (disciplina partidária??) passando por votações sem votações, votações às cegas, etc, tudo se vende e compra como Democracia:
1 Jan 2018
Em resumo
apesar das muitas diversidades e variações, o modelo bruto da democracia é o mesmo desde há muito tempo, apenas ligeiramente alterado na área dos mandantes agora chamados eleitos e dos obedientes agora chamados eleitores:

centralização descentralizada
A democracia tem dois eixos principais em tornos dos quais variam os seus sub-modelos:
A - Como se faz a rotação dos chefes para o lugar de chefe máximo;
B - Como se faz a votação para chefes e chefinhos.

vide


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