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sexta-feira, 2 de maio de 2014

Apaixonados ou não ???…É uma questão simples!


Na minha primeira visita ao Japão, recém saído da adolescência, fui ver um espectáculo do teatro Kabuki… que me fez muita confusão.

Algum tempo antes, tinha feito um curso sobre cinema orientado pelo Luís de Pina e encantado com o neo-realismo italiano tinha-me habituado às "explosões" faciais emotivas da representação ocidental, bem expressas nos zoom's cinematográficos.
Assim, ver representar emoções através de máscaras paradas não me parecia representar nada, a não ser um simples passear de rostos "vazios" circulando no palco.

Simplesmente a beleza da coreografia, a dança e o canto agarraram-me a imaginação e levaram-na para sitios desconhecidos, fiquei maravilhado com a aventura apesar do desconhecimento da língua e do contexto cultural me fazer sentir uma espécie de peixe a afogar-se fora de água.

Mas o problema da máscara a tapar expressão de emoções ficou-me em standby durante vários anos...

o outro é sempre um desconhecido
por detrás de uma máscara.

… até perceber que, na vida, a única realidade é ter sempre o outro com "máscaras tipo Kabuki", nunca podendo ver emoções mas só "sinais de emoções" escritos numa "máscara facial" de pele, nervos e músculos.
A sinceridade das emoções é só em função de acreditar, ou não, na "escrita" expressa no rosto.



O mundo inteiro é um palco,
todos os homens e todas as mulheres são apenas actores.
Shakespeare


in: NewYork Post e The Independent
de 28 Abril 2014
O actor milionário Richard Gere, quando numa filmagem nas ruas de NewYork representava um pobre vagabundo, foi tão convincente que recebeu o resto de uma pizza  fria dada, como esmola, por uma transeunte que passava, não o reconheceu e por caridade o ajudou.

A sua "máscara", tão bem representada na sua mentira, foi uma verdade tão grande que alguém se convenceu e o ajudou.

[…viver em sociedade é apenas nunca parar de emitir, para outros, sinais da máscara que usa…], o facto de o fazer sem disso ter consciência não anula o facto disso ser uma representação.
Culturalmente chama-se comunicar.

No caso de Richard Gere, a mentira bem contada provocou a verdade da amizade. Uma representação pode ser muito boa na MENTIRA das emoções expostas ou pode ser muito má na VERDADE das emoções sentidas, mas na realidade nunca se sabe qual das duas alternativas é a verdadeira… às vezes nem o próprio sabe as percentagens dos dois aspectos.

Viver com o outro é sempre semelhante a apostar  num jogo de poker, com a diferença que no jogo de poker no fim sabe-se a verdade, enquanto que na vida nunca se sabe o que acontece. Realmente apenas […se assume que…] pelo que viver com outro é sempre, e SÓ, um problema de Fé… ou se acredita ou não se acredita.



A beleza de um Pôr-de-Sol não está no Pôr-de-Sol, está em quem o observa e é por ele "agarrado": se não houver observador não há emoção de beleza.

No sentido religioso o Pôr-de-Sol não prova a existência de Deus, se existe algo susceptível de ser prova só poderá ser a emoção de beleza provocada no observador, o que traz uma questão interessante.


Ou seja, para encontrar Deus, o ser humano deveria pesquisar o seu interior e não o exterior, isto é, talvez os intermediários que impõem caminhos só atrapalhem.
Esta posição faz parte de muitas religiosidades de culturas primitivas tribais como, por exemplo, o ritual de "Vision Quest" das tribos nativas da América do Norte.

Tradicionalmente esta "Vision Quest" é feita no fim da puberdade e as suas formas (locais, tempo, métodos, etc) variam com as culturas, mas na prática é um contacto solitário com a natureza de 1 a 4 dias, procurando […sentir o seu próprio ritmo e a sua sintonia com o ritmo envolvente…].
É a procura do seu papel como membro adulto da tribo, da sua visão da própria vida, do seu próprio sentir no momento e das transformações desejadas… e procurar encontrar o "Espírito do Mundo".

É um pouco semelhante a apaixonar-se, pois o resultado não é um "pensar diferente" mas sim um "sentir diferente".
Não é uma pesquisa racional e lógica é uma pesquisa emocional e intuitiva, [...não é um conhecer pelo cérebro, é um conhecer pela pele...], ou como dizem os shamans: é esta a via DE ser humano (to be human being).

[…estar apaixonado é apenas sentir-se diferente e com isso tudo estar diferente…], não é um conhecimento adquirido, nem um curso feito com êxito, e muito menos uma obediência a padrões e rituais, é simplesmente uma emoção sentida e como tal sempre desconhecida de todos excepto por inferências inverificáveis de expressões expressas… [...estar apaixonado é o prazer de comungar com um eterno desconhecido e ter Fé nisso...].

O processo é semelhante a uma OBRA DE ARTE:

A "obra de Arte" nasce nas emoções do artista, com as quais ele cria sinais utilizando materiais exteriores, esses sinais são recebidos por um observador e nele vão detonar emoções. O circuito completa-se:



De qualquer modo NUNCA nenhum deles conhecerá as emoções do outro, apenas interpretará os sinais dele recebidos, isto é, apenas os originados nos significados pessoais de sua responsabilidade que ele decidir enviar.

Por exemplo, no esquema acima:

- "Qual o quadro que comprava ?????…o sinal emitido estilo Picasso ou estilo PlayBoy???"

- " Qual lhe provoca mais emoções de agrado ????" …isto é,

- "Qual lhe "abre" mais significados agradáveis ????"

Pois é, a sua resposta (escolha) depende de sincronismos de códigos, isto é, da dança entre os códigos que condicionaram a construção dos sinais e os códigos que condicionaram a significação dos sinais

Por outras palavras, a resposta dada não se refere só ao quadros, refere-se também ao observador, pois traz consigo uma "fotografia" pessoal dos seus referenciais de (e para) emoções… isto é, "aquilo" que impulsionou/construiu a resposta, ...factores pessoais, psicológicos, culturais, sociais.

A relação com o OUTRO tem um processo semelhante:



ou seja, NUNCA se sabe o que se passa por detrás das máscaras, as máscaras são o único aspecto visível.

Mas, 


talvez amizade, amor, raiva,…estejam aquém e além das máscaras,… talvez […pondo a cabeça lá fora…] seja possível ver noutra perspectiva:


isto é,

…olhar doutro modo e 
ver o mundo diferente...
in "A Alquimia"




Estar apaixonado talvez seja apenas um problema da Física Clássica.

Tudo começou em 1602 com Galileu e a sua descoberta da ressonância em movimentos pendulares.

A questão é simples:

Dois pêndulos com o suporte do mesmo comprimento têm a mesma frequência natural (aquela em que "gostam" de oscilar) pelo que se "excitam" mutuamente, transferindo energia:

Caso de "A" e "C"
Porém se o sistema influenciador estiver fora da frequência natural do sistema influenciado as energias não entram em ressonância pelo que a amplitude de oscilação do sistema influenciado não aumenta.
Neste caso o sistema altera pouco a sua amplitude e mantém ou reduz a oscilação, fazendo pouca diferença entre o mínimo e o máximo. 

Por exemplo:


A frequência da energia fornecida pela mão tem uma frequência que se afasta da frequência natural do sistema. É o que acontece, por exemplo, quando se anda de baloiço fazendo "contra-balanços".


Porém, se se entrar em ressonância o sistema influenciado alargará a sua amplitude, aumentando o intervalo entre o mínimo e o máximo devido à ressonância da sua energia com a da mão e no caso do baloiço vai-lhe permitir atingir a altura máxima.




Regressando aos apaixonados,


Talvez o que acontece com os "Romeu's e Julieta's" seja um problema de frequências quando, à revelia do "método de leitura de máscaras" (que é um "beco sem saída"), fazem um curto-circuito (shortcut, atalho) e criam ressonância em suas frequências naturais.

Realmente,

Cheirar uma flor…
Tocar numa árvore…
Olhar um pôr-de-sol….
Provar uma fruta…

…na prática são sinais eléctricos transmitidos pelos sentidos ao córtex que em consequência constrói significados produzindo energia (emoções).

Todavia, se por outra "porta sensorial" (...sem disso ter consciência...) for possível detectar as frequências dos outros, […somos sistemas energéticos emitindo frequências à nossa volta…], existem condições para se criar ressonâncias.

Com a ressonância criada fica-se cheio de energia, vibra-se por todo o lado, contaminam-se outras frequências sintónicas, difunde-se energia sob a forma de emoções alegres e fica-se em condições energéticas  internas de se reproduzir e originar um novo ser… a espécie vai continuar.
Culturalmente a este estado chama-se "estar apaixonado".

Se isso não acontece, isto é, se há apenas "contra-ressonâncias" ao estilo de "contra-balanço" nos baloiços,  culturalmente chama-se "estar não apaixonado".

Talvez seja um processo semelhante que leva os cães e outros animais a rosnarem a umas pessoas e fazerem festas a outras mesmo antes de se aproximarem delas, simplesmente porque as suas frequências criam ou não criam ressonâncias com as deles.

Em resumo,

Apaixonar-se... é tão difícil ou tão fácil como andar de baloiço… só é preciso estar em ressonância.

Des-apaixonar-se... é tão difícil ou tão fácil como andar de baloiço… só é preciso ter saído da ressonância.

Quando o divórcio ameaça, a solução de falar e construir opiniões consensuais é como querer curar uma doença com rezas à lua… entretém e dá prazer mas não resolve…

… a solução é adquirir outra vez a ressonância que desapareceu, para isso é preciso, primeiro, reformular as frequências pessoais…ou na gíria […não assoprar fora do ritmo…].
(ver o video explicativo)



PS - Na "VisionQuest" e processos tribais semelhantes procura-se aprender a sentir os ritmos que nos rodeiam e nunca os "romper" ou "mutilar".


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