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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Pedido de demissão, OK ou não-OK?

Vi hoje uma notícia que me incomodou bastante por 2 razões, uma pelo que aconteceu, outra pela "bagunça" moral e ética de sociedades com suas reacções no respeitante à dignidade do Pedido de Demissão em casos de irresponsabilidade e/ou arresponsabilidade,

(Realçado nosso)
também habituais em Portugal, 
(exemplo, caso Desastre Entre-Rios)


O problema é simples,
ou
A - não tem culpas de irresponsabilidade no processo e o pedido de demissão não é aceite e continua em funções para resolver as consequências do acontecido;

ou 
B - têm culpas de irresponsabilidade no processo e o pedido de demissão não é aceite, para em seguida ser demitido.

O Pedido de Demissão é uma acção de dignidade pessoal por assumir uma posição pessoal e/ou profissional ANTES DA BRONCA e não para ser uma fuga a essa "bronca", um escamoteamento ou uma "graciosidade" (saída pela tangente) a problemas de responsabilidade... e quem aceita está a fazer o mesmo "jogo".

A cultura militar na História é muito clara, pois um Comandante ou um General irresponsável não pede a demissão é demitido; pedir a demissão é uma honra que não lhe é permitida.

Aliás o ministro Jorge Coelho é claro quando diz que "a culpa não pode morrer solteira". Se é culpado não tem direito a Pedir-a-Demissão e se pede não deve ser consentida para poder ser demitido. Se não é culpado "ficar bem com sua consciência" significa ficar a resolver as consequências do que aconteceu, não significa abandonar a situação de desgraça... e deixar que outros fiquem a tratar das "emendas".

Ou seja, trata-se de:

Pedido de Demissão ser uma posição pessoal ou uma fuga pessoal ?
Ser um estilo de "Estou aqui !" ou de "Adeus até ao meu regresso!" ?

As sociedades que baralham Princípios, confundem ilegitimidades com estratégias e espertezas, subornos com negócios, políticas com legalidades, devassidão com democracia, justiça com burocracia, exploração com rentabilidade, miséria com austeridade, sacrifício com degradação, evolução com destruição, ... mudaram de nome, já não são uma sociedade... são apenas uma SUCIADADE.





sábado, 16 de agosto de 2014

Pensar com "areias movediças"

é a palavra que arrasta
as "areias movediças"






No Café duas mães conversam, uma lamenta-se do casamento da filha:

- "A Luísa e o marido andam zangados e descobri que a causa é porque ...@?@##@?@... portanto decidi que ...@?@##@?@..."


É assim que tudo começa... pois aquilo que vulgarmente se considera uma análise causa-consequência é na realidade uma análise consequência-causa e elas são diferentes.

Quando uma análise consequência-causa é considerada como causa-consequência fomenta um portanto que origina "naturalmente" uma "bagunça lógica" e faz mergulhar os raciocínios nas "areias movediças" do pensar confuso.
Para o evitar é preciso impedir duas armadilhas:

1ª - confundir análise "causa-consequência" e "consequência-causa";
2ª - confundir lógica linear e lógica em rede;


Qualquer desses métodos podem ser utilizados em análises prospectivas do que irá acontecer, isto é, o futuro, ou retrospectivas do que já aconteceu, isto é, o passado.
Consoante o que se pretende, alteram-se métodos e variáveis, pelo que uma síntese muito concentrada se pode resumir como:

A) Causa --> Consequência

Neste método o ponto de partida é sempre a causa e tem a consequência como ponto de chegada. Faz parte do método a análise do processo de transformações que une os dois.
Podem suceder 4 hipóteses que são:


Como se repara as 3 alternativas A, B, C têm todas a consequência como a incógnita a clarificar (saber o que não se conhece) sendo este o objectivo do método.
A alternativa D é uma situação híbrida comum a este tipo de análise e ao seguinte, pois é uma pesquisa do "como acontece" e não de "o que acontece".

Exemplo:

- O João amealhou dinheiro, portanto comprou o carro..!!!

A causa "amealhou dinheiro" levou à consequência "comprou o carro".


B) Consequência --> Causa

Ao contrário do anterior, neste caso o ponto de partida é consequência e tem a causa como a incógnita a clarificar (saber o que não se conhece), sendo este o ponto de chegada, o objectivo do método. Do mesmo modo, a análise do processo de transformações que une os dois faz parte do método.
Também podem suceder 4 hipóteses (inversas das anteriores) que são:


As conclusões são semelhantes, pois as 3 alternativas E, F, G têm todas a causa como incógnita. A alternativa H corresponde à alternativa D anterior, mas desenvolve-se em sentido contrário. Os dois métodos podem funcionar como avaliação crítica  e confirmante um do outro.

No exemplo anterior do "casamento da Luísa", a mãe conhecia bem a consequência e procurava a causa, estando portanto a viver a alternativa E, F, ou G, ou seja,  fazendo uma análise consequência-causa.
Na vida quotidiana (social, familiar e até profissional) esta é a situação mais comum, muitas vezes sem se usar metodologias apropriadas.

Em complemento desta falta metodológica,

existe um vírus mental que sobrevive clandestino nos processos mentais e se entretém a corroer o raciocínio.

Este vírus cola a verdade de conhecer que a "causa A origina a consequência B" à certeza de considerar como verdade que a "consequência B é originada na causa A", o que não é necessariamente verdade, por ex.:

se o fogo causou fumo...então...
se há fumo a causa é fogo!

(ex, fumo de água oxigenada com permanganato de potássio não tem fogo)

As conclusões verdadeiras das análises "causa-consequência" não são inerentemente verdadeiras nas análises "consequência-causa".

Retornando ao exemplo anterior da verdade "causa --> consequência":

- O João amealhou dinheiro, portanto comprou o carro..!!! 

não permite concluir como verdadeira a "consequência --> causa":

O João comprou o carro, portanto amealhou dinheiro...!!!

Como é evidente, existem outras alternativas que podem ser a causa de comprar o carro, desde ter uma herança até ter casado com mulher rica ou ganhar o euromilhões.

A conclusão resumo é que uma verdade "causa-consequência" não origina, por inerência, que a sua inversão "consequência-causa" seja verdadeira todavia, normalmente, esta inerência é feita ao pensar "racionalmente" com este vírus "a ajudar", por ex.:

[... sendo verdade de que quando chove o chão está molhado, 
não é verdade que, com chão molhado, tenha chovido...
...apenas existe um TALVEZ tenha!]

é a palavra que fixa
as "areias movediças"






Na lógica linear primária os talvez's são praticamente inexistentes. Se "A" conduz a "B" então "B" conduz a "A", ou seja, a inversão da "causa-consequência" coincide com a "consequência-causa", ou em esquema:
... prego espetado segura-se à madeira, 
madeira segura-se ao prego espetado...

Porém mesmo em lógicas lineares, elas podem ter alternativas (os talvez's) pois a conexão "A" para "B" pode não ser equivalente à conexão "B" para "A", em esquema:

...se mulher bonita causa vestido bonito, 
vestido bonito causa, ou não (talvez), mulher bonita...

Como exemplo, a colagem desta causa-consequência à sua consequência-causa funciona como "truque" para motivações em passagem de modelos:
- "Ela estava tão bonita....!!!!"
 ...portanto... 
- "Eu também vou ficar...!!!".

Porém a vida real não vive com esta simplicidade, as lógicas não são lineares pois os talvez's invadem as situações:



[... um bater de asas em Tóquio
pode ser causa de 
um tornado no Texas...]

Efeito borboleta, Teoria do caos.




Na verdade na vida tudo é mais complexo que um mero processo linear, a mesma consequência pode ser originada por causas diferentes e várias causas integradas podem originar uma consequência, além de que vários factores externos podem, de modo variável, influenciar estas causas:


Do mesmo modo, também a mesma causa pode originar consequências diferentes, dependendo das "causas da causa" e de factores que a influenciam: 



A habitual análise causa-consequência pode ter complexidades "escondidas" pelo que o uso da decisão automática ...portanto... sem considerar os "talvez's" pode ter  resultados inconsequentes.

Isto não significa fugir a análises e muito menos fugir a decisões, significa apenas fugir a não considerar os muitos "talvez's" envolvidos:


Na vida real as situações são um fluir de causas e consequências numa rede de interacções que se podem pesquisar para saber para onde vão e por onde [...análise "causa-consequência"...] ou donde vêm e por onde [...análise "consequência-causa"...] através de um emaranhado de evidências e inferências.

Esta dupla, evidências entrelaçadas com inferências, está sujeita a opções lógicas, umas conscientes outras subconscientes como por ex. o uso de certos paradigmas.

O resultado destes três factores aparece nos "talvez's", obrigando a uma sua cuidadosa avaliação para evitar as "areias movediças" do pensar onde acontecem tantos afogamentos... é preciso treinar a caça aos "talvez's".


O prazer de jogar o "Kakuro" (um jogo de "talvez's" com números) é o prazer desta caçada, pois nele, quanto mais difícil é, maior é a "bagunça dos talvez's".
Considerando que só há um resultado, o progresso aumenta a eficácia do "desbagunçar" o emaranhado com a alegria de, por fim, conseguir no nível difícil passar de 2 horas para 10 minutos.

Muitas vezes, sem o parecer, a bagunça tem lógica, é só preciso pesquisá-la caminhando pelos TALVEZ's e separando o "trigo do joio":




segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Teste Experiencial Q.I.(inteligência) para autoteste e comparação_VERS2


Na vida só se chega depois de partir,
no pensar só se parte depois de chegar.

... se não sei para onde vou, 
nunca tenho destino, 
nunca posso dizer que cheguei...

Uma pedra não chega, apenas cai.
Budismo Zen

Ser racional [...diferente de ser intuitivo...] é um processo simples, é só usar o que já está em arquivo. Ninguém aplica lógicas a dados que não tem, o jogo é manipular o que está no arquivo pessoal e, com esse material, construir e/ou encontrar outros dados e assim construir informação.

O valor do que se encontra depende donde se partiu e como isso foi utilizado, quem usa dados quer bons quer maus mas usa-os MAL só  pensa "asneiras".  Mas quem usa BEM com qualquer deles obtém algo de valor quer afirmando, negando ou transformando. O segredo está em como se usa, não no que se possui.

Este uso pode ser feito de dois modos diferentes, por "intenções internas"ou por "intenções externas".

Uma história:

Comprou um DVD e à noiteem casa e sozinho, vê o filme.
A história emotivamente angustiante fá-lo sofrer mas, ao mesmo tempo, prende-o e vicia-o no seu desenrolar com um misto de vítima e cúmplice dessa tortura e a que não consegue fugir... e assim vive cerca de 2 horas.
Tentou relaxar, pensar que é um filme, criar outras perspectivas, fazer outras interpretações, comentar em voz alta, desfazer empatias, criar sintonias, ... tudo em vão, está apanhado, viciado na história.
Não há "auto-psicanálise" que resolva!!... o filme acaba e está feito num "trapo velho encharcado" derramado no sofá.

É assim que se sofrem problemas na vida, política, emprego, amigos, família, etc, num processo de pensar "dentro do dentro" (inside in) ou tecnicamente com "intenções internas", procurando influenciar as situações mas fechados dentro delas, de dentro para dentro.

Para sair deste circulo vicioso é preciso pensar "de fora dele para dentro dele", ou seja, [...tornar-se observador de toda a situação, incluindo-se a si próprio nela...], numa técnica de "intenções externas", pensando "fora do dentro" (outside in).

A primeira acção a fazer é pensar "onde se quer chegar", ou seja, [...qual é o meu objectivo...] e depois partindo deste ponto de chegada [...definir um caminho que vá até ao ponto de partida...] e com base nesse caminho seleccionar os [...recursos úteis possíveis e utilizá-los logicamente...].
Pensar é um processo inverso da execução, o ponto de partida e o ponto de chegada estão trocados.

Na "intenção externa" procura-se influenciar a situação de fora das suas fronteiras para dentro da sua dinâmica, posicionando-se como um observador exterior de si próprio e fazendo parte da situação ou, na gíria, "puxando a cadeira atrás mas deixando-se lá ficar", uma espécie de OBE (Out-of-Body-Experience) mental sem nada de parapsíquico, apenas uma técnica de visualização que é, apenas, "ficar atrás dos olhos".

Regressando à história mas agora com "intenções externas".

O 1º passo é definir o que se quer. No caso, por exemplo, duas alternativas poderão acontecer:

Alternativa A

Objectivo: sair da tortura do filme.

Solução: Sair da situação filme, ver-se como um espectador fora dele e actuar tirando o DVD e colocando outro!

Alternativa B

Objectivo: sair da tortura do filme mas ver o filme

Solução: Continuar na situação filme (vivendo-o), mas também sendo espectador fora dele e controlar a velocidade da projecção, de mais rápida a média ou normal!

Na primeira alternativa muda de conexão, na segunda fica com dupla conexão (double bind).
Neste segundo caso, apesar de continuar dentro da situação, o indivíduo adquire um papel duplo de participante e de observador externo, possibilitando influenciar a situação com intenções externas, no exemplo, não alterando as emissões no seu conteúdo mas controlando a sua recepção. Esta é a técnica usada, por exemplo, pela censura democrática e/ou ditatorial nos massmédia.

Esta técnica dá muito resultado quando em situações de "recepção" de autoritarismo se decide  acrescentar o "double bind" de observadores do autoritário que continuará "feliz" com suas momices.

Existem várias possíveis soluções de "saídas pela tangente", mas uma das mais propostas e usadas é observar e listar detalhes das momices autoritárias para imitar em palhaçadas de representação com amigos. 

PS - Em situações militares, como normalmente o autoritário, por formatação cultural, está egocentrado na sua própria autoridade (perception blindness) este processo é fácil e eficaz de ser gerido, influenciando exageros ridículos inócuos com satisfações terapêuticas para o autoritário.
Segundo alguns autores é a técnica de [...usar birras para adormecer o bebé...]tudo depende do nível de "perception blindness" do autoritário e das condições do contexto. 
Quando se consegue este "double bind" de "intenção externa" a situação não só é divertida como é também rentável.

É de salientar que indivíduos sujeitos a manipulação negativa (autoritarismo, repressão psicológica, violência doméstica ou política, etc) normalmente lutam, quase sempre, com modelos de "intenções internas" para evolução da situação, criando ciclos repetitivos (aditismo?) de aceitação-->luta-->derrota-->aceitação, e poucos usam modelos de "intenções externas" para mutação da situação.

Em resumo, a coluna vertebral do ciclo de pensar é:

1º - o que quero?
2º - como faço?
3º - o que preciso?

O nível de Q.I. pode avaliar-se pela eficiência e eficácia de cada fase, do equilíbrio do conjunto e pelo reduzido número (zero?) de tentativas falhadas e emendadas, ou seja, pensa-se muitas vezes mas só se faz uma vez.
Numa palavra, a prova crítica é "...pensou com simulações mentais mas, quando decidiu, fez bem à primeira!"



Teste Q.I.

A pessoa (criança ou adulto) é colocada perante uma situação com objectos, tendo que diagnosticar o que são, para que servem, como se usam e com eles, só com eles e sem os alterar-danificar, realizar o projecto, só tendo uma alternativa de execução.

O projecto é tirar o chocolate que está na caixa "B".

Esquema dos objectos:


No teste, nada é dito ou explicado. Todos os significados e conclusões têm que ser obtidos por observação directa do real e, depois, com esses dados criar informação, construir um fluir de acções que possibilite a obtenção do chocolate.
Na prática esta é a essência da inteligência, ou seja, optar por decisões e elaborar uma estratégia.


Como experiência, veja quantos segundos/minutos leva a elaborar a estratégia e sua sequência lógica (começo...etc...e fim), depois compare com os resultados do video a seguir.

marque o tempo e
divirta-se com o resultado  

... AGORA...
Como fará???


Para esclarecimento da situação e substituindo conclusões da observação directa que não é possível, informa-se que:

1 - A caixa "B" do chocolate tem paredes de vidro transparente, é estreita (5 cm) e funda.

2 - As caixas "D" tem, cada uma, uma pedra colocada ao fundo, mas cabendo entre as grades. A sua profundidade é ligeiramente mais pequena que o pau "Z" pendurado na corda e com um nó folgado.

3 - A caixa "G", de vidro e fechada, tem uma base basculante que carregada com pesos se abrirá. Lá dentro tem um pau comprido. A sua única abertura é uma chaminé no "telhado" com um diâmetro ligeiramente maior que as pedras.


Para resolver
qual foi a dificuldade que sentiu 
numa escala de 1(min) a 10 (max)?

Pense um valor (!!!!!!) antes de ver o video