Li um artigo da Harvard Business Review (2006), "The Curse of knowledge", de Chip e Dan Heath sobre , cuja ideia é simples, "ao adquirir um conhecimento perdemos a noção do que é não o ter".
Por exemplo, sabem somar..?? Lembram-se quando "sabiam" não-saber-somar..???
E aqui começa o problema do explicar.
Explicar a "gravidade" a alguém significa dar várias "ideias-que-ele-já-conhece" para juntar às "ideias-que-não-conhece-da-gravidade", de modo a que, da integração dos dois blocos, consiga criar o conhecimento do que é a gravidade.
O "truque" da explicação é partir da situação em que o outro se encontra de conhecer muito pouco, ou nada, do que vai ouvir.
Mas quem explica tem normalmente a "Maldição do Conhecimento", ou seja, perdeu a capacidade de imaginar o que é não saber nada disso.
Por outras palavras, quem explica limita-se a diz verdades que são verdades mas que, na "cabeça de quem ouve", essas verdades não têm onde se agarrar e escorregam para o cesto do esquecimento ou da des-compreensão.
Depois ficam muito admirados por ele não ter aprendido e concluem que tem dificuldades de aprendizagem, quando na verdade o que apenas existiu foi "dificuldades de explicação", i.é., de ensinar.
Exemplo:
Uma criança citadina de 6 anos ouve esta explicação de como se plantam batatas:
Como resultado, a criança, feliz porque percebeu tudo, corre para a cozinha, agarra num pacote de batatas fritas comprado no supermercado e enterra-o no jardim.
Porém, é sobre este "não-conhecimento" que se devem inserir os conhecimentos "batatas" e depois "plantar-batatas".
Uma criança citadina de 6 anos ouve esta explicação de como se plantam batatas:
- "Agarra-se as batatas, enterra-se bem e rega-se,"...
Quem explicou apesar dizer verdades, esqueceu-se de se lembrar do que é "não-saber-o-que-é-uma-batata".
Como resultado, a criança, feliz porque percebeu tudo, corre para a cozinha, agarra num pacote de batatas fritas comprado no supermercado e enterra-o no jardim.
O seu conhecimento prévio de "batatas" originou uma conclusão óbvia: enterrar o pacote de batatas fritas.
Quem explicou "plantar-batatas" ignorou já existir um conhecimento de "não-saber-o-que-é-uma-batata".
Porém, é sobre este "não-conhecimento" que se devem inserir os conhecimentos "batatas" e depois "plantar-batatas".
É esta a "Maldição do Conhecimento"… que faz esquecer ser mais importante o processo mental de adquirir conhecimento do que o seu curto-circuito e a pura implantação do seu resultado…é assim que se fazem zombies.
O processo mental de adquirir conhecimento
Sabem andar..?? Lembram-se de como é não-saber-andar..???
Quando tinham 1 ano como faziam para obter esse conhecimento ?
Era simples….era ter uma "feroz" concentração nos detalhes "desprezáveis".
Ao ficarmos adultos deixamos de ver detalhes só vemos conjuntos, i.é., olhamos mas não vemos …
Por ex., a copa de uma árvore é verde ???
É verdade quando se olha, mas não é verdade quando se vê.
Ver bem significa encontrar muitos verdes, pois a copa está cheia de matizes dessa cor, mais claros, mais escuros, mais baços, mais brilhantes, mais amarelos, mais escuros, etc… para isso é preciso ver os detalhes "desprezáveis".
Quando de um momento para o outro, se tem um AVC e se fica paralisado do lado esquerdo, isso significa ter que voltar à infância, pois muitos conhecimentos desaparecem.
Só com uma mão…não se sabe atar os atacadores e obriga a comprar sapatos com velcro, não se sabe dar um nó no cinto do roupão, não se sabe pôr pasta de dentes na escova e, no café, não se acerta com a água da garrafa no copo pois a visão tridimensional funciona mal.
Com o andar automático perdido, descer escadas é um problema que apenas se resolve com uma "feroz" concentração" em DETALHES.
De repente, tem-se consciência de ter um 1 ano de idade…mas agora sabemos o que é não-saber, mas sabemos também que é precisa uma feroz concentração nos detalhes… pois é necessário controlar o processo de aprendizagem.
A "maldição do conhecimento" deixou de existir… com a esperança de que não retorne.
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