As minhas primeiras tentativas no nível "very easy de 10x10" exigiram-me entre 1 a 2 horas.
Neste momento, depois de ultrapassar os níveis "easy" e "medium", consigo em 20 a 25 minutos resolver um nível "hard de 10x10".
Vou agora aventurar-me no último nível, "devious de 12x12", e estou a preparar-me para ao fim de 2 horas ainda não o ter resolvido.
UM KAKURO:
Porém, a par do desafio do kakuro, resolvi criar um desafio pessoal. Descobrir qual a transformação pessoal que teria possibilitado o meu progresso…e penso que descobri, pelo menos um detalhe.
Comecei por procurar o que me atrai neste jogo, a ponto de estar horas seguidas a pensar números, e qual o progresso que tive para poder jogar cada vez mais rápido. Ao mesmo tempo, procurei saber porquê e quando desistia do jogo.
A porta de entrada foi procurar o que estava sendo mais fácil e rápido. Se o descobrisse talvez conseguisse "pinçar" a ligação neural que tinha sido criada e potenciada.
A base do jogo é simples.
É uma espécie de palavras cruzadas com números.
Cada quadrado tem um algarismo de 1 a 9, em que cada um somado com os da mesma linha dão o número indicado à esquerda, e somados com os da mesma coluna darão o número indicado no topo.
O que acontece é que para cada número, em função das parcelas que a soma vai ter (i.é.,quantidade de quadrados), existem várias probabilidades para o fazer. O difícil é o encaixe das probabilidades umas com as outras, até se encontrar a única que pode ser.
No fim só há uma solução.
Ex. para o número 6 (sinais verdes na figura anterior):
O número 9 por exemplo, está condicionado por ter uma parcela (a verde) de 1, ou 2, ou 3, portanto a assinalada a encarnado só pode ser 8, ou 7, ou 6. As suas probabilidades foram reduzidas.
Em resumo,
parece a teoria quântica e o modelo social e político para o século XXI:
- Tudo está relacionado com tudo.
- Tudo depende de tudo.
- Tudo tem vários graus de probabilidades.
- Todas as probabilidades se têm que sincronizar e harmonizar entre si.
- Cada elemento vale por si e pela sua integração no conjunto.
- Cada elemento é definido pela origem e condicionado pelo contexto.
- Todos os contextos se integram entre si.
Aprender a pensar aqui é aprender a pensar na dinâmica social e política do século XXI.
A questão que se me coloca é quais são as conexões neurais que preciso potenciar.
Hoje sei que o factor critico de sucesso é raciocinar sempre em função do conjunto: nada vale em si, só vale pela relação que tem com o contexto.
Não é fácil fazê-lo, obriga a pensar não com base "posicional" mas "relacional", um pouco ao estilo japonês. Descobri que, para mim, é hoje bastante mais fácil. Abandonei a rigidez "do-que-é" e adquiri a segurança do fluir "vai-para".
Por outro lado, obriga a ter o que nas crónicas antigas chamavam o pensar de marinheiro, ou seja, estar a ver sempre ao mesmo tempo o barco, o mar e o vento... e nunca só um. Por outras palavras, obriga a ver sempre o detalhe, o global e como se relacionam.
Hoje consigo resolver um kakuro a partir de várias probabilidades pensadas em conjunto. É o que sinto ser-me mais fácil. Sem saber como, há probabilidades que "esqueço" e outras que se mantêm "vivas", é como se a memória criasse prioridades devido às relações existentes.
Quando jogava xadrez, lembro-me de um dia um bom jogador me dizer que tinha que ver sempre o tabuleiro todo e cada uma das peças. Acrescentou sorrindo…o tabuleiro passado e o futuro. Isso acontece-me agora no Kakuro.
O kakuro não são quadrados para pôr algarismos, são sequências que se integram e desintegram.
Olhar para um 7 com 3 quadrados o que vejo são conjuntos de 1, 2, 4; um 10 com 4 quadrados é pensar com 1, 2, 3, 4 e assim sucessivamente. Isto facilita-me pensar relações e não posições.
Em relação à minha motivação, a conclusão foi que ela é intensificada:
- positivamente - pela alegria que tenho quando juntando 3 ou 4 sequências consigo descobrir que, para satisfazer os quadrados comuns, eles só podem ter um determinado algarismo.
- negativamente - pela raiva que tenho quando não descubro um impasse e sei que está tudo lá, eu é que olho com os olhos e com a mente não vejo.